A Bíblia é suficiente
para lidar com nossas mais profundas necessidades psicológicas e emocionais ou
não?
Nos últimos anos,
ocorreu uma mudança dramática no cristianismo ocidental: a psicologia inundou a
igreja. Os psicólogos ou “psicólogos cristãos” são agora os que muitos cristãos
procuram principalmente para orientação na vida. Os “psicólogos cristãos”
escrevem muitos dos livros mais vendidos e dominam muitos púlpitos. Muitos
pastores inundam de termos e conceitos psicológicos os seus sermões. Muitas
pregações e conselhos – mesmo de líderes que dizem estarem comprometidos com a
pregação expositiva da Palavra – estão saturadas dos pensamentos e conceitos da
psicologia humanista secular.
Quando algo novo inunda
a igreja, ele precisa ser avaliado à luz da Escritura, nosso único guia
infalível de fé e prática. Muitos cristãos estão confusos sobre a psicologia
"cristã": Ela deve ser abraçada com prazer, usada cautelosamente ou
rejeitada? Muitas questões relacionadas a isso chegaram até a mim nos últimos
anos. Por exemplo:
Por que não podemos
usar os melhores conhecimentos de psicologia junto com a Bíblia? Não é verdade
que toda verdade é a verdade de Deus?
Isso nos leva para o
coração do assunto, que é: "A Bíblia é suficiente para lidar com nossas
mais profundas necessidades psicológicas e emocionais ou não?"
Primeiro, precisamos
olhar as afirmações da Bíblia. 2 Pedro 1: 3, afirma que, segundo “Seu divino
poder Deus nos deu todas as coisas de que necessitamos para a vida e para a
piedade, por meio do pleno conhecimento daquele que nos chamou para a sua
própria glória e virtude” - de Cristo. Ele continua especificando que esse
presente consiste nas "promessas preciosas e magníficas" de Deus,
que, é claro, estão contidas em Sua Palavra, escondidas em Cristo. Além disso,
2 Timóteo 3: 16-17 afirma: " Toda a Escritura é
inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção e
para a instrução na justiça, para que o homem de Deus seja apto e plenamente
preparado para todo bom trabalho”.
Essas afirmações são totalmente
abrangentes - que a Palavra de Deus é suficiente para a vida e a piedade, para
nos equipar para todo bom trabalho. Certamente, "tudo que pertence à vida
e piedade" inclui nosso bem-estar emocional ou psicológico. Uma vez que as
pessoas com graves problemas psicológicos não estão "equipadas para todo
bom trabalho", devemos concluir que a Escritura afirma ser suficiente para
curar a pessoa inteira.
A lista do fruto do
Espírito ("amor, alegria, paz, paciência, amabilidade, bondade,
fidelidade, mansidão e domínio próprio.” - Gálatas 5:22-23) descreve uma pessoa
emocionalmente equilibrada e psicologicamente estável. Se a Palavra e o
Espírito de Deus podem produzir isso, por que precisamos recorrer ao humanismo
secular, à psicologia secular...?
"Mas," alguém
dirá, “a Bíblia não é abrangente. Não nos diz em detalhes como lidar com muitos
dos problemas complexos com os quais as pessoas lutam. Enquanto a psicologia
estiver de acordo com a Escritura, por que não usá-la?" Talvez isso possa
ser respondido respondendo a outra pergunta:
Usamos medicina moderna;
Por que não usar a psicologia moderna?
A resposta é que a
Bíblia não afirma ser suficiente ou se propõe lidar com problemas físicos e médicos;
afirma ser suficiente para lidar com todos os problemas da alma (psique, em
grego). Como podemos determinar quais "verdades" psicológicas são
verdadeiras? Se respondemos, "O que funciona", estamos andando em
gelo fino e perto de um desastre, já que muitas técnicas religiosas e
espirituais falsas produzem resultados. A Escritura é a única base para
determinar a verdade absoluta (João 17:17).
Atualmente, existem
mais de 500 psicoterapias agindo no mercado, com o número se expandindo
anualmente. Eles enxergam os problemas de muitos ângulos variados, mas uma
coisa é comum a todos: começam com uma visão humanista secular e completamente
contrária a visão bíblica da natureza do homem, a saber, dizendo que o homem é
basicamente bom e capaz de resolver seus problemas além de Deus. Se você
começar na base errada, você não pode criar um sistema que complementa as
Escrituras, mas apenas um que a contradiz. Se você misturar a sujeira e a água,
você fica com lama.
