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    VERDADEIRA HUMILDADE - JOÃO CALVINO



    VERDADEIRA HUMILDADE: A ÚNICA ATITUDE QUE NOS CONVÉM



    Sempre me agradou sobremaneira esta ponderação de Crisóstomo: “A humildade é o fundamento de nossa filosofia.” Contudo, mais ainda esta de Agostinho: “Da mesma forma”, diz ele, “que aquele orador, indagado qual seria o primeiro entre os preceitos da eloqüência, respondeu: a elocução; como o segundo: a elocução; também o terceiro: a elocução; assim, se me interrogas acerca dos preceitos da religião cristã, primeiro, segundo e terceiro, me agradaria responder sempre: a humildade.”


    Todavia, como o declara em outro lugar, não considera como humildade quando, cônscio de alguma porção de virtude em si próprio, o homem não cede ao orgulho; mas, ao contrário, quando ele se sente verdadeiramente que nenhum refúgio possui senão na humildade. “Ninguém”, diz ele, “se lisonjeie. Por si mesmo não passa de um satanás. Do que é aquinhoado, isso ele o tem somente de Deus. Pois, que tens de teu senão o pecado? Toma para ti o pecado, porque é teu, já que a retidão é de Deus.” Ainda: “Por que tanto se presume da possibilidade de nossa natureza? Está chagada, dilacerada, arruinada, perdida. Tem ela necessidade de verdadeira confissão, não de falsa defesa.”


    De novo: “Quando alguém reconhece que em si mesmo nada é e nenhuma ajuda tem de si próprio, dentro de si estão quebradas as armas, serenados estão os embates. Mas, é indispensável que todas as armas da impiedade sejam despedaçadas, sejam esmigalhadas, sejam consumidas pelo fogo, e permaneças inerme, nenhum recurso tenhas em ti mesmo. Quanto mais fraco és em ti, tanto mais te sustém o Senhor.” Assim, na consideração do Salmo 70, proíbe que nos lembremos de nossa justiça pessoal, para que conheçamos a justiça de Deus; e mostra que Deus nos recomenda sua graça de tal modo que saibamos que nós nada somos, que nos mantemos firmes apenas pela misericórdia de Deus, já que de nós mesmos nada somos senão maus.

    Portanto, neste ponto não contendamos com Deus acerca de nosso direito, como se perdêssemos em nosso proveito tudo quanto a ele atribuímos. Ora, se nossa humildade é sua exaltação, assim a confissão de nossa humildade tem sua misericórdia como remédio preparado. Contudo, nem pretendo que um homem que não se deixa assim persuadir ceda espontaneamente; e se tem alguma capacidade, que dela desvie a mente para que se sujeite à verdadeira humildade. Pelo contrário, pretendo que, debelada a enfermidade (filauti,aj kai. filoneiki,aj) [philautías kaì phil(neikías – do amor de si mesmo e do prazer por contenciosidade], obcecado pela qual pensa em si mais do que convém [G1 6.3], se contemple honestamente no veraz espelho da Escritura [Tg 1.22-25].

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