Frases resumem toda uma filosofia de vida. Chavões e frases de efeito repetidas em púlpitos, carregam veneno mortal na ideia por trás delas. Uma das frases mais repetidas, infelizmente não pelo mundo apenas, mas entre pessoas que se dizem cristãs é: “Deus me ama do jeito que eu sou...”
Nada mais tem esvaziado tanto o evangelho de todo o seu significado do que este conceito onipresente em
nossa geração... Uma artista “cristã” conhecida, cantora e compositora de hinos
cantados pelo mundo todo, repetiu essa
famosa frase pouco tempo atrás. Vicky Beeching (Foto acima) sacou a frase numa entrevista ao
The Independent – ou afirmar e fazer a revelação (desconhecida até então ) de que ela é cristã tanto
quanto é homossexual. A chamado do
Jornal era: Vicky Beeching, estrela do rock cristão: "Eu sou gay. Deus me
ama do jeito que eu sou "
Vicky compartilhou sua
história com Patrick Strudwick, um jornalista britânico que escreve para vários
jornais no Reino Unido, incluindo o The Independent, veículo para o qual deu a
entrevista. Ela diz: “O que Jesus ensinou foi uma
mensagem radical de acolhimento e inclusão do jeito que nós somos” – Ela diz
que só teme que, ao não seguirem essa mensagem de inclusão e aceitação, igrejas
parem de cantar seus hinos – já que ela ainda vive dos royalties dos hinos que
compôs e gravou. Ela continua: "Tenho certeza de que Deus me ama do jeito
que eu sou, e eu tenho uma enorme percepção de que tenho muito para comunicar
de Deus para os jovens.”
Ela fala de como
não compreender que Deus a amava como ela é, homossexual, fez mal a ela e lhe
encheu de culpa desnecessária, culpa
essa que nada expressa o amor e aceitação incondicional de Deus. Descreveu ter experimentando
atração pelo mesmo sexo a partir de 13 anos de idade e passou a sentir-se em
conflito em ambientes evangélicos, então fez sua carreira guardando essa
verdade, mas que agora se sente livre e em plena comunhão com Deus sendo aceita
por Ele como ela é...
Ela estudou
teologia na Universidade de Oxford e passou grande parte de seus 20 anos no
cenário da música cristã nos Estados Unidos, vivendo em Nashville e San Diego. Durante a última década, Beeching
gravou três álbuns, se tornou uma das
mais conhecidas artistas cristãs da América, e teve suas músicas nas
compilações populares como WOW Worship, ganhou disco de ouro... Tendo se
destacado na música cristã contemporânea, ela aceitou um contrato com a maior
gravadora cristã no mundo e por isso se mudou para a os Estados Unidos por
quase uma década, vivendo no chamado “Cinturão da Bíblia” – em Nashville,
Tennessee – se tornando assim um rosto e uma voz familiar na mídia cristã
americana.
Antes de revelar
isso nesta entrevista, ela já tinha manifestado ser a favor das reivindicações
da comunidade LGBT...
A história de Beeching,
como muitas, é cheia de pathos – nada de Bíblia – ela facilmente toca os
corações “cristãos” com base apenas em “experiências” com Deus ( que ela diz
ter plenamente agora ) – numa vida – como é comum hoje – cujas emoções e não a
Palavra de Deus estão no comando... e as emoções validam tudo. Ela é uma bela
jovem, talentosa e simpática – as qualidades que são mais valorizadas pela
nossa maleável cultura ( e aqueles “cristão” que cada vez mais querem estar
ligados e ser relevantes para ela ) – cultura movida pela aparência, sensações,
aceitação... e que redefiniu o amor como nada condenar, tudo aceitar.
Então Beeching repete o que
muitos líderes despejam semanalmente sem qualquer qualificação bíblica – “O que
Jesus ensinou foi uma mensagem radical de acolhimento, inclusão e amor.”
