A ESCRITURA É A PALAVRA DE DEUS
As tábuas eram obra de Deus;
também a escritura era a mesma escritura
de Deus, esculpida nas tábuas.
ÊXODO 32.16
O Cristianismo é a verdadeira adoração e serviço do verdadeiro Deus, Criador e Redentor da humanidade. E uma religião firmada na revelação: ninguém conheceria a verdade sobre Deus, ou seria capaz de se relacionar com Ele de um modo pessoal, se Ele não tivesse agido primeiro para se fazer conhecido. Mas Deus agiu desta maneira, e os sessenta e seis livros da Bíblia, trinta e nove escritos antes da vinda de Cristo e vinte e sete depois, compreendem o registro, interpretação, expressão e incorporação de sua auto-revelação. Deus e a religiosidade são os temas unificados da Bíblia.
De um ponto de vista, as Escrituras são o testemunho fiel dos piedosos ao Deus a quem amam e servem; de outro ponto de vista, por meio de um exercício singular da divina supremacia em sua composição, são elas o próprio testemunho e ensino de Deus em forma humana. A igreja chama a esses escritos Palavra de Deus, porque sua autoria e conteúdo são ambos divinos.
A garantia decisiva de que a Escritura, ou Bíblia, deriva de Deus e consiste inteiramente de sua sabedoria e verdade vem de Jesus Cristo e seus apóstolos, que ensinaram em seu nome. Jesus, Deus encarnado, viu sua Bíblia (nosso Velho Testamento) como instrução escrita de seu Pai celestial, à qual Ele, não menos que outrem, deve obedecer (Mt 4.4,7,10; 5.19,20; 19.4-6; 26.31,52-54; Lc 4.16-21; 16.17; 18.31-33; 22.37; 24.25-27,45-47; Jo 10.35), e a qual Ele tinha vindo cumprir (Mt 5.17,18; 26.24; Jo 5.46). Paulo se refere ao Velho Testamento como inteiramente impregnado pelo "sopro de Deus" — isto é, um produto do Espírito ("sopro") de Deus, tanto quanto o é o cosmos (SI 33.6; Gn 1.2) — e escrito para ensinar o Cristianismo (2 Tm 3.15-17; Rm 15.4; 1 Co 10.11). Pedro afirma a origem divina do ensino bíblico em 2 Pedro 1.21 e 1 Pedro 1.10-12, e assim também o escritor de Hebreus por sua forma de citação (Hb 1.5-13; 3.7; 4.3; 10.5-7,15-17; cf. At 4.25; 28.25-27).
Uma vez que o ensino dos apóstolos sobre Cristo é em si a verdade revelada nas palavras transmitidas por Deus (1 Co 2.12,13), a igreja corretamente considera os escritos autênticos dos apóstolos como complemento das Escrituras. Pedro se refere às cartas de Paulo como Escritura (2 Pe 3.15,16), e Paulo, de forma nítida, recorre à Escritura do Evangelho de Lucas em 1 Timóteo 5.18, onde menciona as palavras de Lucas 10.7.
A idéia de escritos orientativos do próprio Deus como base para a vida piedosa remonta ao ato divino de inscrever o Decálogo sobre tábuas de pedra e, em seguida, induzir Moisés a escrever suas leis e a história de suas relações com seu povo (Êx 32.15,16; 34.1,27,28; Nm 33.2; Dt 31.9). Meditar e viver com base nesse material foi sempre fundamental para a verdadeira devoção em Israel, tanto para os líderes como para a comunidade (Js 1.7,8; 2 Rs 17.13; 22.8-13; 1 Cr 22.12,13; Ne 8; SI 119). O princípio, segundo o qual todos devem ser governados pelas Escrituras, isto é, pelo Velho e o Novo Testamentos juntos, é igualmente básico para o Cristianismo.
O que as Escrituras dizem, Deus diz; porquanto, de modo comparável somente ao profundo mistério da Encarnação, a Bíblia tanto é plenamente humana como plenamente divina. Assim, todos os seus múltiplos conteúdos — histórias, profecias, poesias, canções, escritos de sabedoria, sermões, estatísticas, cartas, e o que mais houver — devem ser recebidos como vindos de Deus, e tudo o que os escritores da Bíblia ensinam deve ser reverenciado como instrução autorizada de Deus. Os cristãos devem ser gratos a Deus pelo dom de sua Palavra escrita, e devem ser cuidadosos em basear sua fé e sua vida total e exclusivamente nela. Caso contrário, não poderemos jamais honrá-lo ou agradar-lhe, como Ele nos ordena a fazer.