Pense, apenas por um
momento, sobre o Cordeiro santo e sem mácula - Cristo. Com dor excruciante, Ele
tomou sobre o seu precioso corpo os pecados dos que por Ele foram resgatados -
passados, presentes e futuros. Tornou-se o nosso pecado, impregnado do odor vil
do orgulho, amargura, mentira, rebelião, adultério, homossexualidade... Ele se
identificou conosco a ponto do Pai não poder olhar para Ele, enquanto pagava o
preço pelos nossos pecados.
Ele terminou Sua obra.
Realizou sua missão. Morreu.
Com a cruz bem clara à
nossa frente, permita-me fazer algumas perguntas importantes:
Qual o seu sistema
principal de apoio na vida?
É a saúde?
Seu emprego?
Sua família?
Seu dinheiro?
Para o que você se
volta em uma crise?
Entra em pânico?
Come muito?
Dorme muito.
Trabalha muito?
Como você reage ao ser
tratado “injustamente”?
Deseja vingança?
Tem acessos de raiva
por trás da porta fechada?
Guarda ressentimento?
Sofre silenciosamente?
São perguntas difíceis?
Ás vezes adoecemos por causa da condição de nossos corações. Em cada funeral
tomamos consciência penosa de nossa mortalidade. Vemos claramente quão frágeis
somos. Percebemos como a tragédia pode abater-se num instante sobre nós. (Num
momento eles estavam no carro, rindo e brincando, No segundo seguinte, estavam
mortos). É fácil se tornar cínico neste mundo.
Em nossa busca por
resposta nos voltamos para a Bíblia - Nossas sobrancelhas se enrugam ao lermos
alguns versos saídos dos lábios de Jesus, imaginando porque Ele parece estar
tomando a vida ainda mais complexado que já é:
“Não penseis que vim
trazer paz à terra; não vim trazer paz, mas espada. Pois vim causar divisão entre
o homem e seu pai; entre a filha e sua mãe... ” - “Segue-me, e deixe aos mortos
o sepultar os seus próprios mortos” - “Se alguém que vir após mim, a si mesmo
se negue, tome a sua cruz e siga-me” - “Jesus disse: Só uma coisa te falta:
Vai, vende tudo o que tens, dá aos pobres... Ele, porém, contrariado...
retirou- se” - Se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica ele só”
(Mt 10.34,35; Mt 8.22; 16.24; Mc 10.21,22; Jo 12.24).
Ao lermos essas
declarações duras de Jesus, podemos lutar com várias racionalizações: é
possível que desejemos que Ele quisesse dizer algo completamente diverso às
pessoas que estavam ao seu redor. Talvez Jesus não quisesse impor exigências
tão rígidas aos seres humanos “fracos e débeis”...
Qualquer que seja nossa
reação automática, a verdade é que a mensagem tudo-ou-nada de Jesus é tão vital hoje como o era quando Ele andava
aqui.
Há cerca de dois mil
anos, Jesus foi confrontado por corações frios e indiferentes. Não leva muito
tempo para o estudioso atento das Escrituras compreender que o amável Jesus tomou tempo para ofender várias
pessoas. Em um ponto os discípulos advertiram Jesus que os fariseus ficaram
ofendidos com Seus atos e palavras (Mt 15.12).
Jesus curou no sábado e
permitiu que seus discípulos apanhassem espigas no sábado. E óbvio que isso
produziria uma reação. Até os discípulos foram, ofendidos por Ele em várias
ocasiões (Mc14.27-29).
A fim de compreender
melhor, devemos descobrir o sentido do termo “ofender" na língua grega. A interpretação
original é skandalizo - da qual vem
o vocábulo escandalizar. A palavra significa literalmente chocar alguém por
meios ultrajantes, o que por sua vez desperta o preconceito humano.
Jesus discerniu no Novo
Testamento muitas "vacas
sagradas" entre o povo de sua época. Ele então passou a esmagar
diligentemente cada “vaca sagrada”, Como é natural, esta atitude não foi
recebida com entusiasmo. O ódio por Ele cresceu a cada dia que passava. Na hora
oportuna ele seguiu para Jerusalém a fim de morrer.
Por que as multidões se
voltaram contra Aquele que se preocupou o bastante para falar a verdade? A resposta
é simples. Ele se recusou a coexistir com relacionamentos sentimentais, introduzindo a autenticidade da cruz em
cada transação.