Beeching possui um mestrado em Teoligia ( Religião e Ética) em Oxford – Ela diz
que usará tudo isso para comunicar essa “verdade central” a juventude a partir
de agora: “Deus te aceita como você é – não deixe alguém impor culpa em você
que certamente não vem de um Deus que é amor. Vamos lutar por uma sociedade
mais justa e apenas deixar as pessoas sentirem o amor de Deus por elas”. Ela
diz que toda sua dor foi pela igreja não perceber essas verdades, mas que ela
lutará pela mudança na igreja daqui para frente: “O
ensinamento da Igreja foi o motivo de eu ter vivido com tanta vergonha, isolamento
e dor por todos esses anos. Mas,
em vez de abandoná-la e dizer que ela está quebrada, eu quero ser parte da
mudança na igreja", disse ao The
Independent.
Embora o amor de Deus seja
certamente uma parte integrante da nossa compreensão da sua natureza (1 João
4:16), uma compreensão bíblica do
Seu amor é igualmente essencial.
Deus não nos ama do jeito que somos. Ele nos ama apesar do jeito que somos. Romanos 5: 6-8 diz que somos impotentes e ímpios. Nós somos pecadores. Nestes versos, o Apóstolo Paulo contrasta a nossa natureza pecaminosa com a natureza sacrificial do amor de Deus que tem por objetivo nos transformar a imagem do Seu Filho que é a perfeita imagem do que o Pai é.
Sequer sugerir que Deus
nos ama assim como somos é negar a profundidade do nosso pecado, uma dívida tão
grande que só poderia ser paga com o sangue derramado da segunda Pessoa da
Santíssima Trindade.
É comum agora vermos
definições completamente deturpadas tanto do amor de Deus, como daquilo que
chamamos amor nas relações humanas. Sem qualificações certas, palavras e frases
ficam sem sentido. Ou pior, tem o sentido que nossos corações desejam. Se você
me perguntasse o que o amor descrito por Beeching e atribuído a Deus, e o amor
atribuído a todas as relações humanas descritas por Deus como pecado, tem em
comum com elfos, sereias, gnomos... eu responderia que o que eles tem em comum,
é que eles são míticos, são fantasia da mente humana... e isso tem escapado a
toda uma geração de “cristãos” - e é
reverberado por seus ícones. Por exemplo, como a Beeching, Dan Haseltine,
vocalista do grupo cristão Jars of Clay diz para parecer moderno, politicamente
correto e ligado a cultura: “As vezes vejo mais amor num casal homossexual do
que entre um casal heterossexual”
É óbvio que tanto no
caso de Beeching como no de Dan, tudo está de pé ou cai, sobre a definição que
eles estão dando a palavra “amor” – tanto no caso do amor de Deus, como no caso
do casal homossexual citado por Dan.
Se tudo é sobre emoção
e sentimentos validando tudo que o homem deseja fazer, sendo atribuído a Deus
como definição do seu amor... Ou no caso
das relações humanas defendidas por eles – significa apenas desejo, emoção que
vem desse desejo, atração física, afeto – ou uma centena de outros estados
emocionais no homem caído... então tudo que eu desejar é amor e amar é aceitar
tudo que eu desejo. E se isso é a auto-validação que buscamos, nada que eu
quero ficará de fora dessa estranha definição de amor. Tudo se resumirá a: “Você
tem que seguir seu coração, certo?” – E se Deus é amor, terá que seguir o mesmo
rumo do coração humano.
Mas quando você começa
com o temor de Deus – “O temor do Senhor é o princípio do conhecimento; os
loucos desprezam a sabedoria e a instrução.” - Provérbios 1:7 – então, muda
tudo.
