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    Período Patrístico III - História da Teologia Cristã


    St Agostinho e São Gregório - 1483 - Alte Pinakothek, Munich
    A Relação da teologia Cristã com a Cultura Secular

    Um dos debates mais importantes no seio da igreja primitiva dizia respeito à extensão com que os cristãos poderiam se apropriar do imenso legado cultural do mundo clássico – a poesia, a filosofia e a literatura. De que forma a ars poetica (a arte poética) poderia ser adotada e adaptada pelos autores cristãos, que ansiavam por utilizar esses padrões clássicos de escrita, para expor e comunicar sua fé? Ou o próprio uso desse meio literário significava comprometer os fundamentos da fé cristã? Esse foi um debate de imensa relevância à medida que levantou a questão sobre a possibilidade do cristianismo voltar as costas a sua herança clássica ou apropriar-se dela, mesmo que de uma forma modificada. À vista de sua importância e interesse, citaremos extensivamente alguns dos documentos mais importantes que contribuíram para esse debate.

    Uma primeira resposta a essa importante questão foi dada por Justino Mártir, autor do Século II, que apresentava uma preocupação particular em explorar os paralelos entre o cristianismo e o platonismo como forma de comunicação do evangelho. Para Justino, as sementes da sabedoria divina haviam sido semeadas por todo o mundo, o que significava que os cristãos poderiam e deveriam estar prontos para encontrar aspectos do evangelho refletidos no contexto externo à igreja.

    "Fomos ensinados que Cristo é o unigênito de Deus e temos proclamado que ele é o Logos, a quem todas as raças têm acesso. E aqueles que vivem segundo o Logos sãos cristãos mesmo que possam haver sido classificados como ateus – como Sócrates e Heráclito e outros como eles, dentre os gregos. O que quer que tenham dito, com acerto, tanto os filósofos, quanto os advogados, foi articulado por meio da descoberta e da reflexão sobre algum aspecto do Logos. Entretanto, uma vez que eles não conhecem plenamente o Logos – que é Cristo – eles normalmente contradizem a si mesmos. O que quer que tenha sido dito com precisão, por qualquer pessoa, pertence a nós, os cristãos. Pois adoramos e amamos, ao lado de Deus, o Logos que é oriundo do Deus eterno e inefável, uma vez que foi por nossa causa que ele se tornou humano, para que pudesse compartilhar de nossos sofrimentos e nos trazer cura. Contudo, todos os autores foram capazes de ver a verdade de forma nebulosa, em razão da semente do Logos que foi inserida neles".


    Para Justino, os cristãos eram, portanto, livres para se utilizar da cultura clássica, com a consciência de que o que quer que “tenha sido dito com precisão” se baseia, afinal, na sabedoria e no discernimento divinos.

    Ainda que o argumento de Justino possa ter sido importante, ele foi recebido com certa frieza por muitos setores da igreja cristã. A maior dificuldade estava no fato de que era encarado como algo que praticamente equiparava o cristianismo à cultura clássica, por haver falhado na elaboração de fundamentos adequados para se distinguir entre um e outro, aparentemente sugerindo que a teologia cristã e o platonismo eram simplesmente maneiras distintas de ver as mesmas realidades divinas. Taciano, discípulo de Justino (nascido em c. 120), era cético em relação aos méritos da retórica e da poesia clássicas, considerando ambas como algo que promovia o engano e negligenciava as questões da verdade. (para continuar lendo clique AQUI)



    Este artigo se encontra no Tópico HISTÓRIA DA HUMANIDADE, subtópico HISTÓRIA DA TEOLOGIA CRISTÃ.

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