Sinto muito, ele
faleceu...
Depois disso, o que mais
pode ser dito?
O homem está morto!
Para o homem que está
morto, todo o universo está igualmente morto.
A luz brilhante,é uma
luz morta.
O pão cheiroso é um pão
morto.
O vinho inebriante é um
vinho morto.
O chão firme está
morto.
O Céu azul está morto.
O mundo lindo está
morto.
Seus olhos estão mortos
para ver.
Seu pulmões mortos para
respirar.
Sua mente pensante está
morta.
Seu coração incansável
está morto.
Por mais gostoso que
seja o ar da primavera, ou sensual o perfume de uma linda mulher, ou delicioso
um prato especial, ou suave o gosto de uma bebida, ou confortável um
travesseiro de penas em que sua cabeça morta descansa... está tudo morto para
ele, apesar de tudo ainda estar lá. Montanha, terra, céus e mar: Todo o cosmo
está morto para ele agora.
O Rei Midas pensou ter
conseguido o que todo homem sonha, o presente inigualável, mas isso acabou por
ser uma terrível maldição. Ele desejou um toque que transformasse tudo em ouro,
mas descobriu que o mundo metálico dourado que seu toque criava não passava de
uma cacofonia sem vida... cacofonia da morte. Sem sabor, sem amigos, sem ecos
das vozes... Esse é um mito do Século VIII a.C. – e como a maioria dos mitos
pagãos, traz consigo ecos da memória da verdadeira criação – Criação, queda e
redenção.
Lembra da Serpente que
tentou Eva e Adão a agarrar o que Deus
proibira? Seu pecado resultou num toque de morte que levou seu mundo com eles.
Toda a vida num mundo radiante que Deus tinha criado, repentinamente estava inoperante.
Era como se tudo que os corações mortos de Adão e Eva tocassem se
transformassem em mármore negro.
Eis o início da nossa
história humana. Um rei, uma rainha e um jardim. Mas eles foram enganados por
um Dragão, e conseguiram um poder, o poder da morte. Tudo que eles tocassem
morreria. Tomaram do fruto do conhecimento do bem e do mal, e descobriram que a
vida espiritual se esvaiu – e a possibilidade de glorificação – se tivessem
resistido... se alimentado da árvore da vida... foi totalmente tirada deles e
tudo que tocavam, como um estranho Midas, morria.
A Bíblia não conta a
história de um Deus duro no Antigo Testamento e um Deus bondoso no Novo. É o
oposto – é a história de primeiro Adão e seu toque de morte num lugar de vida,
e o Segundo Adão e seu toque de vida num lugar de morte.
A Confissão de Fé de
Westminster fala sobre a Aliança de Deus com Adão assim: “A primeira
Aliança feita com o homem, foi uma aliança de obras, em que a vida foi
prometida a Adão; e junto com ele a sua posteridade, sob a condição de perfeita
obediência pessoal” – O que a Confissão de Westminster chama de aliança de “obras”,
muitos preferem chamar de aliança de vida, ou da criação, para distingui-la da
conotação de obras de justiça... com a qual muitos tentam ser seus próprios
salvadores hoje.
Dessa forma, no Jardim
do Éden, Deus faz essa aliança com Adão, se perseverasse, asseguraria não só a
ele, mas a sua descendência a vida, mas ao pecar, trouxe sobre si, e sua
semente depois dele, a morte espiritual... e o dom de que em tudo que tocar
morrer.
Essa queda de Adão é
fundamental em importância para que possamos entender claramente a fundamentação
teológica da compreensão bíblica da Justificação...
Devemos evitar – o que
grande parte dos evangélicos não tem feito – o erro de Roma, que ensina que,
embora a queda Adâmica tenha afetado a natureza humana, “a natureza humana não
foi totalmente corrompida: É ferida nas potências naturais que lhe são
próprias, sujeita à ignorância, ao sofrimento e ao domínio da morte, e apenas
inclinada ao pecado”. (Catechism of the Catholic Church. Mahwah, NJ: Paulist
Press, 1994.)
Duas coisas precisam
ser observadas aqui – Roma ensina que o homem “não é totalmente corrompido” (
Muitos “evangélicos protestantes acreditam exatamente como Roma ) - mas que o homem é meramente inclinado para
o pecado” – Ao contrário do ensinamento de Paulo de que “em mim não habita bem
algum” ( Romanos 7.18), e que estamos todos mortos em delitos em pecados (
Efésios 2.5 ). E as palavras ditas em Gênesis 6.5 deixam claro que o homem não
foi apenas rebaixado do seu lugar favorável diante de Deus, mas que o veneno
mortal da Serpente ( pecado ) agora tomou o homem em todos os aspectos: “ TODA
a imaginação dos pensamentos de seu coração são apenas más continuamente” – A queda
de Adão introjetou em toda a raça humana
uma corrupção total, e não apenas uma inclinação para o pecado.