É interessante notar
que depois de sua morte os discípulos ficaram profundamente ofendidos ou
escandalizados por causa dEle. A sua crucificação provocou medo, ira e
desilusão no coração de cada discípulo. Mas, sem a cruz, eles teriam
provavelmente passado a vida em luta com a superficialidade e o desvio
periódico. Infelizmente é assim que muitos tem vivido hoje,
Mas, graças a Deus, eles
foram confrontados e escandalizados pelo fato do Messias Jesus, o seu Messias,
ter sido crucificado em fraqueza! Antes do Calvário eles tinham apenas uma
compreensão passiva de quem era Jesus - mas após a Ressurreição as suas
convicções sobre Jesus fizeram deles soldados destemidos da cruz. Cada um dos
discípulos foi torturado e açoitado. Onze discípulos finalmente enfrentaram a
morte cruel pelo martírio, sem vacilar.
1. Pedro - crucificado de cabeça para baixo.
2. Tiago, filho de Zebedeu - pela espada.
3. João - morte natural - mas depois de
sofrer prisões e brutais torturas - inclusive com óleo fervendo.
4. André - crucificado lentamente (preso só
com cordas).
5. Tiago, filho de Alfeu - crucificado.
6. Tomé - golpe de lança.
7. Simão - crucificado.
8. Bartolomeu - crucificado.
9. Tadeu- morto por flechas.
10. Mateus - pela espada.
11. Tiago irmão de Jesus - apedrejado.
12. Filipe - crucificado.
Alguma coisa grandiosa
aconteceu! Os discípulos se transformaram completamente. A fraqueza do Calvário
tem que preceder o poder de Deus em nós, Da mesma forma que nos tempos
bíblicos, a dor parece ser uma das únicas mensagens que podemos entender
claramente. Deus faz uso dela para chamar nossa atenção.
A dor emocional causada
por circunstâncias “injustas” é difícil suportar também. Quando somos feridos,
nos tornamos irracionais e pouco razoáveis. Deus faz, porém, uso do sofrimento
físico e emocional para criar um ambiente em que sejamos finalmente forçados a
enfrentar a nossa incapacidade de continuar apoiados na força ou resistência
humana.
Deus geralmente utiliza
pessoas como instrumentos neste processo e por isso lutamos com sentimentos de
ressentimentos, raiva... os discípulos foram mortos por pessoas - devemos
sempre lembrar isso. Nos concentramos nas pessoas (em lugar de no plano de Deus
) que nos escandalizam e despertam nossos preconceitos... Ao nos concentrar na
“justiça” das nossas circunstâncias, perdemos o propósito da provação ordenada
por Deus e vagarosamente nos deixamos triturar no pó da terra com uma raiz de
amargura. Deus se utiliza de pessoas, lugares e coisas a fim de nos levar a ver
a perversidade de nossos corações.
Ao pé da cruz
aprendemos a operar com fé, sem apoio emocional. Isso nos permite entender que
Deus faz uso de pessoas, lugares e coisas como instrumentos para fazer-nos
chegar ao fim de nossos recursos próprios. O dinheiro não terá utilidade no
céu, mas na terra é um instrumento usado para nos ensinar as aventuras da
mordomia. O casamento não será realizado no céu. Mas na terra é um meio sagrado
pelo qual Deus pode nos ensinar a arte do perdão e do amor incondicional.
Corpos enfermos e paralíticos não estarão presentes na eternidade, mas neste
mundo eles podem fornecer grandes oportunidades para que as pessoas sejam pacientes,
tranquilas e confiantes. As críticas injustas não serão ouvidas no paraíso, mas
neste planeta aprendemos a enfrentá-las com honestidade, misericórdia e senso
de humor.
Em vez de permitir que
os eventos humanos nos detenham, progredimos num movimento de avanço perpétuo,
deixando que a morte na cruz nos escandalize, golpeando a raiz do egoísmo
pessoal. Nós saímos então de nosso pequeno mundo (como os discípulos finalmente
aprenderam) - e ministramos o amor da ressurreição de Cristo para os que estão prisioneiros
da auto piedade por causa de circunstâncias “injustas”. É tempo de maturidade!






