06 - As Metas de Aristóteles
07 - A Lança de Lucrécio
08 - A Navalha de Occam
Niccolò Machiavelli, ou Maquiavel, declarou que, para o soberano “mais vale ser temido que amado, é mais prudente ser cruel que compassivo”. Por causa de conselhos desse tipo, “maquiavelismo” tem sido, há séculos, um epíteto para vilania, quando, mais propriamente, implica realismo. As palavras “fantasia” e “idealismo”, por outro lado, escaparam de certo modo ao opróbrio lançado sobre sua rival, embora em qualquer relato imparcial da história do século XX sejam elas que mais têm do que se defender. Os pensamentos que fizeram a má fama de Maquiavel foram elucidados em O Príncipe, escrito em 1513 para Lorenzo de Médici, soberano de Florença. O livro não é moral nem imoral; é amoral. Não é nem um discurso de justificação do poder do Estado, nem um tratado sobre os objetivos morais que um soberano deveria perseguir. Ao contrário, é um guia neutro para se alcançar e manter o poder político. Suas estratégias tomam os homens como são, não como deveriam ser. Como Maquiavel escreveu: “O modo como os homens vivem está tão distante do modo como deveriam viver que alguém que abandone o que é pelo que deveria ser persegue sua derrocada, não sua preservação.” De que valem, afinal , valores políticos sem o poder de colocá-los em prática? Os mesmos sentimentos são evidentes hoje nas proezas dos políticos democráticos modernos para arranjar voto sempre que o dia das eleições se aproxima. Talvez eles não o admitam, mas suas proezas também encontrariam aprovação nas páginas de O Príncipe.
Muitos grandes filósofos consideravam a maior parte das pessoas estúpidas; Maquiavel, porém, preferia considerá-las perversas. Os soberanos, ele afirmava, deveriam ter isso como favas contadas e, se eles tivessem sorte elas seriam também estúpidas. Claramente, a perversidade de que Maquiavel falava era licenciosidade e egoísmo – dois vícios que o liberalismo e o capitalismo de hoje toleram respectivamente. Se hoje o veredicto de Maquiavel sobre o comportamento dos homens comuns parece cruel, não dever ter soado mais brando no clima filosófico do início do século XVI. O ethos humanista do Renascimento buscava liberar as intenções virtuosas da humanidade, e permitir-lhes dar forma ao bom funcionamento do Estado. Sendo basicamente um autodidata, Maquiavel evitou essas idéias prontas em seus estudos iniciais. Mas embora não desse aos valores morais a ênfase que lhes conferiam seus confrades, partilhava da idéia de Galileu e outros de que o homem poderia vir a compreender o projeto de Deus para o universo. Sua metodologia era humanista, mesmo que suas conclusões não o fossem. (Para continuar, clique AQUI)
Este texto está no tópico - Textos Filosóficos
Não deixe de ler AS GALINHAS DE BACON, o próximo artigo. E olha que não é nenhuma receita culinária, ok?
Muitos grandes filósofos consideravam a maior parte das pessoas estúpidas; Maquiavel, porém, preferia considerá-las perversas. Os soberanos, ele afirmava, deveriam ter isso como favas contadas e, se eles tivessem sorte elas seriam também estúpidas. Claramente, a perversidade de que Maquiavel falava era licenciosidade e egoísmo – dois vícios que o liberalismo e o capitalismo de hoje toleram respectivamente. Se hoje o veredicto de Maquiavel sobre o comportamento dos homens comuns parece cruel, não dever ter soado mais brando no clima filosófico do início do século XVI. O ethos humanista do Renascimento buscava liberar as intenções virtuosas da humanidade, e permitir-lhes dar forma ao bom funcionamento do Estado. Sendo basicamente um autodidata, Maquiavel evitou essas idéias prontas em seus estudos iniciais. Mas embora não desse aos valores morais a ênfase que lhes conferiam seus confrades, partilhava da idéia de Galileu e outros de que o homem poderia vir a compreender o projeto de Deus para o universo. Sua metodologia era humanista, mesmo que suas conclusões não o fossem. (Para continuar, clique AQUI)
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