A Bíblia nos adverte
contra a "sabedoria" do mundo, uma vez que se opõe à sabedoria de
Deus (ver Salmos 1: 1-2, Isaías 55: 8-11, Jeremias 2:13, 1 Coríntios 1: 18)
2:16). Como cristãos, devemos depender unicamente de Deus e da Sua Palavra como
nosso apoio e sabedoria nas provações da vida ( Alma... ) (ver Salmos 19: 7-11;
32: 6-11; 33: 6-22; 119) para que Ele sozinho recebe a glória (Salmo 115,
Isaías 42: 8).
Problemas sérios têm
atormentado a raça humana desde que caímos em pecado. Se um relacionamento com
o Deus vivo e Sua Palavra não fosse adequado para lidar com esses problemas,
mas precisássemos dos insights da psicologia moderna para resolvê-los, então
Deus deixou as pessoas sem respostas suficientes nos últimos milhares de anos,
durante todo período bíblico, depois disso por quase dois mil anos até que
Freud e companhia vieram para salvar o dia. Isso é absurdo!
O Deus que foi tão
longe e a tal custo para nos salvar do pecado não nos abandonaria nos caminhos
do mundo para encontrar respostas aos nossos problemas mais profundos da alma (Romanos
8:32). Embora alguns problemas possam ser “novos” em nossos tempos (anorexia,
crise de meio ambiente, etc.) e, portanto, não são especificamente abordados
nas Escrituras, os princípios na Palavra de Deus são suficientes para lidar com
as causas subjacentes a esses problemas. Não existe um "novo"
problema pelo qual Cristo não é suficiente (Col. 2:10; 3: 1-4).
O perigo para os
cristãos modernos é que os psicólogos "cristãos" leem seus
preconceitos psicológicos na Escritura e depois citam as Escrituras como
apoiando e ensinando essas "verdades". Um exemplo flagrante: Em
Worry-Free Living [Thomas Nelson, 1989], Frank Minirth, Paul Meier e Don
Hawkins operam na premissa psicológica de que a falta de auto-estima é a base de
muitos problemas psicológicos. Isso não é biblicamente sadio e oposto do que a
Bíblia afirma – mas quantos cristãos você vê reproduzindo isso? A Bíblia afirma
clara e repetidamente que o pecado é a base dos nossos problemas.
Mas, os autores
procuram ilustrar esta falsa premissa psicológica alegando que os dez espiões
que trouxeram um relatório negativo a Moisés sofreram com um autoconceito
negativo, ao passo que os dois espiões que trouxeram de volta o bom relatório
possuíam auto-estima apropriada (p 136)! Eles nos dizem que a razão de Davi
poder derrotar Golias, mas Saul agir como um covarde, era que Davi tinha boa
auto-estima, enquanto que Saul não (p. 139)! Esta psicologização da Bíblia
perverte o seu significado pretendido (a Bíblia claramente atribui essas
respostas variáveis devido à fé, ou a falta dela, dos homens) – por isso Deus
puniu a geração que não quis entrar na terra prometida.
Alguém pergunta: Eu
serei um cristão melhor se resolver alguns dos meus conflitos internos através
dos insights da psicologia?
Em Sua soberania
inescrutável, Deus permite, na verdade decreta, nossas aflições, provações...
algumas leves, algumas severas, em todas as vidas, em todos nós. Algumas
pessoas têm infâncias horríveis - abuso físico, sexual e verbal - que causam
problemas emocionais profundos. A questão é, para onde uma pessoa se volta para
a cura? A Palavra de Deus repetidamente afirma que o próprio Deus é nosso
curador, suficiente para curar nossas feridas e nos tornar inteiros e completos
através da confiança nele (veja o Salmo 147: 1-11 por um exemplo de muitos). A
provisão perfeita e completa de Deus para nossas necessidades é a morte e
ressurreição de Seu Filho, Jesus Cristo. Somos avisados para não sermos
capturados pelas filosofias e princípios do mundo, mas para caminhar na
plenitude de Cristo, nosso tudo em todos (Colossenses 2: 6-15; 3: 1-4, 11).
Quando aprendemos a
confiar plenamente em Jesus Cristo como nossa fonte de força e cura como
expresso em tudo em Sua Palavra, Ele recebe a glória devida a Ele como o único
Deus verdadeiro. Quando confiamos na psicologia secular para parte ou a totalidade
da nossa cura (se ela pudesse, de fato, fornecer tal coisa), a psicologia ganha
a glória. Isso não quer dizer que andar com o Senhor providencia cura
milagrosa, fácil e instantânea. Muitas passagens mostram as lutas e a
dificuldade da caminhada cristã (2 Coríntios 1: 9; 4: 7-11; 11: 23-28; 12:
7-10). A vida cristã é retratada como guerra, e a guerra nunca é fácil! Mas
Deus quer que cada um de nós aprenda que Ele é o Todo-suficiente. Quem nos
conhece e pode atender às nossas necessidades mais profundas. Não precisamos
das ideias dos homens mundanos para crescer em Cristo. Quem preparou Paulo para
suas grandes aflições? Freud?
