Calvino escreveu certa
vez que o coração humano é uma fábrica de ídolos, e certamente é verdade.
Dentro de nós há um processo de fabricação de ídolos que continua funcionando
se sabemos disso ou não. Lentamente, mas de forma constante, criamos nossos ídolos -
forjando-os de acordo com nossos pensamentos, desejos e preferências até que um dia eles ocupam a residência completa em nossos corações.
Claro que sabemos que
esses ídolos são apenas isso - ídolos. Eles são nossas próprias criações. Eles
não falam. Eles não sentem. Eles não exercem o poder. São meras invenções às
quais nos inclinamos e nos curvamos ao invés de nos curvarmos diante do Deus Vivo. E,
no entanto, nós os amamos. Os defendemos...
Aqui estão algumas
razões pelas quais nos convencemos de que esses ídolos são “melhores” do que
Jesus – porque é isso, apesar de jamais admitirmos, que estamos declarando quando nos curvamos a ídolos criados no nosso coração. É muito, muito mais fácil amar ídolos
do que a Jesus. Por que?
1. Os ídolos me dizem o
que eu quero ouvir.
Porque os ídolos são
formados em torno de nossas próprias preferências e desejos, podemos ter a
certeza de que nossos ídolos sempre nos dizem exatamente o que queremos ouvir.
Que estamos certos. Que todos os outros estão errados. Que nosso pecado não é
grande coisa. Que nossa ambição ministerial é santa, que nossa ambição
profissional é justa, que o que queremos é a vontade de Deus para nós... Que a
melhor coisa que podemos fazer na vida é perseguir o que nos satisfará em
determinado momento, não importa o que seja.
Mas e Jesus? Bem, Jesus
nos dirá a verdade. Ele nos ama demais para fazer o mesmo que um ídolo. Jesus,
que conhece nossos corações de forma mais completa do que nos conhecemos,
cortará nossa teia de auto-engano, nos olhará diretamente na alma e nos contará
a verdade incômoda e sem verniz sobre nós mesmos, e o mundo de mentiras que criamos.
2. Os ídolos pensam que
eu sou a coisa mais importante no universo.
A maioria de nós ainda
pensa, em algum nível e em algum momento, que somos verdadeiramente o centro do
universo. E, “sortudo” que somos, nossos ídolos concordarão. Nossos ídolos
afirmam nossa crença de que, porque estamos no centro, qualquer pessoa que não
se alinha com nossos projetos, desejos ou opiniões é simplesmente errada ou está fora de
contato com a realidade. Além disso, nossos ídolos reforçarão nossa crença de
que, porque somos centrais, é perfeitamente bom para nós vermos os outros como
um meio para os nossos fins. Eles irão apoiar o nosso "uso" de outras
pessoas para ganhar o que é que elas possam nos oferecer. Então veremos pessoas
como oportunidades.
Mas e Jesus? Bem, Jesus
sabe que Deus é o centro do universo. Ele toma decisões com base não em o que
nos tornará mais confortáveis, mas sim para glória do Pai. Isso nos coloca em
uma posição incômoda, porque quando caminhamos com Jesus, devemos lembrar
constantemente que não somos o protagonista desta história; de fato, esta não é
nossa história. Somos uma sub-trama operando em um fio narrativo com Deus no
centro de todas as coisas.
3. Nosso ídolos odeiam as mesmas coisas que odiamos.
É incrível o quão
rápido podemos passar pela linha do aborrecimento ou até mesmo do simples desagrado e contrariedade para o reino do ódio. Na maioria das vezes, a única coisa que precisamos para ser
empurrados para qualquer erro, é alguém concordar conosco – essa pessoa é
ótima. Mas se for o contrário, essa pessoa, ou aquela coisa, ou esse grupo é
realmente o pior. Armado com a confiança em que só podemos enxergar o que está
de acordo conosco, podemos facilmente nos converter rapidamente aos níveis mais
profundos de ressentimento e ódio. Mas o tempo todo os nossos ídolos estão nos
animando, concordando conosco, odiando quem odiamos, vendo o pior neles como
vemos...
Mas e Jesus? Bem, Jesus é
o amigo dos pecadores. Ele é o defensor dos marginalizados. Ele é justo e compassivo. Ele é aquele que
constantemente cruza linhas de divisão humana e reúne pecadores, salvos pela
graça, em relacionamentos muitas vezes incômodos. Ele é Aquele que está
construindo um povo de incrível diversidade que não tem nada em comum, exceto a única coisa que importa – Ele mesmo - a graça que nos salvou Nele. Jesus é aquele que
constrói pontes, e diz para o seguirmos.
Sim, o coração é uma
fábrica de ídolos. Hoje mesmo, talvez sem você perceber, ele está ocupado
trabalhando. Construção. Fabricação. E o que quer que saia dessa linha de
montagem dirá o que você quer ouvir, dirá que você é a coisa mais importante
do universo e odiará as mesmas coisas que você odeia.
Em suma, esses ídolos são
a versão mais escura e tenebrosa do que
é o coração humano.
Lute hoje, Cristão. Fixe
seus olhos em Jesus. Desligue a fábrica e depois acorde amanhã e desligue-a novamente. Não perca a beleza indescritível do verdadeiro Jesus por um ídolo de sua própria criação. Deixe Jesus te contrariar. Deixe a Bíblia te contrariar o tempo todo, e você estará sendo santificado.