“Não
reine, portanto, o pecado em vosso corpo mortal, para lhe obedecerdes em suas
concupiscências” - Romanos
6:12
Esta exortação de Paulo
está baseada no que ele acabou de dizer. Há uma palavra de ligação: “Não reine,
portanto...” – Ou seja, em vista do
que agora vocês sabem, não deixem reinar o pecado em vosso corpo mortal. Vocês
devem buscar a santidade porque determinados fatos são verdadeiros e
inequívocos.
Que fatos são esses?
Paulo tinha dito: “Permaneceremos no
pecado para que a graça aumente?” – Ele responde: “Nós morremos para o pecado,
como podemos continuar vivendo nele” (v. 1,2) – A partir daí Paulo desenvolve
essa verdade (v. 3-11). É a isso que o “portanto” do verso 12 se refere. Está
alicerçado no fato de que já morremos
para o pecado, portanto, ele não pode reinar em nossos corpos. Se não
entendermos o que Paulo disse antes, a exortação do verso 12 não fará nenhum
sentido.
Paulo ensina que o
nosso morrer para o pecado é o resultado de nossa união com Cristo. Sem
exceção, de todos os que estão de fato unidos a Cristo (v. 2-11). Porque Ele
morreu, nós morremos para o pecado em Sua morte. Portanto, é evidente que o
nosso morrer para o pecado não é algo que fazemos, mas algo que Cristo fez,
cujo valor é revertido para todos aqueles que estão unidos com ele.
Esse é um fato, quer
percebamos ou não. Cristo morreu para o pecado e todos os que estão unidos com
Ele morreram. Porque estamos mortos para o pecado através de nossa união com
Cristo, não devemos deixar o pecado reinar em nossos corpos mortais. Nossa vontade
deve ser totalmente influenciada pelo fato de que morremos para o pecado.
Mas o que Paulo quer
dizer com a expressão morreu para o pecado? Morremos para o domínio do pecado,
ou para o reino do pecado. Antes de estarmos em Cristo, estávamos no reino de
Satanás e do pecado. Nós “seguíamos os
caminhos deste mundo e do governante das potestades do ar” (Ef 2.2). Estávamos
sob o poder de Satanás (At 26.18) e completo domínio das trevas (Col 1.13).
Éramos escravos do pecado (Rm 6.17). Nós já nascemos neste reino de escravos do
pecado, da morte. Todos os que nasceram em Adão, exceto Cristo, nasceu escravo
do pecado, nasceu sob o reino do pecado e de Satanás.
Mas em nossa união com
Cristo nós morremos para este mundo. Fomos libertos da escravidão (Rm 6.18),
fomos resgatados do Impérios da Trevas (Col 1.13), e fomos libertos e levados
do poder de Satanás a Deus (At 26.18). Antes, toda a idéia de liberdade que o
homem nutre, não passa de ilusão. Todos nascidos em Adão são escravos do
pecado, sob o reinado e direção do pecado. Independente de quão moral e decente
você possa rotular alguém, o homem vive no reinado do pecado e satisfaz seu
mestre até em seus aparentes “atos de justiça”. Mas através da união com Cristo
em Sua morte para o pecado, fomos transportados para o Seu reino de justiça.
Não é algo que nós fizemos, é fruto da nossa união com Ele em Sua morte.
É porque estávamos
neste reino de pecado, sob o seu reinado e governo, que começamos deste a
infância a manifestar todo tipo de pecado que é a expressão de todo coração
alienado de Deus em sua natureza adâmica. Éramos escravos e agíamos como
escravos. Mesmo que vivêssemos naquilo que o mundo determina ser uma pessoa boa
e moral, vivemos o tempo todo para nós mesmos e não para Deus, e de nossos
corações produziam todo tipo de motivação, desejos, atos... condizentes com
nossa escravidão. Nossa atitude para com Deus, Cristo... sempre foi aquela
descrita em Lucas 19.14: “Nós não queremos este homem para ser o nosso rei”
Se fomos libertos desse
reino, por que nós ainda pecamos? Temos uma nova natureza, mas nós nascemos
pecadores, o que nos levou a desenvolver
na prática estilos particulares de pecar. A velha vida foi em tudo treinada
para a impiedade. Todos esses hábitos pecaminosos fizeram parte de nossa vida
por longo tempo. Apesar do domínio do pecado ser quebrado, o pecado ainda
exerce um poder tremendo trabalhando constantemente para o mal. Fazemos guerra
a isso sob a atuação toda-poderosa do Espírito Santo: “Porque a carne cobiça contra o Espírito, e o Espírito contra a carne;
e estes opõem-se um ao outro, para que não façais o que quereis. Mas, se sois
guiados pelo Espírito, não estais debaixo da lei”. - Gálatas 5:17-18 – Essa luta agora, não ocorre debaixo da lei, ou
seja, “nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus” – Ele já é
feita sob a atuação toda poderosa do Espírito debaixo da Graça. A graça não é
só perdão e libertação da condenação da lei, ela é o poder de Deus para uma
nova vida.
Quando escravos foram
libertos no Brasil... eles não começaram imediatamente a pensar como homens
livres, eles ainda tendiam a agir muitas vezes como escravos porque haviam
desenvolvido padrões de hábitos de escravidão.
Junto a isso, devemos
lembrar que não só fomos escravos desde o nosso nascimento, mas ainda vivemos
em um mundo povoado por escravos do pecado. Os valores convencionais em torno
de nós refletem essa escravidão em todas as esferas, e o mundo o tempo todo
tenta nos conformar ao seu próprio molde pecaminoso e de escravidão.
Embora tenhamos sido
libertos do reino do pecado, não estamos livres de seus ataques. Embora o
pecado não possa reinar em nós, ou seja, em nossa personalidade essencial, pois
fomos regenerados, pode, se não for controlado, reinar em nossos corpos
mortais. Ele vai, por exemplo, tentar transformar os instintos naturais de
nosso corpo em luxúria, vai tentar transformar apetites naturais em
indulgência, nossa necessidade de roupa, alimento e abrigo em materialismo,
nossos instintos sexuais em imoralidade...
Então para esses que na
morte de Cristo morreram para o pecado e estão livres da sua escravidão, que
agora estão em união vital com Ele, habitados pelo espírito, justificados por
fé... Paulo exorta para estar atentos para não deixar o pecado reinar em seus
corpos mortais. Antes dessa união com Cristo, antes da regeneração, antes da
justificação, antes da libertação da condenação da lei... esta exortação seria
inútil. Você não pode dizer a um escravo que viva como um homem livre.
Agora que estamos de
fato mortos para o pecado, para o seu governo e reinado – Podemos nos levantar
e dizer não a ele. Quando pecado como cristão, e veja como isso é um terrível
agravante, nós não pecamos como escravos, nós permitimos que ele o pecado reine
em nossos corpos mortais. Assim, a exortação de Paulo é: “Não reine, portanto, o pecado em vosso corpo mortal, para lhe obedecerdes
em suas concupiscências” - Romanos
6:12