Outra pessoa diz: Tenho
problemas em relação a Deus como um Pai amoroso porque meu pai biológico era
abusivo. A psicologia não pode ajudar-me a trabalhar com a dor reprimida da
minha infância?
Ninguém jamais teve um
pai terreno perfeito. Os pais maldosos e abusivos existem desde que o pecado
entrou no mundo. Deus nos deu tudo o que precisamos em Sua Palavra para
conhecê-lo e amá-Lo como nosso Pai Celestial. Podemos ter que identificar ideias
erradas que adotamos devido à nossa educação e mudar esses conceitos e atitudes
para se adequar à verdade de Deus. Mas a Palavra de Deus é adequada para nos
tornar pessoas inteiras em Cristo. Só Ela revela Deus como Ele é e o coração
humano como ele é. Todos devemos julgar um pai pelo Deus Pai, e não o oposto.
Mas um argumento é: Não
preciso de auto-estima saudável para poder servir o Senhor? Não preciso me amar
adequadamente para que eu possa amar a Deus e aos outros adequadamente?
Mais uma vez, devemos
ir às Escrituras, não à psicologia, para encontrar a resposta. Você pode
encontrar um único versículo que diz que você precisa construir sua auto-estima?
Muitos distorcem o mandamento: "Ame o seu próximo como a si mesmo"
(Mt 22:39), para se adequar à "sabedoria" psicológica atual. Eles
dizem: "A Bíblia nos ordena amar a nós mesmos". Alguns até chegam a
dizer que não podemos amar a Deus e aos outros até que aprendamos a amar a nós
mesmos. Assim, levam as pessoas a uma busca inútil do amor próprio.
Se você estudar o
versículo em seu contexto, é claro que Jesus diz que há dois mandamentos, e não
três: Ame Deus e ame seu próximo. O padrão para amar o seu próximo é como você,
de fato, já se ama! Jesus assume que todos nós nos amamos tanto que, esse deve
ser o padrão para amar o outro. Paulo também assume que cada pessoa se ama
(Efésios 5: 28-29) e usa isso como padrão pelo qual os homens devem amar suas
esposas. Mesmo aqueles com "auto-estima" baixa, se amam demais,
porque são consumidos por si mesmos – e por isso se sentem assim. Eles não se
sacrificam por Deus e outros. A marca do amor bíblico é o auto-sacrifício, e
não a auto-estima (Efésios 5:25; João 13:34; 15:13; 1 João 3:16).
Não só a Bíblia não
encoraja o amor próprio; Ele avisa fortemente contra isso! O amor próprio
encabeça a lista dos terríveis pecados que marcam os tempos finais (2 Tim. 3:
2-4). O primeiro requisito se queremos ser seguidores de Jesus é negar a nós
mesmos, não nos afirmarmos (Marcos 8:34). Na verdade, essa é a experiência
diária de todos os discípulos (Lucas 9:23, "diariamente"). Muitos
versículos da Bíblia nos dizem que nos humilhemos e não pensemos muito de nós
mesmos (ver Tiago 4: 6-10; 1 Pe. 5: 5-6, Romanos 12: 3); mas nunca nos diz para
nos concentrarmos em quão maravilhoso ou digno somos (porque não somos dignos -
a graça é para os indignos). Nós somos ordenados a estimar os outros mais
altamente do que nós mesmos (Filipenses 2: 3).
O problema com a
construção de sua auto-estima é que o foco está errado. Jesus disse que se você
quiser salvar a sua vida, você a perderá, mas se você perder sua vida por Sua
causa e pelo evangelho, você a salvará (Marcos 8:35). Se você diz não ao seu
auto-foco e vive para Jesus e para os outros (os dois grandes mandamentos),
Deus graciosamente lhe dá a identidade que você precisa. Mas se você procura a
realização ou a auto-estima, você chegará ao vazio final e no final.
Outro diz: Eu não
deveria procurar construir a auto-estima dos meus filhos? Eles não precisam se
sentir bem com eles mesmos, então eles serão bem ajustados?
Devemos mostrar amor
bíblico e abnegado para com os nossos filhos, como nos é mandado fazer para com
todas as pessoas (até nossos inimigos - Mateus 5:44!). Devemos procurar edificar
nossos filhos em Cristo usando o discurso que os encoraja e os constrói ao
viver para a glória de Deus, e não linguajar que os despreza e derruba (Efésios
4:29, Col. 3: 8). Devemos ser ternos e compassivos em relação aos nossos
filhos, modelando o amor gracioso de nosso Salvador (Efésios 4: 32-5: 2).
