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    Tua Fé é Autêntica ou Falsa? William Guthrie - (1620-1665)






    Até agora tenho afirmado que é possível saber se somos crentes ou não no Senhor Jesus Cristo. Não precisamos ser inseguros quanto à fé em Cristo. Um verdadeiro cristão é uma nova pessoa: alguém que tem a vida nova vinda de Deus. Se alguém teve esse tipo de mudança, podemos percebê-la. A nova vida do cristão se mostra; em especial, ele percebe que Jesus Cristo está acima de tudo: Cristo é a pessoa mais importante, mais preciosa para o crente. Além disso o cristão quer agradar a Deus em todos os aspectos de sua vida, assim como obedecer aos mandamentos de Deus. Esse tipo de mudança nos ajuda a perceber se a pessoa é nascida de novo; 

    "Ora", você poderia dizer: "certamente outros também podem ser mudados, muitos admiram a Jesus Cristo, querem viver de modo cristão. Você estaria dizendo que todas essas pessoas são verdadeiros crentes em Cristo?" 

    Bem, certamente é verdade que as pessoas podem parecer cristãos sem ter a vida nova provinda de Deus. Isso é triste, porém verdade, e é o que desejo explicar neste momento. Creio que existem diferenças entre verdadeiros cristãos e aqueles que parecem ser cristãos autênticos, mas não o são. 

    Antes de tudo, deixem-me dizer que esses dois tipos de pessoas podem ser muito parecidos. É possível parecer um cristão e ainda assim não ter mudado ou sido feito de novo. Por exemplo, tanto cristãos verdadeiros quanto aqueles que só parecem sê-lo podem ter muito conhecimento sobre a fé. Como vemos em Hebreus, capítulo 6, versículo 4, "foram iluminados". Você pode não ser um verdadeiro cristão, todavia pode ter uma grande compreensão das crenças cristãs; pode até ficar muito entusiasmado com o ensinamento cristão. 

    Como o solo pedregoso na parábola de Cristo, você pode receber a palavra de Deus com alegria (Mat. 13:20). Pode mudar seu modo de vida, evitar o pecado e fazer o que é certo, como o fariseu que disse corretamente: "ó Deus, graças te dou, porque não sou como os demais homens" (Luc. 18:11). Você pode aprovar os ensinamentos de Cristo, como aqueles que disseram de Jesus, em João, capítulo 7, versículo 46: "Nunca homem algum falou assim como este homem". Você pode ser assim, e entretanto não ser um cristão autêntico. Do mesmo modo, aqueles que não são verdadeiros cristãos podem falar de modo muito semelhante aos crentes. Podem falar sobre o evangelho, admitir seus pecados perante os outros, se entristecer por seus pecados, podem aprender o que Deus quer que façam, podem se j untar aos cristãos por um tempo e trabalhar com eles, podem dar dinheiro para o trabalho de Deus. Podem fazer tudo isso, entretanto ainda assim não ser cristãos autênticos. 

    Ademais, os que de fato não são cristãos podem se tornar dolorosamente conscientes de seus pecados. Podem ficar preocupados sobre o mal neles mesmos, como Judas ao dizer: "Pequei, traindo o sangue inocente" (Mat. 27:4). Podem ficar profundamente perturbados quando ouvem pregações sobre a santidade de Deus, e Seu futuro julgamento contra o pecado, a necessidade de auto-controle e santidade de vida. Félix foi assim, quando Paulo pregou a ele: enquanto Paulo argumentava sobre honradez, auto-controle e o julgamento, Félix teve medo (Atos 24:25). Mais tarde, essas mesmas pessoas, que estavam preocupadas com a verdade de Deus, podem encontrar alguma paz e tranqüilidade, esperando que Cristo as salve. Tudo isso pode se seguir a uma grande reforma de caráter e a uma mudança no modo de viver. De fato, toda essa preocupação como pecado e mudança e conduta pode parecer endossado por algumas experiências especiais da bondade de Deus. Hebreus, capítulo 6, versículos 4 e 5, até mostra que tais pessoas podem encontrar um certo tipo de satisfação no que Deus diz. No entanto, apesar de tudo, elas ainda podem estar longe de Deus, sem ter sido mudadas por Sua bênção de uma nova vida. 

    Tais pessoas podem até demonstrar sinais muito parecidos com a obra do Espírito Santo nos verdadeiros cristãos. O Espírito Santo dá fé, e você pode ter um tipo de fé, contudo ainda não ser um verdadeiro crente. Simão o Mago também "creu", diz a Bíblia, "e, sendo batizado, ficou de contínuo com Filipe; e, vendo os sinais e as grandes maravilhas que se faziam, estava atônito" (Atos 8:13). Você também pode ter um tipo de arrependimento, ou uma sensação de admiração e temor diante de Deus, mas ainda assim não ser um cristão autêntico. Eu diria que tudo o que o Espírito Santo pode dar ao crente pode ser imitado por pessoas que não são crentes verdadeiros. 