Muitos evangélicos de
nossos dias ( tendo abraçado o mesmo erro de Roma ) erroneamente também dividem a Bíblia pela metade e ensinam a lei e a graça com estando em desacordo
um com o outro, apontando para versos com, por exemplo, Romanos 6.14: “Vocês
não estão debaixo da lei, mas debaixo da Graça” – O não entendimento os fez
pensar que Deus estava de mau humor no Velho Testamento, e então veio Cristo e
tudo ficou alegre de novo e o mau humor passou. Isto, é claro, priva totalmente
os cristãos de verem a graça de Deus ao longo de toda a história – que depois
da queda – Deus fez conhecida uma nova Aliança, e essa aliança sempre foi uma
aliança graciosa. Não existe uma linha no meio da Bíblia que separa o Deus
temperamental e mal-humurado, do Deus Filho, Jesus, manso, suave...
Depois da queda, todo
homem foi salvo numa aliança graciosa – ( Noé, Abraão, Moisés, Davi... ) – Esta
foi uma aliança de graça desde o início, e quanto mais Deus revelou seus
propósitos redentores, mais ficou evidente que, através da revelação ( tanto
natural como especial ) – Deus estava continuamente declarando sua aliança de
Graça ao homem – o home quem era totalmente incapaz, porque estava
espiritualmente morto.
Isso mostra com cores
vívidas a realidade de que, para os eleitos, todo o Universo está vivo e cheio
de vibrante glória. Mas para o réprobo, TUDO está morto.
Na verdade, a Lei dada
através de Moisés, que muitas vezes comparamos com o legalismo farisaico – era Graça...
Ela não pode justificar, mas é como Deus leva – como que um aio – os eleitos a
Deus. "Portanto a lei é santa, e o mandamento santo, justo e bom".
Portando, todo o
problema não descansa sob a aliança da Graça que anula a Lei, pois não é aí que
o problema está – mas sim na cegueira do coração do homem. Porque todo homem
não regenerado é cego da mesma maneira que todos os mortos não podem ver. Paulo
enfatiza isso maravilhosamente em 2 Co 4.4 – “Em quem o deus deste mundo cegou
a mente dos não creem, para que a luz do
glorioso evangelho de Cristo, que é a imagem de Deus, não seja vista por eles”
Todos fora de Cristo
são cegos. Não podem ver Cristo como supremamente valioso, e assim, eles não
vão abraçá-lo como seu tesouro, não sendo jamais salvos então. Uma obra
soberana de Deus é necessária na vida do homem para abrir os olhos e dar-lhes
vida para que possam ver Cristo e recebê-lo como tesouro inestimável em suas
vidas. O que chamamos, Novo Nascimento. Quando Jesus diz que o homem tem que
nascer de novo, Ele está dizendo que em seu estado natural o homem é
IRREMEDIAVELMENTE insensível, corrupto, depravado e culpado.
Alguém poderia
perguntar: “Por que toda humanidade ( e não só Adão ) foi levada a essa condição?”
– Adão, sendo o cabeça de toda a raça humana,
poderia ter legado à sua posteridade – a natureza mais sublima de que
era possível se ter – se ele tivesse permanecido fiel...a aliança da criação...
teria vida eterna, e com ele sua prole. No entanto, ao mergulhar na escuridão
da morte, o máximo que ele podia
conceder era a sua natureza morta.
Essa linguagem forte,
mas bíblica, faz com a “sensibilidade” frágil e romântica de nossa geração
forjada e nutrida pelo sais cheirosos da psicologia pop - se escandalize, pois não podemos suportar o
pensamento de sermos inteiramente incapazes de ajudar a nós mesmos.
Mas este é o claro
ensino das Escrituras – Nascemos mortos. Jonathan Edwards é memorável ao falar
sobre isso: “Desde Adão, a cabeça da humanidade, a raiz da grande árvore com
muitos galhos e ramos brotando dela, foi privado totalmente de qualquer justiça
original, como também todos os seus
ramos” (Jonathan Edwards, The works of Jonathan Edwards, ed. Edward Hickman (Edinburgh:
Banner of Truth Trust, 1974), 219. )
Tudo isso é para apenas
mostrar que a natureza da humanidade, em Adão, está MORTA; e como tal, o
problema não está de forma alguma num Deus bipolar ( Duro no Velho Testamento,
Agradável no Novo Testamento ) – mas em nossa morte espiritual. Deus dá vida a
quem Ele quer soberanamente, para estes, toda a Escritura, todo o tempo...
