James Hamilton (1814-1867)
– olhando para casas cobertas de neve no
inverno, nos mostra algo essencial para a vida espiritual. Ele diz: “Em uma
manhã de inverno, eu tenho notado uma fileira de casas de campo com uma grande
camada de neve em seus telhados... mas com o passar do dia, grandes fragmentos
de neve começam a cair a partir do beiral mais e mais a medida que a manhã
avança. Até que, como uma avalanche, todo o monte de neve do telhado deslizou
sobre as calçadas... e antes do pôr do sol, eu podia ver cada telhado tão limpo
e seco como se fosse véspera do verão.
Mas eu pude observar,
que aqui e ali, havia casas com seu manto de neve ainda sobre seus telhados com
um colar de gelo duro em torno dele que o impedia de cair.
O que fez a diferença?
A diferença era o que se encontrava dentro!
Algumas dessas casas
estavam vazias, ou o solitário morador delas se encolheu quieto por não haver
lenha para sua lareira, enquanto o lar povoado, com fogo na lareira, agitação,
atividade... criou tal calor interior, que o inverno externo e sombrio não pode
sustentar o gelo, perdeu seu controle e a massa de gelo não pode continuar
presa a casa. O gelo caiu e foi pisado nas calçadas.
É possível, por um
processo externo, empurrar grande parte do volume de neve do telhado gelado com
esforço, parte por parte. Mas ele vai se formar de novo. Ele precisa de um
calor interior para criar um degelo total.”
Assim, por processos
diversos, um homem pode se livrar da conduta ( todo o peso ) dos pecados
visíveis, mas ele precisa de um calor interno e escondido, um calor vital
dentro, para produzir uma tal separação entre a alma e as suas iniquidade que o
afligem. Esse calor é o amor de Deus derramado em abundância – o brilho (como
as lareiras acesas e a atividade naquelas casas) gentil que o Consolador
difunde na alma da qual Ele faz Sua casa. Sua habitação derrete a alma e os
seus pecados favoritos em pedaços, que despencam como a neve naqueles telhados,
e faz com que a indolência, outo-indulgência, racionalizações... caiam dissolvidos
pelo calor interno gerado por Ele, caiam de um
coração se dissolvendo em amor na contemplação da beleza da Sua santidade...
esse é o fogo que tudo derrete... que pecados favoritos poderiam permanecer?
A santidade não é algo
opcional. Acreditar na verdade bíblica da Soberania de Deus, na Graça
soberana... aponta para o imperativo da santificação. O mundanismo em quem fala
sobre a graça é sempre fruto da separação impossível da graça e da verdade,
como se fossem coisas antagônicas. A manifestação da glória de Deus em sua
perfeição em Cristo e em toda a Palavra mantém sempre estas duas coisas juntas:
“E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós, e vimos a sua glória, como a
glória do unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade.” João 1:14
A nossa santidade foi
planejada por Deus na eternidade: “Porque a graça de Deus se há manifestado,
trazendo salvação a todos os homens, Ensinando-nos que, renunciando à impiedade
e às concupiscências mundanas, vivamos neste presente século sóbria, e justa, e
piamente” - Tito 2:11-12 – É assim que a graça se manifesta. A graça de Deus se
manifestou e isso sempre produz santidade. A “graça de Deus se manifestou”
aponta, é uma referência a Cristo. Ele já veio e esse plano eterno mostra que a
nossa santidade é fruto de planejamento eterno.
A linguagem junto com a
eleição sempre é esta – aponta para a santidade, “Revesti-vos, pois, como
eleitos de Deus, santos e amados, de entranhas de misericórdia, de benignidade,
humildade, mansidão, longanimidade” - Colossenses 3:12 – e qualquer ensino das
Doutrinas da Graça que não apontem para isso, mas como uma liberdade para ser e
viver como o homem natural, caracterizado pela sociedade que nos cerca, é uma
grosseira falsificação da Verdade, o que não tem sido incomum nestes dias.
A santidade está
enraizada no conselho eterno de Deus: “Porque os que dantes conheceu também os
predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho” - Romanos 8:29 – O
propósito divino é mostrados na nossa conformidade a Cristo. Isto nada mais é
que Santidade. A semelhança com Cristo é a santidade, e é de suma importância
isso ficar claro para nós. Podemos ter inúmeras habilidade, conhecimento
teológico, capacidade intelectual, habilidades na comunicação, mas se não há
semelhança com Ele, não há santidade.
