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    Joy to the World: A Reconsideração de um Hino de Natal!




    Isaac Watts (1674-1748)  foi, sem dúvida, o mais prolífico escritor de hinos de sua época ( É creditado a ele 750 hinos ). Ele é conhecido por compor hinos atemporais tais como “Behold the Glories of the Lamb” (“Contemplai as Glórias do Cordeiro" em tradução livre - https://www.youtube.com/watch?v=cDbUjjcmSUI)  e "When I Survey the Wondrous Cross” (Quando eu Contemplo a Maravilhosa Cruz” - https://www.youtube.com/watch?v=tB2dFvJVK-8). No entanto, Watts é mais conhecido por escrever o hino "Joy to the World", música tocada em todo o mundo durante o Natal a cada ano.


    Embora seja muito apreciado hoje, durante a sua vida Watts foi considerado por muitos como uma perturbação ao status quo e possivelmente até mesmo um herege pelas letras que escreveu. Contudo ele não era um herege, ele era um revolucionário.


    Watts cresceu em um mundo onde a música, em todos os cultos, consistia apenas de salmos ou seções das Escrituras inseridos em uma melodia. Watts achava isso uma prática monótona. Para ele, faltava alegria e emoção entre os fiéis enquanto cantavam. Certa vez ele proferiu a famosa frase: "Ver a indiferença maçante, o ar negligente e desatencioso estampado nas faces de toda a congregação enquanto um salmo está em seus lábios, pode fazer com que um piedoso observador seja tentado a duvidar do fervor de sua religião interior."


    Hinologia Pioneira


    O pai de Watts lançou um desafio. Ele disse Watts que, se ele estava insatisfeito com as músicas que eles cantavam, então ele deveria fazer algo a respeito. Talvez ele devesse tentar escrever algo diferente. Este momento impulsionou Watts a se empenhar, por toda a vida, em escrever letras que exaltassem Cristo e que lembrassem aos cristãos de sua esperança em Sua obra redentora na cruz.


    Este desejo é evidente na forma como ele escreveu "Joy to the World". Watts foi inspirado a escrever esta música atemporal enquanto meditava no Salmo 98. O versículo 4 o capturou: "Celebrai com júbilo ao Senhor, todos os confins da terra; aclamai, regozijai-vos e cantai louvores!". E isso é exatamente o que Watts se propôs a fazer. Mal sabia ele que essa música provocaria um ruído alegre que reverberaria através das eras.


    Foco na Segunda Vinda


    Enquanto "Joy to the World" é cantada principalmente no Natal, ela não é sobre a encarnação. Em vez disso, a música conta a história de retorno de Cristo - Sua segunda vinda. Sabemos disso por, no mínimo, três razões:


    Em primeiro lugar, a canção fala de toda a terra receber seu Rei:

    Alegria para o mundo! O Senhor é chegado;
    Que a terra receba seu Rei;
    Que cada coração lhe prepare lugar,
    E os céus e a natureza cantem.

    Mas é isso o que aconteceu quando Cristo veio? Afinal, as Escrituras nos dizem que Ele não foi prontamente recebido por todos.

    Era desprezado e o mais rejeitado entre os homens; homem de dores e que sabe o que é padecer; e, como um de quem os homens escondem o rosto, era desprezado, e dele não fizemos caso. (Isaías 53: 3.)

    A terra não recebeu o seu Rei, mas como ovelhas, se extraviaram. Ainda assim, sabemos que haverá um dia em que isso não será assim:

    Pelo que também Deus o exaltou sobremaneira e lhe deu o nome que está acima de todo nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na terra e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é Senhor, para glória de Deus Pai. (Filipenses 2: 9-10.)

    Naquele dia, os céus e a natureza cantarão e repetirão a sonora alegria por toda a eternidade.

    Em segundo lugar, sabemos que esse hino é uma canção da segunda vinda de Cristo, porque o verso três fala sobre pecados e tristezas não mais existindo:

    Não haja mais pecado e dor,
    Nem cardos pelo chão;
    Ó vem trazer o teu favor,
    Desfaz a maldição,
    Desfaz a maldição,
    Desfaz, desfaz a maldição.