Abraão em Ur, por exemplo... é Graça! Mas para o réprobo, até o Evangelho é,
com diz Paulo, “um cheiro de morte!”, uma pesada pedra de escândalo que irá
afundá-lo até o profundo lago de fogo. Martinho Lutero, em seu famoso debate
com Erasmo sobre o a Escravidão da vontade e o livre arbítrio, diz:
“Não só todas as
palavras da lei se opões ao ‘livre-arbítrio’, mas também que todas as palavras
da promessa o confundem totalmente, isto é, que toda a Escritura está
diretamente contra ele. Portanto, mesmo promessas como: ‘não tenho prazer na
morte do pecador’ – é um sopro de misericórdia ao mundo, mas ninguém em Adão o
recebe como alegria e gratidão... já os que são regenerados soberanamente,
mesmo a lei é uma benção, porque por ela eles ficam angustiados, sentem os
temores da Morte, pois nesses a lei tem feito o seu ofício, ou seja, levando-os
ao conhecimento do seu pecado e irremediável alienação e depravação... mas o
réprobo não pode sentir os terrores da lei, nem conhecem seu pecado, e sempre
desprezarão a palavra da misericórdia... sendo condenados pela lei e não sendo
pela lei levados a Cristo como todo suficiente.” (Luther, Martin, OR Johnston.The bondage of the
will.(Old Tappan, NJ: Revell, 1957), Section LXIII. )
Lutero afirma aqui que
a vontade do homem está sob completa escravidão ao pecado, não sendo em nada “livre”
para fazer o que quer que seja, para obter ou estar debaixo da Graça. Pelo
contrário, o homem é totalmente incapaz de ganhar qualquer favor, e todos os
seus esforços em sua arrogância auto-redentora, são, como diz Isaías, “trapos
imundos” ( Is 64.6 ) – Mas note como Lutero diz que para os pecadores despertos
( ou seja, os eleitos / regenerados ), a própria Lei é uma misericórdia – mas para
o réprobo, o próprio Evangelho é um “perfume de morte”. Os nascidos de novo,
veem a Aliança da Graça em toda parte e em tudo – Lei, Evangelho... – Mas para
o réprobo, a glória está tão escondida como o Universo está escondido dos olhos
de um cadáver.
Anselmo coloca isso
assim em seu “Cur Deus Homo” – “E quando o homem podia facilmente efetuar isso (
isto é, não ceder à tentação do diabo, e assim vindicar a honra de Deus e
envergonhar o diabo), ele, sem qualquer compulsão e por sua vontade própria, se
permitiu ser levado à vontade do diabo, contrariamente a vontade de Deus”. (Anselm of Canterbury.Proslogium; Monologium; An
Appendix in Behalf of the Fool by Gaunilon; and Cur Deus Homo.” Proslogium;
Monologium; An Appendix in Behalf of the Fool by Gaunilon; and Cur Deus Homo –
Christian Classics Ethereal Library. Accessed December 17,
2016.)
A vontade do homem foi
completamente trazida totalmente sob escravidão à morte, fazendo assim, como já
dissemos, tudo morto para ele... como o universo está morto para um cadáver...
a menos e até que Deus interveio soberanamente para resgatá-lo.
Inicialmente, na
criação, Deus soprou nas narinas do homem um sopro de vida ( Gênesis 2.7 ) –
Quando Adão comeu do fruto, foi como se todo esse ar soprado tivesse sido
sugado para fora dele. O homem, como o que foi criado para ser o portador da
imagem de Deus na criação, morreu naquele dia e a imagem foi completamente
manchada, quebra, partida e tornada sem vida nele – totalmente impotente. Nada
que o homem pudesse fazer poderia recuperar aquele fôlego de vida – porque toda
a humanidade estava espiritualmente morta... e como um morto volta a sentir a
brisa da primavera?
A única possibilidade, seria Deus soprar mais
uma vez sobre um homem, para que ele pudesse experimentar a vida. E como da
primeira vez, esse teria que ser um ato totalmente de Deus. Um dos mais doces
escritores puritanos, Thomas Watson, descreve a condição do homem sob Adão
assim: “Vede em que triste condição todos os incrédulos, todos os homens não
regenerados estão. Enquanto continuam em seus pecados, continuam sob a
maldição, sob a primeira aliança. A fé dos eleitos nos dá direito à
misericórdia da segunda aliança. Mas enquanto os homens estão sob o poder de
seus pecados, estão sob a maldição da primeira aliança – e nessa condição,
estão inexoravelmente condenados eternamente.” (Watson, Thomas. “Body of Divinity.” Body
of Divinity – Christian Classics Ethereal Library.).
