Ah! A vida requer morte!
O evangelho pregado em
nossa geração se tornou tão destituído de sua substância que fez essa indagação
se tornar comum e ser vista como algo relevante a ser replicado tanto na vida
como nas redes sociais...
Mas esse tipo de
questão só pode ser levantada por quem nunca de fato ouviu o evangelho pregado
de verdade, nunca foi tocado por ele... e só pode ser replicado por pessoas que
se dizem cristãs mas nunca sequer entenderam o drama do homem caído e a boa
notícia do evangelho.
Nós somos chamados para
morrer e então viver. Não existe um evangelho se encaixando na vida de cada um –
“Assim que, se alguém está em Cristo,
nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo” –
2 Coríntios 5.17. Se a primeira preocupação é – como e o que eu sou será
poupado? Já não resta mais evangelho.
Cristo diz: “Pois qual de vós, querendo edificar uma
torre, não se assenta primeiro a fazer as contas dos gastos, para ver se tem
com que a acabar?” - Lucas 14:28 – Vivemos dias em que as pessoas falam
muito sobre Cristo e o evangelho, mas suas profissões de fé são sem qualquer
significado e isso é incentivado por muitos que se acham relevantes para esta
cultura.
A ideia vigente é – me aceita
como sou – e não se sentar e pensar: “quando custa?” – A resposta de Cristo é –
Custa tudo! Morrer! E não só no passo inicial, mas em toda a extensão do
percurso.
Todas as pessoas que
chegaram até a Cristo, Cristo imediatamente os apresentou a cruz. Um jovem
chegou até ele e antes de segui-lo pediu autorização para ir dizer adeus a seus
amigos... “Vou seguir-te, Senhor, mas deixa primeiro voltar e me despedir da
minha família” – Jesus responde: “Ninguém que põe a mão no arado e olha para
trás é apto para o Reino de Deus” – Lucas 9.61,62. – Um pedido natural, mas
Cristo imediatamente apresentou a ele a cruz. É o que Cristo continua dizendo: “Quem
não tomar a sua cruz e não me seguir, não pode ser meu discípulo” – Lucas 14.27.
Agora, se em questões que são absolutamente ridículas as pessoas estão pensando
e escolhendo na medida do que pode ser poupado, imagine no todo?
“Quem perder a sua vida
por amor a mim, a achará!” – Jesus não viveu considerando seu bem estar, seus
interesses, lucro, seu avanço... sacrificou sua vida. A vida que achamos, que
foi imortalizada, perpetuada – não é centrada em nós – é construída com
materiais imperecíveis que vão sobreviver, estando em Cristo, a todo o fogo que
a testar.
“Assim como o Pai me
enviou, assim também eu vos envio” -
João 20.21 – Cristo nos envia para quê? Pelo mesmo motivo que Ele foi enviado –
“Glorificar o Pai!” – A custa de tudo para Ele, a custa de tudo para nós. Os
envio para glorificar ao Pai no mesmo mundo que me rejeitou, carregando a mesma
cruz... Então ecoamos a cada dia – “Trazemos sempre em nosso corpo o morrer de
Jesus, para que a vida de Jesus também seja revelada em nosso corpo” – 2 Coríntios
4.10 – Quem já chega dizendo – “Me aceita como eu sou?” – Se ouviu algum
evangelho – foi um “evangelho tóxico”. Intoxicado com o ego, a vida
centralizada em si mesmo, no homem, no seu mundo...
A vida requer a morte...
esse é o padrão em toda a extensão do caminho. Em abril de 1983 – Jack Miller,
um pastor americano da Filadélfia, escreveu a uma jovem chamada Catherine, que
estava pensando em ir para o campo missionário em Uganda. Ela tinha sido retida
pelo medo. Ao final da carta Jack disse algo que mostra a realidade bíblica do
nosso chamado – do primeiro ao último passo – e expõe a futilidade da tentativa
de servir a Deus na base do “me aceita como eu sou?” - "Será seguro para mim?"
Jack disse a Catherine,
“Abra as Escrituras e
veja como nos dão a imagem completa da glória de sofrer por Cristo. O que se
descobre nela é que não há alegria permanente em Cristo além de uma vontade de
negar a nós mesmos, tomar nossa cruz e segui-Lo. Isto é, a sua vida não pode
ter poder nele ou até mesmo salvação, se você se recusar a ser como um grão de
trigo, que deve cair no chão e morrer para produzir frutos para a glória de
Deus, que é o objetivo da existência e de nossa redenção.
Deus te chama para a
grandeza, Catherine, mas a grandeza no reino tem tudo a ver com ele e não com
você, a grandeza significa fecundidade para a glória de Deus, e a fecundidade
vem de como nós morremos para nós mesmos – como morremos para nossos medos e
perdas e ressuscitamos dentre os mortos do mundo que vivem para isso. Eu não
pretendo, nem posso, responder se você deve ir ou não para Uganda. Só Deus
pode, finalmente, te mostrar isso... Mas sua vida deve ter morte em qualquer
lugar que você estiver ou for. O maior impedimento para uma vida que glorifique
a Deus aqui ou em Uganda... é escolher qualquer caminho que tende a fugir de
nossa própria morte. A cruz não pode ser evitada no caminho da vida que glorifica a Deus.”
Por que vivemos em
tempos em que ser cristão não faz diferença – não a diferença que uma ONG pode
fazer – mas a diferença onde Cristo e a beleza de sua santidade é manifestada
na escuridão de um mundo sem Deus? Temos procurado um “evangelho” que nos
poupe. Queremos abraçar, não motivados pela glória de um Deus santo pela qual vale
morrer mil vidas se as tivéssemos. Queremos algo sem recusar deixar a segurança
imediata, a vida que construímos a imagem de uma cultura que vive como se Deus
não existisse... a identidade que criamos nela queremos poupar. Poupar nossa
reputação, conforto de nossas tribos, realização, carreira, ou ____________
qualquer outra coisa que você queira incluir. Criando um terreno fértil para
inúmeras ansiedades do que pode ser perdido e do que pode ser poupado...
Segurando uma vida oca, nos preocupando em poupá-la, quando a verdadeira vida
nos aguarda, se simplesmente largarmos o punhado de “moedas” que queremos reter.
A pergunta não é – “me aceita como eu sou” – mas, o que
mais deve ir para cruz? O que não está crucificado em mim? “Mas longe esteja de mim gloriar-me, a não ser na cruz de nosso Senhor
Jesus Cristo, pela qual o mundo está crucificado para mim e eu para o mundo.”
- Gálatas 6:14
O brado é – avante à
morte e a alegria suprema no deleite em Cristo. O apóstolo Paulo morreu antes
de morrer. Como disse C. S. Lewis: “Morra antes de morrer, pois não haverá
nenhuma chance de fazer isso depois” – Morte e alegria, ambos ou nada!