Como podemos saber que
fomos eleitos, pergunta John Owen – A resposta sempre vem – Deus destinou que
você seja santo? Ainda temos um combate com o pecado mesmo sendo homens
regenerados, e sem a Graça nós falharíamos completamente neste combate, mas o
plano eterno de Deus é o impulso e poder necessário e suficiente para o
crescimento em santidade.
A imagem de Deus foi
quebrada no homem quando este pecou – a obra eterna de Deus visa exatamente nos
livrar de tudo que não é Cristo em nós, santificação! O propósito de Deus é que
sejamos à imagem de Seu Filho, e a isto fomos eleitos e predestinados. Em
Romanos, Paulo continua dizendo que NADA vai frustrar esse plano – Satanás?...
Quem pode ficar no caminho de Deus? Quem pode destruir Seu propósito? Em seu
poder Onipotente e Soberano Deus em seu plano restaura o universo para que ele
reflita Cristo. Ele “desconstrói” os eleitos e reconstrói nosso caráter,
vida... para sermos semelhantes a Cristo. Deus está determinado que você (se de
fato é igreja de Cristo) vai ser transformado na mesma imagem de Cristo.
Santidade nos eleitos de Deus não é uma ameaça, mas um motivo de alegria,
adoração, humildade... porque a santidade foi comprada pela obra perfeita de
Cristo para todos aqueles que Deus chamou eficazmente.
Precisamos ver que o
papel de Cristo na santificação se estende para muito além da compra somente, a
santidade foi adquirida por Cristo – não como um trabalho adicional,
Justificação e Santificação estão ligadas entre si e inseparáveis. Minha santificação
é tão comprada como qualquer outro aspecto da salvação. Podemos ficar tão
focados no sangue de Cristo que perdoa, que perdemos de vista que ele também
compra a nossa santificação e santidade. Não há nenhuma benção no Evangelho que
vem de algo além de Cristo e este crucificado. Nós não recebemos nada ( e nem
poderíamos ) que Ele não tenha comprado por sua obediência e expiação: “E,
visto como os filhos participam da carne e do sangue, também ele participou das
mesmas coisas, para que pela morte aniquilasse o que tinha o império da morte,
isto é, o diabo; E livrasse todos os que, com medo da morte, estavam por toda a
vida sujeitos à servidão. Porque, na verdade, ele não tomou os anjos, mas tomou
a descendência de Abraão. Por isso convinha que em tudo fosse semelhante aos
irmãos, para ser misericordioso e fiel sumo sacerdote naquilo que é de Deus,
para expiar os pecados do povo.” - Hebreus 2:14-17
A morte de Cristo é uma
realidade multifacetada, e isto é assim porque o pecado não é uma massa única e
independente em nossos corações, mas o pecado é tecido multidimensionalmente em
nossas vidas. A salvação no Sangue derramado na Cruz é uma perfeita expiação
que corresponde a esse pecado. Estamos indo para sermos um dia totalmente
santificados – o que significa que não haverá nenhum vestígio de pecado em nós
– e esse processo poderoso e infalível em todos os que Deus elegeu, começa
imediatamente no momento que o homem é regenerado: “que se entregou a si mesmo
por nossos pecados a fim de nos resgatar desta presente era perversa, segundo a
vontade de nosso Deus e Pai” Gálatas 1:4
Muitas vezes o
entendimento das pessoas sobre a cruz é completamente superficial – temos que
enxergar as múltiplas dimensões do pecado e entendermos claramente as múltiplas
dimensões da obra feita na cruz: “Porque Deus nos escolheu nele antes da
criação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis em sua presença.” -
Efésios 1:4
“Revesti-vos, pois,
como eleitos de Deus, santos e amados, de entranhas de misericórdia, de
benignidade, humildade, mansidão, longanimidade” - Colossenses 3:12
Voltando a James
Hamilton (1814-1867,
Há um habitante na
casa?
Ele está agindo?
A lareira está acesa?
Há calor interno?
Como o gelo poderia
permanecer no telhado?
Todo pecado entra em colapso!!!