Este é o toque de Midas
de Adão… é o toque de Midas com que Adão trouxe a morte a sua prole. Ele
desejava ser como Deus, embora já fosse “filho de Deus” ( Lc 3.38 ) – e portasse
a imagem de Deus. Adão se rebelou contra a Verdade de que “o próprio ato da criação
traz e mantém a criatura sob obrigação para com o Criador, e a própria criação –
era um sinal de graça” (Hodge, A.A. The Westminster Confession: A Commentary. The
Banner of Truth Trust, 2013. pg. 121)
Adão deveria obedecer
perfeitamente e dizer: “obrigado” – mas em vez disso, escolheu o toque de morte
de Midas. Em sua busca para se tornar Deus, e agarrar a vida eterna em si
mesmo, trouxe a morte para si e para tudo que tocou.
É o coração morto do
homem natural, não a aliança de Deus, que resulta em sua cegueira à Graça
gloriosa. O homem não pode se dizer vítima das consequências de seus próprios
atos e vê-las como atenuantes... são agravantes. O homem não regenerado
permanece ingrato - Rm 1.21 – seus olhos,
ouvidos, mente e coração que deviam ver, ouvir, entender e crer no Evangelho,
não podem, pois estão mortos e olhos mortos, ouvidos mortos, mentes mortas e
coração morto nada podem senão apodrecer mais e mais. É a incredulidade e a
rebelião contra Deus, que torna a verdade vivificante do Evangelho em um
agravamento para os não regenerados, um “perfume de morte”.
Tudo isso, é para
mostrar que, embora a humanidade esteja naturalmente morta no pecado, não
apenas desestabilizada, ou inclinada para o pecado, como a doutrina romana
ensina ( e grande parte dos “protestantes” com Roma agora ) – Deus propôs ressuscitar
soberanamente um povo da raça humana de Adão, fazendo uma Aliança para
salvá-los. Mortos não podem entrar nesta aliança, assim foi que Deus – para salvá-los
da maldição de quebrar a primeira aliança – precisava criar soberanamente um
novo homem e mais uma vez soprar a vida nele. As Escrituras chamam isso de novo
nascimento, Regeneração.
Compreender isso,
anularia também o outro erro, de muitos ditos evangélicos modernos, de que Deus
era autoritário e rigoroso, obcecado pela miséria humana por quebrarem suas
leis, mas que agora, Jesus veio e trocou tudo isso por um Deus compassivo...
não tão obcecado com a lei. O que faz parecer, que Cristo simplesmente
convenceu Deus a parar de se importar tanto com todas essas regras velhas e
empoeiradas... e rebaixou seu padrão, fazendo o homem ser capaz de fazer algo
para sua salvação.
Como Charles Hodge
obsevou sabiamente: “As Escrituras não conhecem outra coisa senão dois métodos
de se alcançar a vida eterna: aquele que exige obediência perfeita, e o outro
que exige a fé ‘concedida soberanamente’” - (Hodge, Charles. Systematic theology. Vol.
II. Grand Rapids: Eerdmans, 1975.)
A menos que a Aliança
de Deus seja Perfeitamente obedecida por cada indivíduo, a vida eterna está
para sempre fora de nosso alcance. Dessa forma, todas as administrações do
Velho Testamento, não eram sobre a lei, mas sobre a graça; porque, muitas
vezes, renovando Sua aliança com o homem, Deus estava revelando que o fracasso
do homem em obedecer estava levando-o ao último Adão – Jesus Cristo ( Em Jesus
todo os que são salvos, foram salvos – no Velho e no Novo Testamento ). Jesus!
Ele seria o homem que poderia
perfeitamente obedecer à aliança ( que é o único meio de obter a vida eterna )
e oferecer o benefício de seu “poder e vida sem fim” ( Hb 7.16 ) a todos os que,
pela fé concedida soberanamente por Deus, fossem trazidos pelo Espírito a Ele.
Se fizermos uma divisão
e cortarmos a Bíblia pela metade por não entendermos isso, acabaremos por
perder completamente o fato de que, como demonstra A. A,. Hodge, “ a Aliança da
Graça desde o princípio, permaneceu em todos os aspectos essenciais, apesar de
todas as mudanças externas no modo de sua administração... Cristo é o salvador
dos homens ( eleitos ) antes do seu advento ( nascimento ), e salvou-os nos
mesmos princípios que agora... a fé concedida por Deus, é a condição da
salvação sob a antiga dispensação, da mesma forma e sentido em que ela se
encontra agora” (Hodge, A.A. The Westminster Confession: A Commentary.
