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    "Não sou eu quem me navega"


    NOSSA LÍNGUA, NOSSA GENTE


    Não sou em quem me navega

    O último disco de Paulinho da Viola (Bebadosamba) e simplesmente primoroso. É um verdadeiro monumento da cultura popular desse país. Uma das canções é “Timoneiro”, música de Paulinho e letra de Hermínio Bello de Carvalho. “Não sou em quem me navega, quem me navega é o mar”, diz o refrão. Aí está o xis do problema: a concordância verbal quando se usa esse tipo de expressão.

    Na língua do dia-a-dia, é muito comum que o verbo ser apareça na terceira pessoa do singular em frases como “Não foi eu que fiz”, ou simplesmente “Não foi nós”. Essa concordância – gramaticalmente errada – talvez se explique pelo uso generalizado da terceira pessoa (“Cabe dez”; “Falta quinze”; “Acabou as fichas”; “Sobrou vinte”; “Chegou os manuais”), o que é comum em todas as classes sociais.

    Deve-se considerar que há dois verbos nesse tipo de frase: o verbo ser, que necessariamente concorda com o pronome a que se refere (Não fui eu; Não foi ele; Não fomos nós; Não foram eles), e o verbo que se prende ao pronome quem, preferencialmente conjugado na terceira do singular.

    Ninguém acha estranha a concordância em perguntas diretas, como “Quem foi?”,Quem fez isso?” ou “Quem paga?”, em que o verbo fica na terceira do singular. Assim, para a norma culta, a frase de Hermínio Bello de Carvalho é perfeita. O verbo ser concorda com o pronome eu (“Não sou eu”); o verbo navegar, que se prende ao pronome quem, fica na terceira pessoa do singular (“quem me navega”).


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