Devemos estimar nossos filhos mais altamente do que nós mesmos (Filipenses 2:
3-4).
Mas o objetivo de tal
comportamento não é "construir sua auto-estima", mas sim modelar
Cristo e encorajar nossos filhos a serem como Ele. À medida que nossos filhos
nos veem negando a nós mesmos para
agradar ao Senhor, eles estarão vendo o padrão para a vida, entregando as suas
vidas por amor a Ele. Se nosso foco é ajudar nossos filhos a "construir
sua auto-estima", estamos encorajando o egoísmo nato que domina todo
coração humano caído. Se nosso foco é mostrar o amor de Cristo aos nossos
filhos e modelar uma vida de serviço motivada por Sua graça, eles aprenderão a
amar e a servi-Lo, também.
Outro diz: Mas Deus não
quer que eu seja feliz? Se Deus me ama, por que tenho tanta dor e sofrimento?
Talvez devêssemos
distinguir entre felicidade ( Como o mundo a define) e alegria. Deus quer que
você seja preenchido com Sua alegria, paz e esperança em todas as situações,
mas muitas vezes essas qualidades brilham mais no meio das provações e da dor
(João 16: 20-22, 33; 2 Cor. 4: 7-11 6: 4-10; 12: 7-10). O objetivo de Deus para
nós não é primariamente que sejamos felizes – no sentido de sermos livres das
aflições da vida, mas que sejamos santos ( ou seja, tenhamos uma felicidade
santa e uma santidade feliz – que definitivamente não depende das
circunstâncias da vida ) (Romanos 8: 28-29; Hb 12: 3-11). Mesmo Jesus aprendeu
a obediência através das coisas que Ele sofreu (Hb 5: 8); Muito mais, então,
nós devemos! Quando aprendemos a nos submeter à mão soberana de Deus através
das provações que experimentamos, confiar nele e olhar para Ele como nossa
força e esperança nessas provações, crescemos em santidade e abundamos em Sua
alegria, paz e esperança (1 Pedro 5 : 6-11; Rom. 15:13).
Outros dirão? Tentei
estudo bíblico, oração e obediência, mas não funcionou em termos de me aliviar
a dor da minha infância. Se a psicologia ajuda a resolver essa dor, por que não
usá-la?
Primeiro, seu foco está
errado. O objetivo da vida cristã não é ser livre de dor, mas tornar-se como
Jesus. Em segundo lugar, devo te desafiar a rever se você realmente seguiu a
Palavra de Deus ou não. Para dizer que você seguiu a Palavra de Deus, mas que
"não funcionou" é acusar Deus de falsas promessas. Virar-se daquela
Palavra para a suposta sabedoria dos homens ímpios é abandonar o Deus vivo para
cisternas vazias que não podem reter a água (Jeremias 2:13)! Pelo contrário,
que Deus seja encontrado verdadeiro, embora todo homem seja encontrado um
mentiroso (Romanos 3: 4)!
Deixe-me te perguntar:
Se seguir Satanás lhe trouxesse alívio interior, você faria isso? Espero que
não! Contudo, muitos cristãos abandonam a verdade de Deus e se voltam para a
abordagem egocêntrica das psicoterapias humanista secular porque oferece alívio
de sua “dor” interior.
O problema não é que a
Palavra de Deus tenha sido tentada e falhado, mas que ela não foi completamente
seguida. Precisamos levar cada
pensamento cativo à obediência a Cristo (2 Coríntios 10: 5). Devemos nos
examinar e julgar atitudes, pensamentos e motivos errados pela verdade de Deus
(2 Cor. 13: 5; 1 Cor. 11: 28-31; 1 João 1: 5-10). Devemos buscar Deus de todo o
coração e não nos apoiarmos no nosso próprio entendimento (Salmo 63, Prov. 3:
5-7, Isaías 55: 6-11). Devemos procurar primeiro o Seu reino e a justiça, não
as coisas que o mundo procura (Mateus 6: 19-33). Ninguém que tenha feito isso
pode dizer: "Não funcionou!"
E tem outro aspecto. Há
pouco tempo eu escrevi um artigo mais curto onde abordava um aspecto de pessoas
que dizem que tentou mas não funcionou. O que vimos, foi que como pastor lidei
com várias pessoas com um problema
significativo a longo prazo - depressão, problema conjugal, filhos
assustadores, problemas familiares de forma geral, dificuldades na igreja,
trabalho, pecados específicos... A pessoa esboça seus problemas em detalhes,
tristeza, com grande sentimento e emoção. Você escuta com compaixão.