Carlisle, PA: The Banner of Truth Trust, 2013. pg. 129.)
É o coração morto do
homem irregenerado que mata tudo que toca, não apenas a Lei, mas também o
Evangelho da Graça, e transforma tudo numa pilha de Fruto “dourado”, mas morto,
como o toque de Midas.
No entanto, é somente
pela Regeneração – o sopro soberano da vida de Deus, que Deus traz o homem à
vida novamente, e pela fé que flui disso, lhe permite provar do banquete da
vida eterna... porque ao tocar nessas coisas preciosas, elas não morrem mais.
Quando o novo nascimento finalmente acontece, pela operação soberana do
Espírito Santo, o cristão vem para acalentar toda a Escritura e, num certo
sentido, experimenta finalmente o reverso do toque de Midas... que parecia
transformar tudo em ouro, só para perceber que tudo estava morto... tudo o que tocasse...
para sempre e sempre.
Agora, tudo que a Graça
soberana de Deus toca, se torna vivo e com a vida eterna abundante de Cristo.
Nossos olhos revivem
para ver sua glória.
Nossos ouvidos revivem
vivos para ouvir a sua Verdade.
Nossa mente revive para
conhecer e entendê-Lo.
Nosso coração revive
para amar, se deleitar, crer e obedecer a Ele.
De repente, tudo que
uma vez foi morte e putrefação para nós, toda a criação se torna viva, e surgem
os gemidos de nossa antecipação da glorificação final em Cristo ( Rm 8.22,23).
Só através da
compreensão plena da morte que Adão nos causou quebrando a Aliança da vida no
Jardim do Éden, que nos permite ver que Deus nos reconcilia com Ele – para não
mais ser possível haver condenação - em
Cristo ( Rm 8.1 - 2 Co 5.19) – através da
Aliança da Soberana Graça.
De Gn 3.15 em diante, “Deus
entrou nesse pacto de Graça para libertar os eleitos desse estado ( de miséria
) e trazê-los a um estado de Graça por um Redentor” (Luther, Martin. Galatians.
Wheaton, IL: Crossway Books, 1998.)
Todos os redimidos veem
essa Aliança da Graça em todos os lugares... mas aqueles que estão mortos estão
absolutamente incapazes de vê-la em qualquer lugar que seja... A Lei os
condena... o Evangelho é um “cheiro de morte”... O Velho Testamento ( para os eleitos
) nos declara Cristo, o Novo Testamento no revela Cristo. O morto, está morto
para ele no Velho e no Novo Testamento – mas o homem vivificado pela fé
concedida, através da obra da Regeneração Soberana do Espírito Santo de Deus,
ouve, vê e prova... porque Ele está vivo para e em Cristo.
Lutero, como ninguém,
retrata essa verdade maravilhosa de modo vívido e é um perfeito resumo do que temos
visto: “Quando o diabo nos diz que somos pecadores e, portanto, malditos,
podemos responder – porque você diz que eu sou um pecador, e eu sei, sou justo
e salvo – Então o diabo dirá: “ Não, você será condenado” – e eu respondo: “Não,
porque eu voo para Cristo, que se entregou pelos meus pecados. Portanto,
Satanás, você não pode prevalecer contra mim quando tenta me aterrorizar, me
dizendo quão grandes são meus pecados e tentar me reduzir a uma mente pesada de
desconfiança, desespero... Pelo contrário, quando dizes que sou pecador, ma dás
armadura e armas contra ti mesmo, para
que eu possa cortar a tua espada e te pisar debaixo dos meus pés, porque Cristo
morreu pelos pecadores. Além disso, você mesmo prega a glória de Deus para mim,
pois me lembra do amor paternal de Deus para comigo, que “deu seu filho para
que eu não pereça” – e sempre que você se opõe me dizendo que eu sou um
pecador, você me lembra o benefício de Cristo, meu Redentor e Salvador” (Luther,
Martin. Galatians. Wheaton, IL: Crossway Books, 1998.)
Assim vemos que para um
homem que está em Cristo, todo o cosmo foi vivificado par ele, e ele vê agora o
Salvador todo o tempo, em tudo a sua volta. A cada passo dado, e a cada
tentação sofrida, ele anseia mais por Cristo e mais de Cristo... pela visão
beatífica... que trará sua glorificação, que virá no fim da história... que na
verdade, é o seu começo.






