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    A NAVALHA DE OCCAM - As Virtudes da Simplicidade



    Este é o 8º artigo anteriores desta série. Os sete primeiros são:

    01 - O Poço de Tales
    02 - Protágoras e os Porcos
    03 - Zenão e a Tartaruga
    04 - A Inquirição Socrática
    05 - A Caverna de Platão
    06 - As Metas de Aristóteles
    07 - A Lança de Lucrécio




    Diante de dois filósofos discutindo um complicado problema filosófico, um ouvinte talvez ficasse curioso em razão de tanto barulho. Poderia se perguntar por que eles não eram capazes de concordar simplesmente em que a explicação mais simples é a melhor e parar por aí. De fato, a maioria dos filósofos endossaria esse parecer. O princípio conhecido como “navalha de Occam” é assim chamado em homenagem a Guilherme de Occam (ou William of Ockham), o monge medieval que a brandiu com tanto entusiasmo. Occam foi o autor de uma sugestão famosa: as entidades não deveriam ser multiplicadas além do necessário. Uma formulação da “navalha” agradável aos cientistas atuais – para não mencionar as pessoas dotados de senso comum – seria a seguinte: quando duas teorias concorrentes podem ser ambas adequadas para explicar um dado fenômeno, deve-se preferir a mais simples.

    Occam nasceu em 1285 na Aldeia de Occam em Surrey, ou na de mesmo nome em Yorkshire, Inglaterra. Pouco se sabe sobre seus primeiros anos, mas após cursar o seminário da ordem franciscana ele iniciou um curso de teologia na Universidade de Oxford. Seus comentários controversos sobre as Sentenças de Pedro Lombardo – o manual religioso padrão da época – logo ofenderam os professores de filosofia de Oxford. Enquanto Agostinho de Hipona (354-430 d.C.) considerava os sacramentos cristãos meros sinais visíveis da graça invisível de Deus, a explicação de Lombardo os promovia a causas reais de favor divino. Occam, esposando a visão agostiniana, recusou-se a admitir que Deus precisava de intervenção de mortais para operar Sua vontade. Após ser publicamente acusado de herético, foi obrigado a deixar a universidade sem obter o grau de mestre. Completou seus estudos em Paris, onde suas idéias novamente despertaram oposição e lhe valeram uma advertência das autoridades docentes. Identificando nele um agitador, o Papa João XXII convocou Occam a Avignon , onde, na prática, prendeu o monge em um convento durante quatro anos. Mesmo ali Occam continuou a procurar controvérsia, afirmando que deveria ser permitido aos franciscanos renunciar aos bens terrenos. Em 1328, Occam fugiu para Munique com dois outros membros de sua ordem. Por esse ato de desacato, o papa João XXII decretou imediatamente sua excomunhão. Em Munique, Occam viveu sob a proteção do igualmente recalcitrante Imperador Luís IV, a quem teria supostamente proposta: “Se me defenderdes com a espada, e vos defenderei com a pena.” Enredando-se ainda mais na política eclesiástica, defendeu fervorosamente a causa do imperador em sua luta com o papado pelo poder. Antes de finalmente sucumbir em 1349 ao que era possivelmente a peste negra, Occam encontrou tempo para analisar minuciosamente os editos de João XXII e – sem dúvida com grande satisfação – declarou-o um herético e um pseudopapa. (Para continuar lendo, clique AQUI)

    Este artigo está no tópico - Textos Filosóficos

    Não deixe de ler o próximo artigo desta série a ser postado em breve: O PRÍNCIPE DE MAQUIAVEL.

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