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    Função Social e Percepção


    Este é o 2º Artigo da série História Universal da Música. O primeiro é:

    01 - Introdução e Miragens de uma Definição


    Se é difícil definir a música, também é difícil explicar sua função social e descobrir seu modus operandi. A essas questões está ligada a percepção do “sentido” musical: quanto mais a música for “funcional” (no sentido lato), mais bem compreendida será:

    Antiguidade – Em sua origem, a música era apenas uma atividade muscular (membros, laringe) adaptada às condições de luta pela vida. Seu desenvolvimento acompanhou, de diversas maneiras, o das sociedades humanas. Ela permanece por muito tempo um prolongamento, um esteio, uma exaltação da ação. Ligada à magia, à religião, à ética, à terapêutica, à política, ao jogo e ao prazer também, ela constitui um dos aspectos fundamentais das velhas civilizações. Sua transmissão será assegurada, de geração em geração, pela imitação, depois pelo ensino sistemático.

    Na Antigüidade (e até os dias de hoje, em certas civilizações), a música constitui a mais alta sabedoria, por ser a chave de todas as outras. “Não há conceito neste mundo que não seja transmitido pelos sons. O som impregna todo o conhecimento. Todo o universo repousa no som” (Vakya padiya). “Tudo o que ouvimos nos traz felicidade ou infelicidade. A música não deveria ser executada inconsideradamente” (Seu Ma-tshien). “Para ser instruído em todas as coisas, é preciso estudar com cuidado a música em seus princípios naturais” (Confúcio). “Qualquer mudança em matéria de música é prenhe de conseqüências para a cidade... Não se pode mudar o que quer que seja no modos da música sem abalar a estabilidade do Estado” (Platão)... Os pitagóricos vêem na música uma representação da harmonia universal. Não só seu conhecimento é indispensável a todos os que querem elevar-se no caminho da sabedoria e da ciência, como também é necessário ao povo e aos escravos, porque eleva a alma e nela mantém sentimentos nobres e justos, garantindo assim a estabilidade e a prosperidade do Estado.

    Nem todos os contemporâneos de Terpandro, Píndaro ou Damon, ou os de Confúcio, foram, é claro, igualmente músicos, igualmente receptivos e inteligentes em relação ao fenômeno musical. Mas, sem dúvida, nunca foi tão profundo quanto hoje o abismo entre o hipermúsico (Profissional ou não), a “hiperacústica” e, por outro lado, o analfabeto ou o idiota musical, “anacústico” ou “amúsico”! No século IV a.C., por não ter a sabedoria acusmática resistido à retórica dos geômetras e dos sofistas, a música grega degenera e o gosto público se degrada a tal ponto, que logo os descendentes dos ouvintes de Sófocles se deliciarão com os combates de gladiadores e se exaltarão com a barulheira solene dos hinos totalitários. (Para continuar, clique AQUI)

    Este artigo está no tópico – Música

    Não deixe de ler o próximo artigo A TRANSMISSÃO DAS IDÉIAS – A OBRA E SUA NOTAÇÃO, a ser postado em breve.

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