O apóstolo Paulo faz
uma distinção entre os desejos da carne e dos pensamentos: “Entre os quais todos nós também antes andávamos nos desejos da nossa
carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos; e éramos por natureza
filhos da ira, como os outros também.” - Efésios 2:3
Ambos se opõe
totalmente a Deus, ambos são fruto de nossa natureza caída. Mas são diferentes
e de maneira sutil podem penetrar fortemente onde o outro não se manifesta tão
evidentemente.
Os desejos da carne parecem
ser as mais grosseiros, as paixões mais sensuais, conectadas, por assim dizer,
com a parte que gostaríamos de colocar como a mais inferior de nossa natureza.
Os desejos da mente são aqueles que estão conectados com o que vemos muitas vezes até como qualidade
superiores.
Alguns estão completamente
mergulhados em toda sorte de frutos sensuais de luxúria, na satisfação deles
avidamente... Enquanto outros, que podem desprezar tudo isso, ou pelo menos não
são tentados ou pratiquem tão avidamente estes, realizam com igual ardor os
sussurros de um caráter e disposição mais refinados.
Ambição de subir na
vida, sede de poder sobre seus semelhantes, um desejo por fama, uma filosofia
que parece moral mais que está em oposição a Verdade de Deus, descontentamento
com a atual situação da vida, invejando outros em posições superiores a eles,
riqueza, talento, realizações, posições mundanas, tentativa de felicidade fora
de uma vida que em tudo glorifica a Cristo, ambição de sair da obscuridade,
fazer um nome para si mesmo... “desejos
da mente”.
Observe como Paulo
coloca tudo isso no mesmo nível, os desejos da carne e da mente, e põe sobre eles o mesmo selo, ambos com a marca negra da
desobediência e sua consequência nefasta, a
ira de Deus.
Quando olhamos os
desejos da carne se manifestando de maneira grosseira, tendemos a vê-lo como
algo claro contra tudo o que Deus é, mas o que pensamos do comerciante
incansável(ou em qualquer outra atividade), enérgico nos negócios, tendo como
alvo da vida tão somente crescer... que põe em prática tudo que é necessário
para isso, que racionaliza suas motivações, ou seus desvios na busca do
crescimento?... Ele é igualmente culpado aos nossos olhos como aqueles que
expressam os grosseiros frutos da carne?
O que pensamos do
artista dedicado dia e noite no cultivo de suas habilidades como pintor, músico,
escultor, escritor... ou em todas as outras atividades da vida... enterrados em
seus livros... no ramo particular que escolheu seguir, cuja vida e energia é
totalmente gasta em satisfazer todos esses desejos de sua mente?
Tanto quanto a sociedade,
bem-estar público, o conforto próprio e de suas famílias, e o progresso do
mundo estão em causa aqui... quando chegamos
a pesar a questão diante de Deus, com a eternidade em vista, e as
julgamos com a Palavra da Verdade, vemos imediatamente que não há diferença
real entre eles, que o homem satisfazendo os desejos mais gritantes da carne e
o erudito, o artista, o homem de negócios, o homem literário... em uma palavra,
o homem do mundo, qualquer que seja o seu “mundo”... abraçado aos desejos da
mente... ambos são da terra, são inimigos de Deus... Deus não está no centro do
propósito de suas vidas, e se você pudesse olhar para o fundo de seus corações,
muitas vezes ficaria evidente que o homem de “bem” voltado para os desejos da
mente, com seu refinamento, educação... manifestam ser inimigos de Deus em suas
mentes mais profundamente do que o libertino.
O pecado em ambos é a
mesma coisa, e consiste no fato de que em tudo que eles procuram satisfazer é
uma mente carnal que é inimizade contra Deus e Sua Palavra, que não são
sujeitos a ela, e como disse o Apóstolo, nem mesmo o podem ser.
Deus (como se revelou
em sua Palavra) não está em suas mentes, em seus pensamentos... apesar de
viverem, respirarem, se moverem e existirem nEle, vivem inteiramente para si
mesmos, e portanto, são rebeldes na definição mais profunda que Deus dá em Sua
Palavra, alienados da vida de Deus, vivendo como se Deus não existisse ou como
se existisse, existisse para eles e não eles para Deus.
“Entre
os quais todos nós também antes andávamos nos desejos da nossa carne, fazendo a
vontade da carne e dos pensamentos; e éramos por natureza filhos da ira, como
os outros também.” - Efésios
2:3