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    Um desconhecido não anunciado! ( 128 anos da morte de Spurgeon )






    Um desconhecido, não anunciado, não lembrado, inculto, um pregador substituto por circunstâncias imprevisíveis – causou um enorme impacto na Londres vitoriana, no mundo da língua Inglesa inicialmente, e no mundo  todo posteriormente... para além de tudo que ele jamais poderia ter imaginado.


    O identidade do jovem que falou naquele dia na pequena capela, foi perdida. Estas verdades simples, ditas por um homem simples e inculto -  que nunca foi reconhecido durante a vida de Spurgeon (vários homens afirmaram ser o pregador, mas não foram reconhecidos, e parece que o verdadeiro pregador se contentou em permanecer não reconhecido). Palavra ditas que revolucionaram a vida de um jovem e o colocaram em um caminho que faria dele sem dúvida um dos maiores pregadores da história da Igreja.


    Elas podem mudar a tua vida hoje, se você já está salvo, mas precisa de um sopro refrescante, ou se a tua necessidade é ser regenerado pelo poder soberano de Deus.


    Spurgeon:  “Às vezes eu acho que eu poderia ter perecido nas trevas do desespero, se não fosse pela bondade de Deus ao enviar uma tempestade de neve numa manhã de domingo, enquanto eu estava indo para um determinado local de culto. Quando eu podia ir mais além, por causa da tempestade,  eu virei por uma rua lateral e cheguei a uma pequena Capela Metodista Primitiva. Na capela devia ter 12 ou 15 pessoas. Eu tinha ouvido falar dos metodistas primitivos, como eles cantavam tão alto que muitas vezes causavam dor de cabeça nas pessoas; mas isso não tem importância para mim. Eu queria saber como eu poderia ser salvo, e se eles pudessem me dizer isso, eu não me importava o quanto eles fizessem a minha cabeça doer. O pastor não veio naquela manhã; por causa da grande quantidade de neve, eu suponho. Por fim, um homem não devidamente preparado para pregar, subiu ao púlpito. Agora, é bom que os pregadores devam ser instruídos e preparados; mas este homem realmente não era. Ele foi obrigado a ficar com seu texto, pela simples razão de que ele tinha pouco o que dizer. O texto era,


    "Olhai para mim, e sereis salvos, todos os confins da terra."


    Ele nem sequer pronunciar as palavras corretamente, mas isso não importava. Houve, pensei, um vislumbre de esperança para mim naquele texto. O pregador começou assim: - "Meus queridos amigos, este é um texto muito simples na verdade. Ele diz: “Olhe”.


    Agora, olhar não exige grande esforço. Não é preciso erguer o pé, ou sequer um dedo para fazê-lo. É apenas, 'Olhar'. Bem, um homem não precisa ir para a faculdade para aprender a olhar. Você pode ser o maior idiota, e ainda assim, você pode olhar. Nenhum homem precisa de anos de capacitação para ser capaz de olhar. Na verdade, qualquer um pode olhar; até mesmo uma criança pode olhar.


    Mas, em seguida, o texto diz: "Olhai para Mim."  “Aí está!", Disse ele...  muitos estão olhando para si mesmos, e o que eles podem encontrar? É inútil olhar para si. Você nunca vai encontrar qualquer conforto em você mesmo. Alguns olham para Deus, o Pai. Não! Olhar para Ele crendo poder ser aceito em você mesmo é inútil. Jesus Cristo diz: "Olhai para Mim”. Alguns dizem: “Temos de esperar pelo trabalho do Espírito”. Você não tem nada com isso – o Espírito trabalha como quer, mas não é para isso que temos que olhar. A ordem não é essa. Olhe para Cristo. O texto diz. "Olhai para Mim."


    Então o bom homem seguiu o seu texto da seguinte maneira:  

    "Olhai para Mim; Estou suando grandes gotas de sangue. Olhai para Mim; Estou pendurado na cruz. Olhai para Mim; Eu estou morto e enterrado. Olhai para Mim; Eu ressuscitei. Olhai para Mim; subi para o céu. Olhai para Mim; Estou sentado à direita do Pai. Ó pobre pecador, olhai para mim! Olhai para mim!"


