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    Deus guardará seguros os crentes até o Fim - Abraham Booth (1734-1806)



    A graça mantém os crentes seguros até que cheguem ao céu
    Nos capítulos anteriores, vimos que maravilhosos privilégios são dados ao crente pela graciosa generosidade de Deus - justificação, adoção e santificação. No entanto, qualquer crente que compreende a fraqueza do seu próprio coração e a força de seus inimigos espirituais, perguntará prontamente: como posso saber que não perderei estas dádivas inapreciáveis? A graça as deu, porém, como as reterei? Lembre-se de Pedro! "Ainda que todos se escanda­lizem em ti, eu nunca me escandalizarei." "Ainda que me seja mister morrer contigo, não te negarei" (Mat. 26:33,35). Ele falou tão confiantemente! Não obstante, caiu! Como, então, perseveraremos?
    A Bíblia diz que Deus dá capacidade, de modo que mesmo um "bichinho... os montes trilhará e moerá" (Is. 41:14-15). Sim, os crentes perseverarão. Isso não é difícil de acreditar quando nos lembramos de que o Deus Triuno está totalmente empenhado na tarefa de preservar Seus filhos. Seguem-se algumas razões referentes à nossa segurança.
    1.              O amor de Deus guardará seguros os crentes. Tendo--os uma vez escolhido por Seu amor misericordioso., ou esse apior precisa morrer ou ele precisa ser impedido de fazer aquilo que deseja, antes que o crente possa ser perdido. O amor de Deus, no entanto, é imutável e Seu propósito não pode ser frustrado.
    2.              O poder de Deus guardará seguros os crentes. Se uma só alma salva pudesse ser perdida, então duvidaríamos de que Deus tem todo o poder; Sua glória poderia ser questionada; Sua sabedoria revelar-se-ia incompleta.
    3.              As promessas de Deus guardarão seguros os crentes. Deus tem feito muitas promessas a Seus filhos, tais como: "Não te deixarei, nem te desampararei" (Heb. 13:5). Nessas promessas... "é impossível que Deus minta" (Heb. 6:18).
    4.              O concerto de Deus garantirá que os crentes serão guardados seguros. Os crentes são o objeto do novo concerto da graça feito por Jesus Cristo. Esse é um pacto muito melhor do que o velho pacto feito com Adão (o qual foi temporário, garantindo a vida somente enquanto houvesse obediência perfeita). O novo concerto é descrito como um "concerto eterno". Deus diz: "E farei com eles um concerto eterno, que não se desviará deles, para lhes fazer bem" e "lhes darei um mesmo coração e um mesmo caminho, para que me temam todos os dias..." (Jer. 32:39-40). Que maior segurança poderia haver do que num concerto como esse?
    A fidelidade de Deus guardará seguros os crentes. Deus diz: "...nem faltarei à minha fidelidade" (Sal. 89:33). Regozijem-se, então, crentes fracos! A base da sua confiança é forte - mais forte do que as turbulências da vida; mais forte do que os temores da morte; mais forte do que os terrores do juízo. O Deus de poder, de verdade e de graça é Deus fiel também.
    6.             O valor do sacrifício de Cristo, Sua intercessão por Seu povo e Sua união com ele garantem que os crentes serão guardados seguros. Teria Ele sofrido tanto apenas para perder aqueles que redimiu? Se Ele é responsável para com "o Pai que me enviou, para que nenhum daqueles que me deu se perca" (João 6:39), acaso poderíamos imaginar que Ele falharia? Poderíamos pensar que Suas orações seriam ignoradas pelo Pai que nEle Se compraz? Se os crentes estão unidos a Ele como membros do corpo espiritual, do qual Ele é a cabeça, como poderiam eles ser perdidos?
    7.             O Espírito Santo, vivendo nos crentes, guarda-os seguros. Ele é o guia deles e os fortalece. Em viver neles, o Seu propósito é levá-los à glória. Ele é a "garantia (penhor) da nossa herança" (Ef. 1:14). Uma garantia como essa basta para assegurar aos crentes que alcançarão sua futura herança.
    8.             As Escrituras e as ordenanças da Igreja foram dadas de modo a guardar seguros os crentes. Todas as promessas, as exortações, as advertências e os exemplos na Bíblia, concorrem para guiar os crentes. Eles têm sua fé confirmada, sua santidade acrescida e sua compreensão aumentada pelas ordenanças da Igreja.
    Temos, então, inteira razão para concordar com Paulo quando diz que "Deus, onde quer que comece uma boa obra, certamente a completará" (Fil. 1:6). Os crentes são ramos de uma videira que nunca murchará, membros de um corpo cuja Cabeça jamais morrerá; eles vivem - não por sua própria vida - mas pela vida de Cristo.
    Aqui, talvez, surjam objeções, isto é, se a preservação dos crentes depende tanto de Deus, então será que precisam ser cuidadosos com o seu modo de viver, uma vez que sua segurança final está garantida? Foi exatamente assim que satanás tentou nosso Senhor. "Se tu és o Filho de Deus, lança-te daqui abaixo... aos seus anjos ele dará ordem a teu respeito" (Mat. 4:6). Nosso Senhor - que não tinha a menor dúvida a respeito do cuidado do Seu Pai para com Ele - rejeitou o argumento de satanás com repulsa, porque estava baseado num uso errado das Escrituras. O crente reagirá do mesmo modo e recusará viver descuidadamente. As promessas de Deus não nos foram dadas para permitir-nos pecar mais facilmente. Outros argumentos poderiam ser usados, mas desde que já foram considerados não os repetirei.
    Por outro lado, não é razoável argumentar que, devido os crentes serem instados a suplicar continuamente o auxílio de Deus, seu destino final deve ser incerto. Cristo mesmo orou fervorosamente e com freqüência ao Pai. Seria incerto o futuro de Cristo? Não! Orar, pedindo o auxílio de Deus, é uma coisa sensata para os crentes fazerem, pois se eles são descuidados e desobedientes, o Pai celestial precisa discipliná-los. Quando eles percebem que suas infidelidades ofendem o Espírito assim como desonram a Deus e o evangelho, eles aprendem a orar zelosamente por auxílio. A oração é necessária para uma vida espiritual bem sucedida agora, ainda que a perseverança até o fim esteja garantida para o futuro. Os verdadeiros crentes não podem ser descui­dados e indiferentes, uma vez que os seus incansáveis inimigos espirituais estão ávidos por levá-los à derrota.
    Contudo, os crentes podem ser confortados também. A graça de Deus começou por salvá-los, e tudo o que é necessário para garantir que alcançarão a perfeição é também graciosamente providenciado por Deus. Realmente felizes são aqueles que vivem no reino da graça.