Então você interage,
compartilhando sua preocupação e cuidado e comunicando a Palavra de Deus sobre
o assunto. Digamos, por causa do tempo de uma publicação (que, afinal, não é
uma dissertação de doutorado), as questões envolvidas são bastante claras e
direcionadas diretamente pelas
Escrituras. Você traz a Escritura, você discute, você discute a implementação e
a aplicação.
E naquele momento, ou
na próxima conversa, você ouve isso:"Eu tentei isso".
Aqui está o meu ponto:
em uma situação como eu descrevi - e lembre-se, esta é uma situação comum - a resposta
"Eu tentei" é muito reveladora e não de uma maneira feliz.
Caminhar com Deus não é
algo que você tenta. Amar a Deus não é
algo que você tenta. Amar a Palavra não é algo que você tenta. O temor ao
Senhor, viver no temor de Deus o dia todo, viver como na presença de Deus (
Coram Deo ), perseverando na Palavra de Cristo, permanecendo em Cristo - não
são coisas que tentamos.
Estes são os chamados
de Deus para nós, uma chamado permanente. Eles refletem a maneira como o mundo
realmente é. Como Deus o vê e como o vemos se estamos em Cristo. Ter um
relacionamento com Deus é ir nessa direção; não fazer isso é viver uma mentira
condenada. Todas essas são facetas da vida a que Deus nos chama. Não são tentativas.
São descrições de onde estamos indo, onde
devemos ir, se estivermos em
Cristo.
O que receio na
resposta "Eu tentei isso" - é
que ela revela mal entendido fundamental de tudo isso. Temo revelar que a
pessoa pensa que a vida cristã é uma técnica, algo aplicado para alcançar um
fim. Particularmente, em muitas das especificações que tenho em mente, a pessoa
que diz: “eu tentei isso”, vê tudo o que a Palavra diz, ou seja, Deus, como um
meio para conseguir o fim de fazer os outros ou a vida me tratar de uma certa
maneira, que eu quero ou desejo.
Então pegue um marido
com a mulher difícil e complicada. Você aconselha ele a amar sua esposa como
Cristo ama a igreja, independentemente de como ela seja. Você abre a
profundidade bíblica e a amplitude da revelação de Deus sobre o assunto, tudo o
que significa, e você o relaciona com o Evangelho como deveria.
Algum tempo depois, ele
mais uma vez começa a listar-lhe uma longa e lúgubre narrativa dos “crimes e
delitos menores” de sua esposa. Ele continua e continua e continua... O
subtexto parece ser: ela é tão difícil, estou tão insatisfeito...
Você o detém, e o
lembra do chamado da Escritura sobre ele. A conversa que você já teve antes...
"Oh, sim. Eu
tentei isso", diz ele.
Bem então. Ai está.
Entende? Ele pensou que você estava lhe dando um jeito de fazer a esposa se
comportar como ele quer e do jeito que o faria satisfeito, feliz... Ele pensou
que você estava lhe dando a forma para fazê-la tratá-lo da maneira que deveria.
Ele tentou. Ela não fez ou se tornou o que ele esperava. E agora?
Esse é o mal-entendido,
e é profundo. Ao ler os Evangelhos, ao ler 1 Pedro, ao ler toda a Bíblia, uma
vida centrada no Evangelho e centrada em Cristo é o que nós devemos viver, não
importa o que qualquer outra pessoa faça como resposta a isso. Não é uma
técnica para se conseguir um determinado resultado – de tal forma que eu digo –
“Eu já tentei isso e não funcionou, que outra técnica você indica?” – Como
assim?
Especificamente, como
pastor, a pregação da Palavra é definitiva e não negociável para mim, mesmo
vivendo num clima de comichão no ouvido das multidões querendo ouvir mais e
mais o que lhe agrada ou que lhe traga o resultado que ela traçou para si.
A Palavra de Deus não é
uma técnica. Não é algo que eu “tente”, e então – como pastor, se o que eu
tentei não fez a igreja crescer numericamente, procuro outra técnica, ou busco
outra coisa. Como marido, amar minha esposa como Cristo ama a igreja é algo
definitivo e inegociável – não uma técnica para conseguir que ela seja quem eu
quero... Não é algo que eu “tente”. Assim é meu chamado como pai, membro da
igreja, pastor, irmão em Cristo...
