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    Pecado Original - Seus Efeitos – Thomas Watson ( 1620-1686)



    Primeira aplicação: o pecado original está disseminado entre nós e nos é inerente enquanto vivermos, isso refuta a posição dos libertinos e dos quakers que dizem que não temos pecado. Eles sustentam a perfeição e exibem muito orgulho e ignorância, porém, vemos as sementes do pecado original, mesmo no melhor deles. "Não há homem justo sobre a terra que faça o bem e que não peque" (Ec 7.20). E Paulo reclamava de um "corpo desta morte'' (Rm 7.24). Embora a graça purifique a natureza, ela não a aperfeiçoa.

    O apóstolo não diz aos crentes que seu "velho homem foi crucificado" (Rm 6.6), e que eles estavam "mortos para o pecado" (Rm 6.11)?
    E de fato eles estão mortos, veja:

    1.      Eles estão mortos espiritualmente para o pecado. Eles estão mortos tanto para a culpa como para o poder. O amor ao pecado é crucificado.

    2.      Eles estão legalmente mortos para o pecado. Como um homem sentenciado à morte está morto na lei, os crentes estão legalmente mortos para o pecado. Há uma sentença de morte declarada contra o pecado. Ele deve morrer e ir para o sepulcro. Porém, no presente, o pecado tem sua vida prorrogada. Nada além da morte do corpo pode nos libertar completamente do corpo dessa morte.

    Segunda aplicação: levemos a sério o pecado original e nos humilhemos profundamente por causa dele. Ele se apega a nós como uma doença, é um princípio ativo em nós, levando-nos ao mal. O pecado origi¬nal é pior que o pecado de fato; a fonte é maior que o arroio. Alguns pensam que, enquanto são cidadãos, eles são bons o suficiente. Que pena, a natureza está envenenada. Um rio pode ter lindos ribeiros, mas, no fundo, ser cheio de parasitas. Tu tens sobre ti um inferno, nada podes fazer quanto à tua desonra; teu coração, como solo lamacento, contamina a mais pura água que verte sobre ele. Conquanto seja regenerado, ainda permanece muito do velho no novo homem. Quanto o pecado original nos humilha. Essa é uma razão pela qual Deus deixou o pecado original em nós, para que tivesse um espinho para nos admoestar. Como o bispo de Alexandria, depois que o povo tinha abraçado o cristianismo, destruiu todos os ídolos deles menos um, para que, à vista daquele ídolo, eles tivessem aversão a si mesmos pela idolatria anterior. Da mesma maneira, Deus deixou o pecado original para abaixar as plumas do orgulho. Sob as nossas asas prateadas de graça se encontram pés pecadores.

    Terceira aplicação: deixemos essa percepção nos fazer buscar ajuda diariamente do céu. Peça que o sangue de Cristo lave a culpa do pecado, que o seu Espírito mortifique o poder do pecado, peça por outros níveis de graça: embora a graça não faça o pecado desaparecer, pelo menos ela o impede de reinar. Embora a graça não possa expulsar o pecado, pode repeli-lo. E, para nosso consolo, nas áreas em que a graça trava um combate contra o pecado, a morte nos proporcionará uma vitória.

    Quarta aplicação: deixemos o pecado original nos fazer caminhar com corações vigilantes e cautelosos. O pecado de nossa natureza é como um leão adormecido cuja raiva é despertada pela mínima coisa. Ainda que o pecado de nossa natureza pareça quieto e repouse como o fogo escondido sob as brasas, basta revolver somente um pouquinho e sentir o pequeno sopro da tentação que ele se inflama rapidamente e se propaga em maldades escandalosas. E por isso que precisamos sempre caminhar com vigilância. "O que, porém, vos digo a todos: vigiai!" (Mc 13.37). Um coração peregrino precisa de um olhar vigilante.