Você tem que cultuar –
não precisa ser um culto sincero. Seja “tolerante” como nós! ( Como cristãos atuais
agiriam em Roma?)
Que nome a religião do
Estado tem hoje? O nome dela é “tolerância” como antes – do modo como Roma
exigiu que seus cidadãos mostrassem sua lealdade ao império ao adorar a
divindade de imperadores mortos e o “gênio” do imperador vivo ( “gênio” foi
vagamente definido como uma alma exterior e um anjo da guarda) – assim é.
Da mesma forma que hoje,
a obediência forçada a Roma era conhecida por sua “tolerância”. Marco Aurélio (
161-80 ), por exemplo – foi um filósofo estoico
“pacífico”, ainda assim, como Imperador ele impôs o culto ao imperador – a fim
de promover a “unidade” de Roma e daquela cultura. Aqueles que não cumpriam o
culto ao Estado, foram mortos – como Justino Mártir... ou usados como combatentes em jogos baratos de
gladiadores.
Naqueles dias, como
hoje, o sacrifício e culto da pessoa não precisava ser sincero, mas tinha que
acontecer. Você podia continuar com sua crença, ( isso era “tolerante” ), mas
tinha que cultuar publicamente como todos ( devia ser “tolerante” também ) ou
ficaria claro que você era intolerante e odiava Roma ( A humanidade – crime de
ódio ) – Você só tinha que prestar o culto. Roma não se importava muito com o
que estivesse no teu coração, contanto que você oferecesse o sacrifício,
bebesse as libações, usasse o incenso e dissesse: “César é o Senhor!” (Roma).
Da mesma forma que
hoje, os cristãos responderam a essa demanda do Estado Romano de várias
maneiras. Alguns capitularam completamente para salvar o pescoço, mas faziam
isso racionalizando, dizendo que não
era o que parecia – continuavam com sua “fé”, só não estavam sendo intolerantes,
e que a fé não tinha que ter um caráter “fundamentalista” – que era uma
demonstração de “amor’ e aceitação. Diziam que a cerimônia era apenas um teste
político e não religioso. Já que os romanos não se importavam se os cristãos adorassem
Jesus, desde que anunciassem
claramente e publicamente sua fidelidade e comprometimento com Roma. Era “apenas” isso. Nada demais.
Outros cristãos sabiam
que era errado participar da cerimônia exigida ao Estado, ao Imperador, através
dos deuses... não estavam dispostos a racionalizar como os cristãos mencionados
anteriormente – mas conheciam alguém que conhecia um cara que poderia dar a
eles o certificado oficial de que tinham participado da cerimônia sem ter
participado. Não participaram, mas todos achavam que sim... e tentavam viver
com essa racionalização.
Já outros, como
Tertuliano por exemplo, se recusaram a qualquer racionalização ou fuga. Ele
disse claramente a seus amigos romanos que se recusava completamente a
participar. É óbvio que foi visto como intolerante, fundamentalista... “a fé
estava no coração... porque não podia fazer um simples gesto de paz e
tolerância? No coração ele continuaria crendo no que achasse melhor...” –
Pensaram então que ele estava sendo teimoso por se recusar a fazer algo tão
simples como oferecer uma pitada de incenso ao seu deus, a Roma, ao
Imperador... mas ele se recusou a tirar proveito de amigos para conseguir
certificado falso, ou executar uma ação
que ele não acreditava – que ele sabia que a despeito de qualquer
racionalização, era o abandono da verdadeira fé e fidelidade a Cristo. Assim
morreram os mártires...
Tertuliano explicou: “Alguns,
de fato, acham que é uma teimosia e insanidade que, quando está em nosso poder
oferecer o sacrifico uma vez, e ir embora para casa ileso mantendo nossas
convicções apenas em nossos “corações”, nós preferirmos uma persistência
obstinada ( o que chamaríamos fundamentalista hoje ) em nossa confissão de fé,
abrindo mão de nossa segurança. Vocês dizem que podemos conseguir com vocês
então o documento apenas... Vocês nos aconselham, na verdade, a tirar vantagem
injusta de vocês por serem amigos... mas nós sabemos de onde vêm essas
sugestões – o que está no fundo de tudo isso, e como todo esforço é feito,
inicialmente pela persuasão e astúcia, e depois – com neste instante, pela
perseguição implacável – para derrubar nossa constância e firmeza em nossa fé.
Sabemos que por trás
disse está aquele espírito, ‘metade diabo e metade anjo ( se fingindo anjo de
luz com bons ‘conselhos ) – que nos odeia por causa da sua separação de Deus –
e se agita em inveja mortal pelo favor e graça que Deus tem nos mostrado –
transforma a mente dessa era contra nós... mentes que estão sob sua influência
oculta, sendo moldadas e instigadas a tudo que é perversidade ( chamando “tolerância” a intolerância ) em juízo contra
nós, e a crueldades injustas, que já mencionamos no início do nossa trabalho,
ao entrar nesta discussão” ( Apologia,
cap. 27)
Como nos dias de
Tertuliano, muitos e muitos cristãos estão trabalhando duro e empenhados para
racionalizar a participação em uma cerimônia – que mostraria que eles não eram
intolerantes para com a grande Roma, o Imperador... mas que eles o imperador e
os romanos sabiam o que significava.
Eles diziam que
participar seria o caminho do amor e aceitação... sacrificar uma vez e
pronto... valeria a pena como um gesto “cristão”.
Os romanos diziam que eles
não precisavam crer, era só um gesto de tolerância e paz. Tertuliano diz que
isso seria não só uma desonra final a Deus, Cristo... mas que seus amigos
romanos, e todos os romanos – como homens portadores da imagem de Deus,
mereciam respeito – que só seu compromisso final com Cristo poderia mostrar.
Tertuliano diz: “Quando você finge honrar algo que você de fato não honra ( só
para se livra, ser aceito...), você tira proveito das pessoas que pensam que
você foi sincero.” Você desrespeita elas como homens criados a imagem de Deus,
e acaba com a possibilidade de um verdadeiro testemunha da Verdade de Deus para
elas.
Vamos terminar esse
texto com uma pergunta. Desses três grupos de cristãos...
Aqueles que
sacrificaram ( racionalizando que mantinham fé no coração e que aquilo era um
gesto de amor, tolerância...)
Aqueles que obtiveram através
de amigos influentes os certificados de que tinham participado sem
participar...
E aqueles que se
recusaram sobre quaisquer circunstância participar do culto estatal a Roma, ao Imperador...
Qual deles são nossos
pais? Qual deles sobreviveram ao teste do tempo? Qual deles foram de fato
relevantes!
Apenas uma dica: nós
ainda estamos falando sobre Tertuliano... e outros mártires... mas daqueles
outros... dos que fingiram ser tolerantes, cheios de “amor” cristãos que podia
compreender, mostrar “aceitação” com uma cultura que tinha abandonado e sido
abandonada por Deus, o que sabemos?
De que grupo nós somos?