Então, na próxima vez
que você ouvir ( ou dizer ) – “Mas eu tentei isso”, não encolha os ombros. Isso
é um sintoma importante de não ter entendido nada sobre Deus, a Palavra de
Deus, e o chamado de todos os que Ele escolheu em Cristo para viver para Sua
glória.
Não somos chamados para
“tentar”. Para tentar o que Deus diz como uma técnica para alcançar um algo que
eu estabeleci. Somos chamados para morrer e então viver novamente para Sua
glória em todas essas situações.
Sempre que alguém,
depois de ouvir o que a Bíblia diz, fala para mim: “Mas eu já tentei isso” –
ou, “Vou tentar” – um diálogo (coloco vídeo abaixo ) – entre Yoda e Luke em O
Império contra ataca ( o segundo filme da primeira trilogia de George Lucas –
Star Wars – lançado em maio de 1980) vem
a minha mente.
Luke diz – “Eu vou
tentar”
Yoda responde – “Não
tente, faça ou não faça. Não existe tentativa.”
Outros dizem: Mas não
há certos problemas psicológicos complicados em nossa alma que requerem a
experiência de um terapeuta profissional?
Quem fez você e entende
cada motivo escondido e pensamento em seu coração: um terapeuta ou o Deus vivo
(Sal 139)? Nós não podemos nem entender nossos próprios corações completamente,
porque somos cegos pelo pecado (Jeremias 17: 9) – como outro ser humano como
nós poderia? Somente Deus nos conhece
bem e somente em Sua Palavra Ele nos diz como devemos viver para experimentar
Sua benção e vida abundante que é Cristo. Especificamente, Sua Palavra nos
adverte contra andar no conselho dos ímpios e promete que, se nos deleitarmos
com Sua lei, seremos abençoados (Salmo 1). Por que os crentes estão se voltando
para terapeutas treinados nos modos de Freud, Jung, Rogers, Maslow, Skinner e
outros escarnecedores, em vez de homens e mulheres piedosos que dependem
exclusivamente de Deus e Sua Palavra? Em quem você confia?
Outras questões são
levantadas: E quanto aos populares programas de 12 passos? Os 12 passos parecem
princípios bíblicos.
Lembre-se, Satanás é um
enganador. As melhores falsificações parecem com coisas reais, mas são falsos
substitutos. O problema com os programas de 12 passos é que eles sutilmente
substituem a confiança no Deus vivo e Sua Palavra com confiança nos 12 Passos.
Esses programas repetidamente dizem coisas como: “Confie nos 12 Passos.
"Além disso, eles são genéricos - eles “trabalham ou funcionam", não
importa no que você crê - Poder Superior,
Jesus Cristo, Buda ou uma vela na sua prateleira. Isso trivializa a fé no
Senhor vivo, que é Deus, porque, se o sistema funciona, não importa quem você
encaixa no slot, então, claramente, o poder não está em Deus, mas no sistema.
A Bíblia adverte
repetidamente contra confiar em qualquer coisa ou em qualquer outra pessoa que
não seja o único Deus verdadeiro. Fazer isso é a essência da idolatria. Os
programas de 12 Passos não ensinam a pessoa a confiar em Deus no sentido
bíblico. Em vez disso, as pessoas transferem seus "vícios" para o
programa de 12 Passos.
Além disso, os
programas de 12 Passos se tornam um substituto da espiritualidade bíblica. Eles
substituem os termos bíblicos por psicológicos (a embriaguez é chamada de
alcoolismo, uma doença, a escravidão ao pecado é chamada de vício, o pecado é
chamado de doença ou disfunção, o arrependimento se torna recuperação). Esta
não é uma pequena discussão. As palavras expressam verdade ou erro. Os termos
bíblicos são importantes. Não nos arrependemos de doença; nos recuperamos. Não
nos recuperamos do pecado; nos arrependemos.
Outros dizem: Ouvi
dizer que "os sentimentos não estão certos ou errados; Os sentimentos são
apenas o que são." Isso é bíblico?
Isso precisa ser
qualificado. A declaração é muitas vezes uma reação às pessoas que negam
sentimentos. Por exemplo, alguns cristãos são pessoas irritadas, mas como
pensam que a ira é pecado, e eles não querem enfrentar seu próprio pecado, eles
dizem (muitas vezes com dentes cerrados), "eu não estou com raiva".
Ou, como eles pensam que os cristãos devem ser felizes, eles negam a sua
tristeza profunda. Mas, obviamente, estas não são formas biblicamente saudáveis
de lidar com essas emoções. Devemos ser pessoas da verdade (Efésios 4:25).