Começar com o temor de
Deus – é reconhecer desde o início o senhorio de Deus e a dependência total do
homem nEle. É reconhecer que o nosso coração com seus sentimentos não são nada
confiáveis – “O que confia no seu próprio
coração é insensato, mas o que anda em sabedoria, será salvo.” - Provérbios
28:26 – “Enganoso é o coração, mais do
que todas as coisas, e perverso; quem o conhecerá?” - Jeremias 17:9 –
Portanto ele não pode, com seus sentimentos, ser árbitro e definidor do amor de
Deus e nem do que é o amor verdadeiro entre duas criaturas. É reconhecer que a
vida real só é encontrada em conhecer Deus através tão somente de Sua Palavra (
Pv 3.18; 4.13; Jo 6.63,68). É ver que o amor que brota do temor a Deus, percebe
que a rebelião e incredulidade são a maneira certa de nos levar a morte e
miséria, e que isso é totalmente consistente com esse Deus de amor revelado nas
Escrituras – (Gn 2.17; Pv 8.36; Rm 6.23).
A definição bíblica do
amor vai se afastando de tudo que a cultura a nossa volta concebe e de tudo que
nossos corações podem conceber. À medida que aprendemos de Deus como Ele quer
que nós tratemos os outros, ou seja, amá-los
mesmo que sejam nossos inimigos ( Lv 19.18; Mt 5.44 ) – Aprendemos que o
amor não é principalmente sobre emoção e sentimentos dominando o coração e
mente... O amor é sobre fazer o que é para o bem maior do outro, mesmo que isso
nos custe muito (Êx 23.4-5; Pv 25.21) – E podemos ver isso infinitamente
amplificado na tela maior do dom do amor do Pai em Seu Filho para a salvação da
igreja (Jo 3.16; 1 Jo 4.9 ).
Nenhuma relação ou
atitude que não contribua para o bem final da alma pode ser atribuída a
aceitação de Deus como base no seu amor. E isso é base para aquilo que podemos
chamar de amor nas relações humanas.
Dan Haseltine, do Jars
of Clay, diz que conheceu muitos casais homossexuais cheios de amor um pelo
outro, e a Beeching fala sobre o amor de Deus na aceitação de tudo que o coração
dela deseja. Mas do ponto de vista bíblico – na expressão do amor de Deus – do que
é o amor de Deus – Jamais existiu um “casal adúltero amoroso” – ou jovens “fornicadores
amorosos” – ou relação homossexual assim... Cúmplices? Certamente. Mas amor?
Não segundo Deus. O amor é um compromisso pelo bem final do outro – e rebelião
contra Deus nunca é para o bem final do outro. E o amor de Deus por alguém
jamais poderia não estar ligado aquilo que é para o seu bem final.
O pecado contra Deus
nunca é para o bem final do outro – por isso ele nunca é expressão de amor
segundo Deus. Afastar-se por desejos e paixões da vida e do amor de Deus - do
perdão e da reconciliação com Ele – ficar exposto a Sua condenação... tudo isso
envolto em uma camisa de força de racionalizações e desculpas – nunca é expressão
de amor por alguém ou de amar e ser amado.
Amar o outro sempre é
uma relação que o leve para longe do pecado e da morte... amor é algo que leva
o outro para o bem maior – Cristo, o Evangelho, a vida e o perdão.
Ou seja, quando tua
definição de amor se encaixou na definição da cultura, você já não está falando
mais em amor nas categorias da mente de Deus. Por isso se encaixar a cultura
nunca é nossa ambição. Pois todo o nosso mundo, se estamos em Cristo - na vida e definição de palavras, fluem do
Evangelho. Falar em amor em qualquer caso que coloque o homem contra a verdade
de Deus, “amor adúltero, amor...” – é uma contradição de termos. E dizer que o
amor de Deus é a aceitação disso – é algo ofensivo a Sua santidade infinita.
Você pode colocar
bastante perfume sobre um elemento mortal como o amianto por exemplo, mas
ainda será mortal inalar o amianto perfumado. Não importa a aparência muitos
vezes bela com que o pecado se veste em afetos... ainda é pecado como sempre foi.
E está tão distante do amor de Deus como o oriente está do ocidente.