Há muitos textos das Sagradas Escrituras que se referem ao amor de Cristo. Por exemplo: "...o Filho de Deus, o qual me amou, e se entregou a si mesmo por mim" (Gaiatas 2:20); "Conhecemos a caridade nisto: que ele deu a sua vida por nós..." (I João 3:16); "Àquele que nos ama, e em seu sangue nos lavou dos nossos pecados...a ele glória e poder para todo o sempre" (Apocalipse 1:5-6). A porção mais brilhante da glória de Cristo é o Seu amor. Não há nenhum terror nele, mas é atraente e nos traz refrigério.
A razão principal de Cristo tornar-Se mediador foi por causa do amor do Pai. O qual escolheu salvar um número incontável de pessoas mediante o derramamento do sangue de Cristo. E eles são santificados pelo Espírito. (II Tessalonicenses 2:13; Efésios 1:4-9). Desde que Deus é amor, qualquer comunicação que se estabeleça entre Ele e Seu povo há de ser em amor. (I João 4:8-9,16). Certamente não havia nada neles para que Deus os amasse. Qualquer coisa boa que haja em alguém é o efeito do amor de Deus nele (Efésios 1:4). O amor de Deus é a eterna fonte da qual a Igreja recebe a sua vida através de Cristo.
Vamos agora considerar o amor do Filho, que é cheio de compaixão. Apesar de sermos criaturas pecaminosas, foi possível a nossa recuperação. Deus nos escolheu como um meio de expressar o Seu divino amor e bondade. Cristo assumiu a nossa carne e sangue, não a natureza dos anjos (Hebreus 2:14-16). Ele antevia com grande gozo a salvação dos pecadores, a qual iria trazer tanta glória a Deus.
O Seu desejo e prazer de assumir a natureza humana não foram diminuídos por causa do conhecimento das grandes dificuldades que Ele teria de enfrentar. Para nos salvar, Ele teria que continuar até que Sua alma estivesse "profundamente triste até a morte". Mas isto não O deteve. O Seu amor e perdão correram como águas de uma poderosa corredeira, porque Ele diz: "Eis aqui venho; no rolo do livro está escrito de mim: deleito-me em fazer a tua vontade, ó Deus meu; sim, a tua lei está dentro do meu coração. (Salmo 40:7-8).
Desta forma, um corpo foi preparado para Ele, a fim de dar expressão à imensurável graça e ao fervente amor que Ele possuía pela humanidade. Agora, quando pensamos no glorioso amor de Cristo, descobrimos que há em Sua natureza divina o amor de Deus, o Pai. E há mais ainda, porque quando colocou em prática esse amor, Ele foi humano também. O amor nas duas naturezas é bastante distinto, contudo vem da mesma pessoa, Cristo Jesus. Foi um ato indescritível de amor quando Ele assumiu a nossa natureza humana, porém isso foi apenas um ato de Sua natureza divina.
A Sua morte foi apenas um ato de Sua natureza humana. Os dois atos, porém, foram verdadeiramente dEle, como lemos em I João 3:16 "Conhecemos a caridade nisto: que ele deu a sua vida por nós".
Apelo a vocês para que, de contínuo, preparem as suas mentes para as coisas celestiais, meditando seriamente na glória do amor de Cristo. Isto não pode ser feito, se suas mentes estão sempre cheias de pensamentos terrenos. Não se satisfaçam com pensamentos gerais sobre o amor de Cristo, mas pensem nisso de uma forma um pouco mais detalhada.
1. Considerem de quem é o amor: o amor do Filho de Deus, que é também o Filho do homem. Assim como Ele é único, o Seu amor também deve ser único.
2. Pensem na sabedoria, bondade e graça demonstradas nos atos eternos de Sua natureza divina e na compaixão e amor de Sua natureza humana em tudo o que Ele fez e sofreu por nós (Efésios 3:19; Hebreus 2:14-15; Apocalipse 1:5).
3. Merecíamos a ira, porém "Nisto está a caridade, não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que ele nos amou a nós, e enviou seu Filho para propiciação pelos nossos pecados" (I João 4:10). O amor de Cristo não é diminuído porque nós somos espiritualmente desagradáveis.
4. Pensem no poder deste amor quanto aos seus efeitos em nossas vidas habilitando-nos a produzir frutos para Sua glória.
É por isso que devemos meditar nos ensinamentos das Escrituras que contêm a doçura do amor de Cristo. Não se contentem apenas em ter uma idéia do amor de Cristo em suas mentes, mas provem, nos seus corações que o Senhor é gracioso (Cantares de Salomão 2:2-5). Cristo é o alimento das nossas almas. Não existe outra nutrição espiritual maior do que o Seu amor para conosco, o qual sempre deveríamos desejar.