Mas tampouco é bíblico
dizer que as emoções são neutras. A Bíblia reconhece que em certas
circunstâncias nem toda ira é pecaminosa (Efésios 4:26; Marcos 3: 5), mas
também denomina muita ira como pecado que precisa ser causa de arrependimento e
mortificação (Efésios 4:32, Mateus 5:22). Não é pecado estar triste quando
estamos no meio de uma aflição... (Mateus 26:38, João 11:35, Heb 12:11, Romanos
12: 15b). Mas muitas tristezas é devido ao pecado que precisa ser confrontado
(Gênesis 4: 6-7). E mesmo a tristeza saudável, devido as circunstâncias da
vida, se torna pecaminosa quando não lidamos com ela biblicamente. Paulo diz,
não sofremos como aqueles que não têm esperança. Às vezes, a “depressão” se deve a uma
combinação de fatores: o esgotamento emocional, espiritual e físico, juntamente
com o pensamento errado (veja a história de Elias, 1 Reis 17-19, especialmente
19: 4, 9-14). Mas a falta consistente de alegria, paz e esperança não é consistente
com toda a Verdade de Deus (Salmos 5:11, Romanos 15:13, Filipenses 4: 4; 1
Tessalonicenses 5:16). E não adianta citar homens... “Ah! Mas Spurgeon muitas
vezes sofria de uma tristeza...” Ele, como todos nós, devia lidar com isso
biblicamente... ele estava debaixo da mesma Verdade, não é o padrão para a
Verdade isso ou aquilo na vida dele (Spurgeon)... a Palavra é o padrão para
mim, para ele e para você.
Assim, as emoções são
muito parecidas com as luzes de aviso no painel do seu carro. Eles indicam que
algo está errado sob o capô. Quando elas chegam, você precisa ter tempo para descobrir
o que está errado no carro, para que você não queime o motor. Quando você está
perturbado por emoções negativas, é hora de parar e buscar o Senhor e Sua
Palavra quanto ao problema raiz, para que possa ser corrigido.
Que propósito Deus
tinha ao criar nossas emoções? A raiz da palavra emoção é “motere”, o verbo
latino “mover-se” – junto com o prefixo “e” – que significa “afastar-se” – ou
seja, indica uma tendência a agir – isto está implícito em todas as nossas
emoções.
Todas as nossas emoções
são essencialmente inclinação para agir e reagir. Ou seja, Deus criou nossas
emoções para nos colocar em movimento. Elas são a resposta interna que motiva a
ação externa – as nossas emoções sinalizam para nossa mente entrar em alta velocidade.
Para que você possa entender isso biblicamente, considere 1 Pedro 5.7,8: “Lancem
sobre ele toda a sua ansiedade, porque ele tem cuidado de vocês. Sejam sóbrios
e vigiem. O diabo, o inimigo de vocês, anda ao redor como leão, rugindo e
procurando a quem possa devorar.”
Muitos não conseguem
relacionar esses dois versículos, pois já não pensam biblicamente, mas foram
formatados a pensar como a psicologia secular os treinou.
A ansiedade, como todas
as outras emoções, é uma emoção que nos motiva a agir... nos põe em movimento.
Nossas emoções e mente sentem algo que percebemos como uma ameaça – um perigo.
Podemos responder a essa situação provocadora de ansiedade com medo do homem,
medo do futuro, autoproteção... o que seria uma resposta emocional caída.
Ou, podemos responder a
essa situação provocadora de ansiedade lançando nossa ansiedade sobre Ele e
ficando alerta e vigilante pois sabemos que o diabo que ronda rugindo como um
leão procurando a quem tragar, tentará usar exatamente esta emoção. Essa é a
resposta emocional de nosso coração do homem regenerado. Ou seja – quando
olhamos a situação provocadora de ansiedade, a “luz” de alerta e vigilância
acende e começamos a buscar pistas do leão rugindo e respondemos de maneira
dependente de Deus e de sua proteção toda poderosa. Lançamos sobre ele nossa
ansiedade.
Em vez de ver as
emoções como apenas malignas ou caídas, precisamos entender que Deus criou
emoções para desempenhar um papel crucial que nos obriga a fazer uma dupla
checagem , olhar para o exterior e para dentro. As emoções são nossa
"sentinela interior" que nos conecta o nosso mundo interno e externo.
Então, podemos fornecer
uma definição funcional de emoções:
As emoções são a nossa
capacidade dada por Deus de conectar nosso mundo interno e externo
experimentando nosso mundo e respondendo a essas experiências. ( Respondendo
como homem natural ou como um homem regenerado – como diz Pedro ).
Nossa capacidade
emocional inclui a capacidade de internamente experimentar e responder a uma
gama completa de sentimentos internos positivos (agradáveis) e negativos
(dolorosos).
