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    PROPÓSITOS DO JUÍZO DE DEUS - CALVINO





    O JUÍZO VINGADOR SERVE À PUNIÇÃO; O JUÍZO CORRETIVO MINISTRA À EDIFICAÇÃO.




    Vem a seguir esta outra distinção: que, enquanto os réprobos são feridos pelas vergastadas de Deus, já estão começando, de certo modo, a pagar as penas conforme seu juízo, e embora não haja de ficar impunes por não haver dado ouvidos a tais manifestações da ira divina, entretanto, não são punidos para que se emendem, mas tão-só para que em seu grande mal experimentem a Deus por Juiz e Vingador. Mas os filhos são fustigados por suas varas não para que paguem a Deus a pena de suas
    transgressões; pelo contrário, para que daí avancem rumo ao arrependimento. Conseqüentemente, compreendemos que contemplam estas penalidades no futuro e não no tempo passado.
    Prefiro exprimir isto nas palavras de Crisóstomo antes que em minhas próprias. “O Senhor”, diz ele, nos castiga por nossas faltas, não para obtermos alguma recompensa de nossos pecados, mas para nos corrigir no porvir.”88 Assim também Agostinho: “O que sofres, e pelo que gemes, te é medicina, não pena; castigo, não condenação.
    Não recuses o açoite, se não queres ser deposto da herança” etc.E: “toda esta miséria do gênero humano em que o mundo geme, sabereis, irmãos, que é um sofrimento medicinal, não uma sentença penal” etc.90 Aprouve-me citar essas declarações para que não pareça a alguém ser nova ou menos usada a expressão que empreguei. E a isto se voltam as queixas saturadas de indignação com que, freqüentemente, Deus argumenta acerca da ingratidão do povo, visto que têm, obstinadamente,
    desprezado todos os castigos. Em Isaías [1.5, 6]: “Por que eu vos haveria de ferir por mais tempo? Desde a planta do pé até o alto da cabeça não há coisa sã.”
    Mas, como os profetas estão cheios de sentenças semelhantes, bastará demonstrar em termos breves que Deus não castiga sua Igreja com outra finalidade senão para que se emende ao ver-se humilhada.91 Portanto, quando Saul foi despojado do reino, Deus estava punindo para represália [1Sm 15.23]; quando privou Davi do filho pequenino [2Sm 12.18], estava castigando para correção. Neste sentido deve tomar-se o que Paulo diz: “Quando somos julgados pelo Senhor, somos castigados para que não sejamos condenados juntamente com este mundo” [1Co 11.32]. Isto é,
    enquanto nós, os filhos de Deus, somos afligidos pela mão do Pai celeste, esta não é uma punição pela qual somos lançados em confusão, mas apenas um castigo pelo qual somos edificados. Nesta matéria, é evidente que Agostinho está conosco, uma vez que ensina que as penas com que os homens são igualmente castigados por Deus devem ser consideradas diversamente, porque aos santos, após a remissão dos pecados, são elas meros embates e exercícios; aos réprobos, sem essa remissão, são punições da iniqüidade. Onde indica os castigos infligidos a Davi e a outros vultos
    piedosos, também diz visavam a isto: para que sua piedade fosse exercitada e provada mediante humildade dessa natureza.
    Quanto ao que diz Isaías [40.2], que a iniqüidade do povo judeu era perdoada porque havia recebido plena castigo da mão do Senhor, insiste que o perdão das transgressões depende do pagamento da pena. No entanto, é exatamente como se estivesse dizendo: “Eu vos castiguei de tal maneira que vosso coração se encontra totalmente oprimido pela angústia e tristeza; já é hora, pois, de que, ao receberdes a mensagem de minha plena misericórdia, vosso coração se inunde de alegria, ao me
    terdes por Pai.” Ora, Deus aí se reveste do caráter de um pai que se arrepende até mesmo da justa severidade quando foi compelido a castigar mais duramente ao filho.

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