Os falsos profetas
normalmente chamam a atenção para si mesmos. Como Diótrefes, eles querem ter a
preeminência 3 Jo 9). Pedro faz esta descrição vívida: "Porque, falando
coisas mui arrogantes de vaidades, engodam com as concupiscências da carne e
com dissoluções aqueles que se estavam afastando dos que andam em erro" (2
Pe 2.18). Alguns ralam coisas mui arrogantes tendo a audácia de dar ordens a
Deus, dizendo-lhe o que fazer. Na televisão, vi um evangelista dizer a uma
mulher que não tinha podido gerar filhos:
— O que você quer, menino ou menina?
— Menino.
— Será um menino. Com olhos de que cor?
— Olhos azuis.
— Ele terá olhos azuis. Quando você quer que
ele nasça?
— Ano que vem.
— Ele nascerá ano que vem! Então, ele declara
que se ela tivesse
escolhido gêmeos, com
certeza o teria! Imagine!
No entanto, o que
acontecerá se este casal não tiver um menino de olhos azuis nascido ano que
vem? E se tiverem uma menina de olhos castanhos nascida em dois anos? Ou... e
se continuarem não tendo filhos? Eles dirão: "Fomos enganados por um falso
profeta!"? Não, é mais provável que digam: "Se tivéssemos tido mais
fé, Deus teria cumprido sua palavra em nossa vida". Na mente dos
seguidores dedicados, os pretensos profetas sempre ganham; somente as pessoas
comuns perdem.
Alguns chamam a atenção
para si mesmos pela aparência. Nos primeiros dias da Igreja, Apolônio escreveu
um documento sobre os falsos profetas, no qual disse que eles eram reconhecidos
pelo vestuário e comportamento. "Diga-me, um profeta pinta os cabelos? Um
profeta usa estíbio [uma substância luminosa, prateada e cristalina] nos olhos?
Um profeta gosta muito de se vestir bem?" Os falsos profetas, afirmou ele,
gostam de ser o centro das atenções. Todos temos de nos lembrar de que não é
possível, ao mesmo tempo, exaltar a Jesus e a nós mesmos.
O
ERRO DE PAULO EM ESTAR À ALTURA
Como Paulo seria
classificado, se comparado a esses "superapóstolos"? Seria
considerado fraco e desprezível. "Para minha vergonha, admito que fomos
fracos demais para isso!" (2 Co II.21, NVI) Ele era muito
"fraco" para usar as técnicas dos falsos profetas. Eles o fizeram
parecer fraco, porque não era atrativo e capaz de pregar tão bem como eles; e
mais, sua presença física não causava impressão. Um relato primitivo diz que
Paulo era baixo, careca e tinha pernas tortas. Imagine o ibope se ele estivesse
na televisão.'
Você já não acabou de
ouvir? "Paulo não tem o que estes outros líderes têm... Queremos mestres
que tenham bastante fé para que Deus pague nossos empréstimos; mestres que não
tenham de sofrer. Queremos alguém que tenha o poder de repreender um espinho na
carne do que viver com isto vitoriosamente!" E assim, enquanto Paulo
estava disposto a continuar sofrendo pela causa da cruz, esses homens estavam
oferecendo um caminho mais fácil e alternativo.
De forma interessante,
no restante de 2 Coríntios II, Paulo argumenta que seu distintivo de autoridade
não era sua habilidade de fazer milagres, mas o sofrimento que ele suportava (2
Co II.21-33)! Com efeito, ele está dizendo: "Vocês sabem que sou um
verdadeiro apóstolo, porque Deus também me deu a graça de sofrer". Ele foi
açoitado cinco vezes, fustigado com varas três vezes, apedrejado e náufrago.
Tudo isso, e muito mais, é o que lhe deu credibilidade ministerial.
Os crentes em Corinto
tiveram de fazer uma escolha: Eles queriam ser como Paulo, que não tinha
dinheiro e sofria, ou queriam ser como os falsos profetas que usavam roupas luxuosas?
Hoje, diríamos: "Queremos ser seguidores dos falsos profetas que usam
correntes de ouro, relógios Rolex e têm carros importados? Ou estamos dispostos
a seguir um Jesus que nos ensinou a sofrer?" Como fizeram os crentes em
Corinto, temos de fazer uma escolha.
A mensagem e autoridade
de Paulo vinham de Deus; as dos seus detratores vinham de Satanás. Ele afirmava
que as marcas do verdadeiro profeta é sofrimento e dificuldade, não saúde e
riqueza. Nem mesmo Jesus mudou o mundo através de milagres, mas pelo seu
sofrimento.
E sempre foi assim.
Erwin Lutzer