Precisamos de um modelo
bíblico para compreender nossas respostas emocionais - infelizmente é a psicologia secular
humanista que tem sido o modelo seguido pela maioria dos cristãos.
Para compreender melhor
as nossas emoções, precisamos de uma introdução ao modo como Deus criou a nossa
pessoa interior.
Nós dissemos que Deus
nos criou como seres emocionais. No entanto, isso não significa que somos seres
únicos ou principalmente emocionais. Isso também não significa que nossas
emoções devem nos controlar. Em vez disso, Deus nos projetou para que nossas emoções
se submetam e respondam às nossas crenças ( fé ) e convicções.
O que acreditamos
(Romanos 12: 1-2) ( Direção Racional )
Sobre Deus e a vida
(Salmo 42: 1-2) ( Afeição Espiritual )
Fornece a direção que
escolhemos para prosseguir (Josué 24:15) (Motivação Voluntária) e
Dirige a nossa resposta
na vida (Efésios 4: 17-19) (Reação Emocional) ao nosso mundo.
Pensemos novamente
sobre como isso se mostra em 1 Pedro 5: 7-8. O contexto de 1 Pedro é uma
resposta cristã ao sofrimento e à perseguição. Observe a chave de como
respondemos ao sofrimento: está na frase "porque ele se importa com
você". Nossa crença (direção racional) sobre Deus (afeição espiritual) -
que Ele cuida de nós - é o que motiva nossa resposta piedosa – Nos fazendo
lançar nossa ansiedade sobre Deus e resistir com vigilância o diabo ou leão que
ruge ( motivação volitiva ) diante dos sentimentos de ansiedade ( reação
emocional ).
As crenças divinas – a
Verdade - (direção racional )
Levam a afeições
piedosas ( afeições espirituais ),
Que por sua vez, levam
a motivação e ação piedosa ( motivação volitiva ) e,
Em última instância,
resultam em emoções semelhantes a Cristo (reações emocionais ).
Eis a razão de Deus
criar nossas emoções – Ele as projetou para interagir com nosso mundo interno e
externo.
Eis o modelo bíblico
para compreender nossas emoções.
Nossa situação externa
mais nossa percepção interna leva a nossa resposta emocional.
Imagine nossas emoções
assim:
Situação negativa +
Crença bíblica = Emoção dolorosa legítima (tristeza, pesar...)
Situação negativa +
Crença não-bíblica = Emoção dolorosa ilegítima ((ódio, desespero...)
Situação Positiva +
Crença Bíblica = Emoção Positiva Legítima (Alegria, Paz...)
Situação positiva +
Crença não bíblica = Emoção positiva ilegítima
(orgulho, auto-suficiência... )
Reflita:
Ponderar uma situação
atual que você enfrenta. Use esse modelo para avaliar a situação e sua resposta
emocional. Sua situação externa mais sua percepção interna leva a sua resposta
emocional.
O homem regenerado, por
sua nova natureza imortal e habitada pelo Espírito Santo, NUNCA ficará entregue
ao desespero final. Nunca. Se é que o homem foi Justificado, Regenerado...
Infelizmente a psicologia humanista secular tem dirigido o pensamento que um dia foi cristão, mas que agora não é
mais.
“Lancem sobre ele toda
a sua ansiedade, porque ele tem cuidado de vocês. Sejam sóbrios e vigiem. O
diabo, o inimigo de vocês, anda ao redor como leão, rugindo e procurando a quem
possa devorar.” - 1 Pedro 5.7,8.
Outros perguntam: Você
está dizendo, então, que o aconselhamento é errado ou não é necessário?
De modo nenhum! Só
estou dizendo que muito do aconselhamento que inundou o cristianismo através da
psicologia é contrário à Palavra de Deus. A Bíblia é clara que muitas vezes
precisamos do sábio conselho dos outros, especialmente aqueles que são maduros
na fé (Romanos 15:14; Gálatas 6: 1; Provérbios 24: 6). Não nos atrevemos a ser
cristãos independentes, vivendo separados do corpo de Cristo do qual somos
membros. Nós precisamos desesperadamente uns dos outros, assim como minha mão
precisa do meu braço e do resto do meu corpo para funcionar (1 Cor. 12: 12-31).
Aqueles que são fortes precisam pacientemente admoestar o rebelde, encorajar os
fracos e ajudar os débeis (1 Tessalonicenses 5:14). Assim, precisamos de
conselho; mas certifique-se de que é um conselho bíblico, porque: "Não há
sabedoria, nem entendimento, nem conselho contra o Senhor" (Pv. 21:30) -
e "Aquele que confia em seu próprio coração é um tolo”. (pV 28.26).