“Por que Deus permite
isso? Por que Deus não faz aquilo? Por que Deus não me cura? Por que não salva
meu casamento?...
Ouvimos essas frases
constantemente, e, quem sabe, já as fizemos nos recantos de nossos corações sem
perceber quanta arrogância estão na raiz dessas perguntas. Todas essas
perguntas fluem de um senso de direito e de merecimento diante de Deus. Que
tipo de resposta esperamos de Deus?
Uma mulher cuja filha
tinha um espírito imundo, um dia se jogou aos pés de Jesus e pediu que Ele a
libertasse... A resposta de Jesus foi: “Mas Jesus disse-lhe: Deixa primeiro
saciar os filhos; porque não convém tomar o pão dos filhos e lançá-lo aos
cachorrinhos. Ela, porém, respondeu, e disse-lhe: Sim, Senhor; mas também os
cachorrinhos comem, debaixo da mesa, as migalhas dos filhos.” - Marcos 7:27-28
Que resposta! Em nossa
cultura somos ensinados a reivindicar nossos direitos. Em vez de agradecermos o
dom da vida, é mais comum dizer: “Não pedi para nascer... então eu tenho direito
há...´- Respostas como a dessa mulher não é comum nem entre aqueles que dizem
ter sido convertidos. Achamos que o
mundo e até mesmo Deus está em dívida conosco. Então podemos exigir nossos
direitos. Gostamos de ficar de pé sobre nossa própria “dignidade” e senso de “bondade”
e com base nisso fazer exigências. “Tenho direitos...” – Esta mulher não está
falando de direitos aqui. Ela não está dizendo – “Me dê com base no que eu
mereço, com base na minha dignidade, com base na minha bondade...”
A verdadeira fé
demonstrada por esta mulher é algo raro em nossos dias... o que é desesperador
reconhecer... porque o que será dessa geração?
Jesus disse: “...não
convém tomar o pão dos filhos e lançá-lo aos cachorrinhos.” – Se você é como a
maioria das pessoas de nossa geração, sua primeira reação a resposta seria de
irritação e se sentiria ofendido em sua “grande dignidade” – Sua sensibilidade,
que por causa do orgulho, está sempre a flor da pele, logo se ofenderia
profundamente. Podemos imaginar as falas e questionamentos que se seguiriam: “Como
você se atreve?” “Você sabe quem eu sou?” “Por que você não se importa comigo?”
“Você é um homem sem amor?” “Quem você pensa que é?” “Eu mereço isso!” “Minha
filha merece isso” “Não merecemos esse sofrimento” “Somos de uma boa família” “Como
você pode responder assim?” “Você como um mestre deveria ser bom!”...
Mas esta mulher está
pleiteando com Jesus a cura, a libertação de sua filha baseada só na graça,
mesmo sabendo que ela e sua filha não merecem isso. Quantas vezes suas orações
por salvação, cura... derivam do seu senso de valor, do seu senso de direitos
negligenciados... do que apelando apenas para a bondade imerecida de Jesus? Se
apelamos só para a bondade e graça imerecida, não nos ofendemos com qualquer
resposta que venha de Deus. Essa mulher apela para Cristo sem um resquício de
fazê-lo baseada em sua dignidade ou direitos, mas tão somente com base na Graça
extravagante de Cristo.
A maioria teria deixado
ofendido a presença de Cristo com sua primeira resposta: “...não convém tomar o
pão dos filhos e lançá-lo aos cachorrinhos.” – "Como Deus poderia me responder
assim?" Falamos em nosso corrompido senso de dignidade e merecimento.
Mas a verdadeira fé
sempre vai a Deus baseada no que Deus é e não no que nós somos. Qualquer
resquício de mérito, merecimento, dignidade... denuncia uma fé falsa.
Deus não lhe deve nada,
mas pode lhe dar tudo tão somente para e por causa da glória de Cristo.
“Ou
quem lhe deu primeiro a ele, para que lhe seja recompensado? Porque dele e por
ele, e para ele, são todas as coisas; glória, pois, a ele eternamente. Amém.”
- Romanos 11:35-36