PAULO - SUA VIDA, SUAS CARTAS E SUA TEOLOGIA
1 – A Herança Judaica de Paulo
De longe mais importante, aos olhos do próprio Paulo, do que Tarso como seu local de nascimento e sua cidadania romana, e de longe mais importante para nossa compreensão dele, era sua herança judaica. Quando, de uma perspectiva cristã, ele olha para trás para as vantagens naturais de que um dia se orgulhou, ele começa: “Circuncidado ao oitavo dia, da linhagem de Israel, da tribo de Benjamim, hebreu de hebreu; quanto à lei, fariseu...” (Fp. 3.5).
Aqui, à declaração de que era “do povo de Israel” – isto é, que era judeu de nascimento – ele acrescenta mais detalhes para mostrar que tipo específico de judeu ele era.
Em primeiro lugar, ele pertencia à tribo de Benjamim (afirmação repetida em Rm 11.1). O território original da tribo de Benjamim ficava imediatamente ao norte da área de Judá, que era muito maior. Jerusalém, pertencente a Judá, formava um enclave dentro de Benjamim. Quando a monarquia foi dividida após a morte de Salomão, Benjamim foi trazido pela atração da gravidade par junto de Judá e Jerusalém, formando o reino do Sul. O povo de Benjamim, naturalmente, tendeu a perder sua identidade tribal, porém alguns, pelo menos, não permitiram que ela se apagasse, e mesmo depois do retorno do exílio, houve repovoamento, em Jerusalém e no território adjacente da Judéia, de pessoa s que continuaram a ser conhecidas separadamente como “filhos de Benjamim” (Ne 11.7-9, 31-36). Provavelmente foi destas que a família de Paulo traçava sua descendência.
A escolha de Saulo como nome judaico pelos pais de Paulo pode estar ligada à sua relação tribal. O benjamita mais destacado na história de Israel foi Saul, o primeiro rei de Israel. Se esta consideração teve peso para os pais de Paulo, é possível perceber uma “coincidência não intencional” no fato de que apenas do livro de Atos sabemos que seu nome judaico era Saulo, enquanto das suas cartas é que sabemos que ele pertencia à tribo de Benjamim. Os primeiros escritores cristãos gostavam de ligar a atuação de Paulo como perseguidor da igreja em seus primórdios com o cumprimento das palavras, na bênção do patriarca Jacó aos seus filhos: “Benjamim é lobo que despedaça...” (Gn 49.27) – porém esta fantasia ingênua nada tem a ver com exegese sóbria.
Em segundo lugar, ele diz que é “hebreu de hebreus”. Nos escritos de Paulo, assim como nos de Lucas, “hebreu" provavelmente é um termo mais especializado do que “israelita” ou “judeu”. Em outra ocasião, em uma referência a visitantes de Corinto que tentaram minar sua posição aos olhos dos seus convertidos, ele diz: “São hebreus? Também eu”...
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Este artigo está no tópico – Paulo, O Apóstolo
1 – A Herança Judaica de Paulo
De longe mais importante, aos olhos do próprio Paulo, do que Tarso como seu local de nascimento e sua cidadania romana, e de longe mais importante para nossa compreensão dele, era sua herança judaica. Quando, de uma perspectiva cristã, ele olha para trás para as vantagens naturais de que um dia se orgulhou, ele começa: “Circuncidado ao oitavo dia, da linhagem de Israel, da tribo de Benjamim, hebreu de hebreu; quanto à lei, fariseu...” (Fp. 3.5).
Aqui, à declaração de que era “do povo de Israel” – isto é, que era judeu de nascimento – ele acrescenta mais detalhes para mostrar que tipo específico de judeu ele era.
Em primeiro lugar, ele pertencia à tribo de Benjamim (afirmação repetida em Rm 11.1). O território original da tribo de Benjamim ficava imediatamente ao norte da área de Judá, que era muito maior. Jerusalém, pertencente a Judá, formava um enclave dentro de Benjamim. Quando a monarquia foi dividida após a morte de Salomão, Benjamim foi trazido pela atração da gravidade par junto de Judá e Jerusalém, formando o reino do Sul. O povo de Benjamim, naturalmente, tendeu a perder sua identidade tribal, porém alguns, pelo menos, não permitiram que ela se apagasse, e mesmo depois do retorno do exílio, houve repovoamento, em Jerusalém e no território adjacente da Judéia, de pessoa s que continuaram a ser conhecidas separadamente como “filhos de Benjamim” (Ne 11.7-9, 31-36). Provavelmente foi destas que a família de Paulo traçava sua descendência.
A escolha de Saulo como nome judaico pelos pais de Paulo pode estar ligada à sua relação tribal. O benjamita mais destacado na história de Israel foi Saul, o primeiro rei de Israel. Se esta consideração teve peso para os pais de Paulo, é possível perceber uma “coincidência não intencional” no fato de que apenas do livro de Atos sabemos que seu nome judaico era Saulo, enquanto das suas cartas é que sabemos que ele pertencia à tribo de Benjamim. Os primeiros escritores cristãos gostavam de ligar a atuação de Paulo como perseguidor da igreja em seus primórdios com o cumprimento das palavras, na bênção do patriarca Jacó aos seus filhos: “Benjamim é lobo que despedaça...” (Gn 49.27) – porém esta fantasia ingênua nada tem a ver com exegese sóbria.
Em segundo lugar, ele diz que é “hebreu de hebreus”. Nos escritos de Paulo, assim como nos de Lucas, “hebreu" provavelmente é um termo mais especializado do que “israelita” ou “judeu”. Em outra ocasião, em uma referência a visitantes de Corinto que tentaram minar sua posição aos olhos dos seus convertidos, ele diz: “São hebreus? Também eu”...
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