O SACRIFÍCIO VICÁRIO DE CRISTO POR NÓS CANCELA TANTO A CULPA QUANTO A PENA QUE INCIDEM SOBRE NÓS
Indago eu, que nos teria Cristo conferido, se ainda fosse exigida a pena pelos pecados? Assim, pois, quando dizemos que ele levou no madeiro, inteiramente, em seu corpo todos os nossos pecados [1Pe 2.24]. Não temos em mente outra coisa senão que ele pagou a pena e o castigo que eram devidos por nossos pecados. Isto mesmo declarou de forma mais significativa Isaías, quando diz: “O castigo, ou correção, de nossa paz foi posta sobre ele” [Is 53.5].
Que é, porém, esta correção de nossa paz, senão a pena devida pelos pecados, e que teria de ser por nós paga integralmente antes que pudéssemos ser reconciliados com Deus, a não ser que houvesse ele feito nossas vezes? Portanto, vês claramente que Cristo sofreu as penas dos pecados, para que delas eximisse aos seus. Tantas vezes Paulo faz menção da redenção por ele, Cristo, consumada, e costuma chamá-la avpolu,trwsin [ap(lytr)sin] [Rm 3.24; 1Co 1.30; Ef 1.7; Cl 1.14]; exprimindo por esse termo não meramente a redenção, como se entende comumente, mas inclusive o próprio preço e satisfação da redenção. Por cuja razão ele escreve ainda que o próprio Cristo deu a si próprio em avnti,lutron [antílytr(n – resgate] por nós [1Tm 2.6]. “Que é propiciação perante o Senhor”, diz Agostinho, “senão sacrifício? E que sacrifício é esse, senão o que na morte de Cristo foi oferecido em nosso favor?”
Mas, sobretudo, temos um fortíssimo argumento no que se ordena na lei mosaica, no que se prescreve quanto à culpa dos pecados serem expiadas. Pois, tampouco aí estabelece o Senhor esta ou aquela maneira de satisfação, mas ele requer toda a compensação na forma de sacrifícios, onde, entretanto, enumera, por outro lado, de forma bem minuciosa e na mais precisa ordem, todos os ritos de expiação. Que quer dizer, pois, que não ordene ao pecador que procure satisfazer com boas obras os pecados que cometeu, e que somente exija a expiação por meio dos sacrifícios, senão que desta maneira quer testificar que só há um gênero de satisfação para apaziguar sua justiça? Ora, os sacrifícios que os israelitas então imolavam não eram considerados obras dos homens; ao contrário, eram estimados por sua veracidade, isto é, em função do sacrifício único de Cristo.
Que espécie de compensação, porém, o Senhor recebe de nós, eloqüentemente o expressou Oséias em poucas palavras: “Tira a iniqüidade”, diz ele – eis a remissão dos pecados! “E ofereceremos como novilhos os sacrifícios de nossos lábios” – eis a satisfação! De fato sei que escorregam ainda mais sutilmente, enquanto fazem distinção entre pena eterna e penas temporais. Quando, porém, ensinam que pena temporal é qualquer punição que Deus inflige tanto em relação ao corpo quanto à alma, excetuada apenas a morte eterna, esta limitação pouco lhes serve de respaldo.
Ora, essas passagens que acabamos de citar significam explicitamente isto: que somos recebidos por Deus à graça sob esta condição: que, perdoando-nos a culpa, nos perdoa toda e qualquer pena que havíamos merecido. E quantas vezes Davi ou os demais profetas rogam o perdão dos pecados, ao mesmo tempo suplicam que a pena seja cancelada. De fato, o que os impele é o senso do juízo divino.
Por outro lado, quando prometem misericórdia da parte do Senhor, quase sempre pregam expressamente acerca das penas e sua remissão. Com efeito, quando em Ezequiel [36.22, 32] o Senhor declara que haverá de pôr fim ao exílio babilônico, e isso por amor de si próprio, não por causa dos judeus, ele mostra suficientemente que um e outro é gracioso, a saber: o perdão da culpa e o cancelamento da pena.
Finalmente, se somos liberados da culpa através de Cristo, necessariamente devem cessar as penas que daí provêm.
Que é, porém, esta correção de nossa paz, senão a pena devida pelos pecados, e que teria de ser por nós paga integralmente antes que pudéssemos ser reconciliados com Deus, a não ser que houvesse ele feito nossas vezes? Portanto, vês claramente que Cristo sofreu as penas dos pecados, para que delas eximisse aos seus. Tantas vezes Paulo faz menção da redenção por ele, Cristo, consumada, e costuma chamá-la avpolu,trwsin [ap(lytr)sin] [Rm 3.24; 1Co 1.30; Ef 1.7; Cl 1.14]; exprimindo por esse termo não meramente a redenção, como se entende comumente, mas inclusive o próprio preço e satisfação da redenção. Por cuja razão ele escreve ainda que o próprio Cristo deu a si próprio em avnti,lutron [antílytr(n – resgate] por nós [1Tm 2.6]. “Que é propiciação perante o Senhor”, diz Agostinho, “senão sacrifício? E que sacrifício é esse, senão o que na morte de Cristo foi oferecido em nosso favor?”
Mas, sobretudo, temos um fortíssimo argumento no que se ordena na lei mosaica, no que se prescreve quanto à culpa dos pecados serem expiadas. Pois, tampouco aí estabelece o Senhor esta ou aquela maneira de satisfação, mas ele requer toda a compensação na forma de sacrifícios, onde, entretanto, enumera, por outro lado, de forma bem minuciosa e na mais precisa ordem, todos os ritos de expiação. Que quer dizer, pois, que não ordene ao pecador que procure satisfazer com boas obras os pecados que cometeu, e que somente exija a expiação por meio dos sacrifícios, senão que desta maneira quer testificar que só há um gênero de satisfação para apaziguar sua justiça? Ora, os sacrifícios que os israelitas então imolavam não eram considerados obras dos homens; ao contrário, eram estimados por sua veracidade, isto é, em função do sacrifício único de Cristo.
Que espécie de compensação, porém, o Senhor recebe de nós, eloqüentemente o expressou Oséias em poucas palavras: “Tira a iniqüidade”, diz ele – eis a remissão dos pecados! “E ofereceremos como novilhos os sacrifícios de nossos lábios” – eis a satisfação! De fato sei que escorregam ainda mais sutilmente, enquanto fazem distinção entre pena eterna e penas temporais. Quando, porém, ensinam que pena temporal é qualquer punição que Deus inflige tanto em relação ao corpo quanto à alma, excetuada apenas a morte eterna, esta limitação pouco lhes serve de respaldo.
Ora, essas passagens que acabamos de citar significam explicitamente isto: que somos recebidos por Deus à graça sob esta condição: que, perdoando-nos a culpa, nos perdoa toda e qualquer pena que havíamos merecido. E quantas vezes Davi ou os demais profetas rogam o perdão dos pecados, ao mesmo tempo suplicam que a pena seja cancelada. De fato, o que os impele é o senso do juízo divino.
Por outro lado, quando prometem misericórdia da parte do Senhor, quase sempre pregam expressamente acerca das penas e sua remissão. Com efeito, quando em Ezequiel [36.22, 32] o Senhor declara que haverá de pôr fim ao exílio babilônico, e isso por amor de si próprio, não por causa dos judeus, ele mostra suficientemente que um e outro é gracioso, a saber: o perdão da culpa e o cancelamento da pena.
Finalmente, se somos liberados da culpa através de Cristo, necessariamente devem cessar as penas que daí provêm.
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