    Quando ele tinha já falado por cerca de dez minutos, ele estava no limite de suas forças e capacidade. Então ele olhou para mim sob a galeria, e eu ouso dizer que, como havia tão poucos ali, ele sabia que eu era um estranho – talvez o único. Ele fixou seus olhos em mim, como se soubesse o que estava no meu coração, e disse: "Jovem, você tem um olhar muito infeliz."


    Bem, eu olhei para ele com certo espanto - eu não estava acostumado a ter observações feitas do púlpito sobre minha aparência pessoal antes. No entanto, foi um bom golpe, atingiu direto no alvo. Ele continuou, "e você sempre será miserável -miserável na vida e miserável na morte, - Se você não obedecer meu texto; mas se você obedecer agora, neste momento, você será salvo."
    Então, levantando as mãos, ele gritou, como apenas um antigo Metodista poderia fazer, "Jovem, olhe para Jesus Cristo. Veja! Veja! Veja! Você não tem nada a fazer além de olhar e viver."


    Eu vi naquele dia o caminho da salvação. Eu não sei o que mais ele disse: - Eu não me demorei muito em minha atenção sobre ele, - Eu estava tão possesso com aquele pensamento. Como quando a serpente de bronze foi levantada, as pessoas só olharam e foram curadas, então foi comigo. Eu estava esperando para fazer cinquenta coisas para ser salvo, mas quando ouvi essa palavra, "Olhe!" Quão charmosa a palavra me pareceu! Oh! Eu olhei até quase os meus olhos saírem das órbitas. Então a nuvem se foi, a escuridão tinha rolado para longe, e naquele momento eu vi o sol; e eu poderia ter voado naquele instante, e cantado com o mais entusiasta deles, na altura que eles cantavam...  o precioso sangue de Cristo, e a fé simples que leva só a Ele e Sua obra completa e toda suficiente. Oh, que alguém tivesse me dito isso antes,  “Confie em Cristo, e serás salvo.”


    . . .que Dia feliz, quando eu encontrei o Salvador, e aprendi a me apegar somente a seus queridos pés, foi um dia que nunca será esquecida por mim.  Um jovem obscuro, desconhecido, sem preparo, pregando por necessidade de improviso por causa de uma nevasca... e eu ouvi a Palavra de Deus -  e que precioso texto me levou para a cruz de Cristo. Posso testemunhar que a alegria daquele dia era absolutamente indescritível. Eu poderia ter saltado naquele culto, eu poderia ter dançado; não havia nenhuma expressão, por mais “fanática”, que estaria fora de sintonia com a alegria de meu espírito naquela hora. Muitos dias de experiência cristã se passaram desde então, muitos anos, quanta coisa inesperada e impressionante aconteceu em minha vida e ministério...  grandes coisas o Senhor tem feito... mas nunca houve um dia de alegria mais plena, de deleite mais espumante do que eu tive naquele primeiro dia. Eu pensei que eu poderia ter saltado do banco onde eu estava sentado, e cantado aos gritos com o mais selvagem dos irmãos metodistas que estavam presentes: "Estou perdoado! Eu sou perdoado! Um monumento da graça! Um pecador salvo pelo sangue! "


    Meu espírito viu suas cadeias quebradas em pedaços, eu senti que eu era uma alma emancipada, um herdeiro do Céu, alguém perdoado totalmente, aceito em Cristo Jesus, arrancado do barro, do lodo, para fora da cova da minha morte espiritual... com meus pés firmados em uma rocha inabalável, e meus passos estabelecidos para sempre. Eu pensei que eu poderia dançar em todo o caminho de volta para casa. Eu poderia entender o que John Bunyan quis dizer, quando declarou que ele queria contar até aos corvos sobre a terra arada tudo sobre sua conversão. Ele estava muito cheio dessa graça maravilhosa para segurar tudo dentro dele, ele sentiu que devia dizer a alguém. Assim estava eu.”

    Nós sabemos que Spurgeon não se segurou e contou ao máximo de pessoas sobre essa graça soberana... e uma quantidade imensa de homens ouviram, e ainda “ouvem”, a voz de Spurgeon. O mundo tem ouvido a nossa?

    Tirado, traduzido e adaptado de C.H. Spurgeon, Autobiografia de C. H. Spurgeon, Compilado de seu diário, cartas e anotações, por sua esposa e seu secretário particular, 1834-1854, vol. 1 (Cincinatti; Chicago; St. Louis: Curts & Jennings, 1898), 105-108.