No mês de agosto de
1949 C. S. Lewis escreveu uma carta
ao Dr. Warfield Firor. Firor era um cirurgião americano famoso
na Universidade Johns Hopkins, que abasteceu Lewis com um fluxo interminável de
presuntos e outros presentes no final da década de 40, quando a Grã-Bretanha do
pós-guerra estava se reerguendo economicamente.
É divertido ler suas
cartas deste período e ver Lewis tentar expressar gratidão apropriada cada vez que
mais um presunto estava sendo assado no forno. Ele compartilhou a maioria deles
(dos presuntos) com os outros. Firor foi
visitar a Grã-Bretanha para estar com Lewis no início de 1949 - Lewis explora em cartas depois um tema levantado
em reflexões que tiveram juntos sobre os
Salmos.
“Quando você estava
aqui começamos a falar sobre o culto de Louvor, o que me levou a alguma
confusão inicialmente. “Glorificar a Deus!” - Tomando a linguagem tradicional:
glorificação, ou seja, literalmente, "fazer glorioso" - o que já não
é apenas glorioso, mas em si mesmo é a fonte de todas os outras GLÓRIAS - AMPLIAR
o que já é infinito? –Exaltar o que já é
mais alto do que tudo que pode ser concebido?
No começo é difícil ver
o que tudo isso significa. Parece simplesmente o mais puro servilismo - seria
como ficar dizendo a um homem rico que ele é rico, muito rico... e eu tenho
certeza que essa impressão tem um efeito poderoso e repelente sobre as pessoas
modernas, especialmente em democracias.
Presumo que a verdade é
que na medida em que uma criatura vê Deus de fato, apesar de não poder acrescentar
de forma alguma algo a Ele, tem que falar, é impelido a expressar-se - (não, é
claro, necessariamente por palavras) dizendo o que ele vê (o silêncio pode ser
um caminho muitos vezes por falta de palavras...). Mas seu 'louvor' é uma reação necessária: a
luz divina necessariamente fluirá de
volta à sua fonte a partir da criatura que se tornou seu espelho.
O sol não é brilhante
porque um espelho o reflete, mas o espelho brilha e o reflete se é um espelho,
é impossível não fazê-lo, pois apesar de refletir o “dom” em um nível inferior
do brilho real, foi criado para refletir a luz - e essa necessidade (o louvor é uma necessidade
inevitável no homem que viu e vê Deus) de dizer o que tem visto e experimentado
a todos os homens em amor é inexorável no homem que de fato vê Deus em Cristo.
Assim, "exaltar o
Senhor" é, na realidade, indistinguível de ver a Ele. No momento em que a
relação Criador-criatura é normal (no
sentido próprio da palavra normais ) - louvor ou adoração estão lá
automaticamente. A imagem do céu como a adoração perpétua, um lugar, nas
palavras para muitos, “horríveis”, do hino:
Onde o culto nunca para
E os Domingos não tem
fim...
O que tem atormentado
muitos ao pensar e os feito infelizes (encontrar um Domingo por semana para
isso já é sofrível para muitos!) – mas as palavras soam bem quando se vê o verdadeiro significado: a adoração perpétua
é a visão perpétua, o exercício perfeito de todas as faculdades
sobre o objeto perfeito. Tão perfeito que nunca se poderia ter muito dEle.
- As Cartas Completas
de CS Lewis - (Cambridge University
Press, 2004)