    Creio ser bem possível para certas pessoas ter experiências muito similares àquelas dos verdadeiros cristãos, porém mesmo assim não terem sido mudadas por alguma verdadeira obra de Deus em suas vidas. As pessoas podem saber algo sobre o poder do Espírito Santo agindo nelas, e no entanto não ter sido realmente mudadas em povo de Deus. Creio que o escritor da carta aos Hebreus fala sobre isso, quando diz que aqueles que entenderam alguma coisa da verdade de Deus, e provaram quão boa é a Sua palavra, e o dom celestial, que se tornaram participantes do Espírito Santo, e experimentaram os poderes do século futuro, não podem ser trazidos de novo para o arrependimento se caírem novamente (6:4-6). Então, se os incrédulos podem parecer tanto cornos cristãos, como podemos estabelecer a diferença? 

    Uma diferença importante é que a vida interior do verdadeiro crente é transformada e feita de novo, Isso nunca ocorre com alguém que simplesmente se parece com um cristão, porém não é. Cristianismo verdadeiro começa em nossos corações. Quero dizer com isso que a verdadeira mudança ocorre no centro de nossa vida. Há uma profunda mudança em nosso pensamento, quanto ao que queremos como ao que sentimos. É isso que Ezequiel queria dizer quando falou que Deus daria a Seu povo um coração de carne no lugar de coração de pedra (Ez. 36:26). Queria dizer que Deus mudaria o modo como pensava e sentia, mudaria sua vontade de forma que desejasse o que Ele queria. O verdadeiro cristão é mudado desse modo. Em especial, o verdadeiro cristão sabe que Jesus Cristo é a única bênção satisfatória em todo o mundo, por quem compensa deixar tudo o mais para traz. O verdadeiro crente sabe que "o reino de Deus é semelhante a um tesouro escondido num campo que um homem achou e escondeu: e, pelo gozo dele, vai, vende tudo quanto tem, e compra aquele campo" (Mat. 13:44). Se você tiver sido feito de novo pela graça de Deus, certamente você saberá que uma mudança profunda ocorreu em você, de maneira que ache somente em Jesus Cristo tudo o que é bom e compensador. 

    Isso leva à segunda diferença entre um verdadeiro cristão e alguém que simplesmente pareça como cristão, mas não é. Os que não são realmente cristãos podem mudar seu modo de vida e dizer que são pessoas novas, entretanto essas mudanças não procedem de uma mudança de coração ou do desejo de agradar a Deus. Em vez disso, sempre há algum outro objetivo em mente. Talvez queiram conseguir elogios dos outros por suas vidas. Talvez esperem escapar da ira de Deus contra seus pecados. Podem desejar sair de alguma confusão, ou se livrar de uma consciência dolorida. Seja o que for, o objetivo sempre será outro que não agradar a Deus. Somente o verdadeiro cristão quer agradar a Deus. Somente aquele que nasceu de novo busca "primeiro o reino de Deus, e sua justiça" (Mat. 6:33). A coisa indispensável para ter uma vida cristã é que tenhamos em Cristo um verdadeiro amigo e companheiro. Mas é exatamente isso que aqueles que não são cristãos autênticos de fato nunca querem. 

    Eu disse há pouco que pessoas que não são crentes verdadeiros podem mostrar sinais de cristianismo muito parecidos com a obra do Espírito Santo de Deus. O Espírito Santo nos traz para o arrependimento, e muitos parecem entristecidos por seus pecados. O Espírito Santo nos ensina a verdade sobre Jesus, e muitos parecem ansiosos em aprender sobre Cristo. Do mesmo modo, o Espírito Santo nos leva às boas obras, e muitos querem fazer boas obras. A questão, entretanto, é como vemos esses sinais de cristianismo. Que valor damos as boas obras, ou aprendizado sobre Cristo, ou entristecimento pelo pecado? Acaso pensamos que essas coisas podem nos ganhar o perdão de Deus? Os que não são verdadeiramente cristãos pensam assim.   Pensam que sua própria tristeza pelos pecados, ou o que aprenderam sobre Jesus, ou suas boas obras - talvez com alguma ajuda de Deus - ganharão a misericórdia de Deus para eles. Nenhum verdadeiro cristão pensa assim. Todo o crente sabe que somente Jesus Cristo pode conduzir-nos para Deus. 

    Três coisas são importantes e necessárias no cristianismo. A primeira é, ser esvaziado de toda a própria bondade, ter coração quebrantado, saber que somos pecadores e estamos perdidos e distantes de Deus (pois Cristo veio buscar os que estavam perdidos). A segunda é estar totalmente satisfeito com Jesus Cristo como o único Salvador dos pecadores perdidos, e a terceira - voltar-se sincera e completamente para Jesus Cristo, para fazer Sua vontade e agradá-lo. Você poderia dizer: "Sim, as três coisas são verdadeiras a meu respeito"? É isso que mostra que alguém é um cristão autêntico.