    Se você viveu nesta terra por mais de dois minutos, você sabe que isso não é a nossa experiência atual. Em Marcos 13 Jesus predisse o que ainda estava por vir após sua morte, quando disse:

    Porque se levantará nação contra nação, e reino contra reino. Haverá terremotos em vários lugares e também fomes. Estas coisas são o princípio das dores (de parto). (Marcos 13: 8)

    O mundo não está livre de pecado. O mundo não está desprovido de tristeza. Ainda não, pelo menos. Jesus nos disse que não deveríamos nos alarmar quando ouvíssemos sobre a devastação do mundo. Por quê? Porque "é necessário assim acontecer, mas ainda não é o fim." (Marcos 13: 7). Hebreus 10 nos diz: Jesus, porém, tendo oferecido, para sempre, um único sacrifício pelos pecados, assentou-se à destra de Deus, aguardando, daí em diante, até que os seus inimigos sejam postos por estrado dos seus pés. (Hebreus 10: 12-13)

    Embora o cumprimento de toda a obra de Cristo não esteja plenamente expresso neste lado da eternidade, sabemos que haverá um dia em que estará. Cristo está sentado à direita do Pai, aguardando até o momento perfeito - um momento em que todas as boas coisas se concretizarão. É desta forma que esperamos.


    Em terceiro lugar, o verso final revela que este hino é sobre a segunda vinda. Ele diz:

    Ele governa o mundo com a Verdade e Graça,
    E faz com que as nações provem
    As glórias de Sua justiça,
    E as maravilhas do Seu amor

    Estas linhas finais falam de como as nações terão um papel ativo na revelação da glória de Deus. Sabemos que todas as nações da terra são, em última análise, sujeitas a mão sempre soberana de Deus. Ele é o único que dá autoridade, e é Ele o único que a retira. Ele usa cada erro, cada decisão errada, cada guerra, cada calamidade, e cada temporada de prosperidade, tudo para a sua glória. Mas nós ainda não vimos as nações deste mundo buscando intencionalmente provar das maravilhas e glórias de nosso Rei supremo. Na verdade, elas muitas vezes procuram difamar o nome de Deus. Mas Ele não vai compartilhar sua glória com outros. O Eu Sou é zeloso pelo Seu nome. Certamente, haverá um dia em que poderemos dizer: "Ele governa o mundo com Verdade e Graça, e faz com que as nações provem" a sua glória. E esse dia será maravilhoso.




    É Um Hino de Natal, Afinal?

    Então, por que cantar essa música no Natal? Ela é, evidentemente, uma canção sobre a segunda vinda de Cristo – quando a plena expressão da Sua glória será revelada. Ele realmente não tem nada a ver com a história do Natal. Ou tem? Afinal, não há uma segunda vinda sem uma primeira vinda.

    Esta canção é sobre o cumprimento do que Cristo veio fazer, em primeiro lugar. Natal não é apenas um tempo para olhar para trás, para a Graça realizada no passado. Natal também é um momento de olhar para a frente, para a Graça realizada pelo nosso futuro. Quando cantamos essas palavras, estamos proclamando a alegria suprema a ser revelada. E é por isso que podemos cantar "Joy to the World" no Natal.

    Vi novo céu e nova terra, pois o primeiro céu e a primeira terra passaram, e o mar já não existe. Vi também a cidade santa, a nova Jerusalém, que descia do céu, da parte de Deus, ataviada como noiva adornada para o seu esposo. Então ouvi grande voz vinda do trono, dizendo: Eis o tabernáculo de Deus com os homens. Deus habitará com eles. Eles serão povos de Deus, e Deus mesmo estará com eles. E lhes enxugará dos olhos toda lágrima, e a morte já não existirá, já não haverá luto, nem pranto, nem dor, porque as primeiras coisas passaram. E aquele que está assentado no trono disse: Eis que faço novas todas as coisas. (Apocalipse 21: 1-5) 


    Alyssa Poblete
    Tradução – Jorge C. R. Bessa