Há um tempo, deparei-me
com um filme, uma comédia, e ela mostrava a vida de um comediante de stand-up...
Em um de seus “monólogos” - o tema era o
que ele denominou de “Monstro Eu”. É aquele ser que deve estar no centro de todas
as conversas.
Você conhece essa
pessoa. Toda história que você conta, ela precisa contar uma que seja melhor,
tudo o que você possui, ela possui duas ou três...
Quando estava vendo o
filme, pensei instantaneamente em certas pessoas. Então eu entrei em uma
conversa comigo mesmo e percebi que eu também nasci neste mundo como um “Monstro
Eu!” Eu instantaneamente calei a boca. Neguei minha recente descoberta e
continuei com o meu dia... precisava terminar o filme.
Mas a realidade deve
nos incomodar EU SOU UM "MOSNTRO EU?" Eu devo ser o centro das conversas? Eu devo
ser o centro das atenções? Esta é uma revelação aterrorizante. O que vamos
fazer? Vamos falar mais de nós mesmos? Exigir que as pessoas ouçam mais sobre
nós mesmos?
O que leva a esse
desejo em cada um de nós de ser o centro das atenções? O que alimenta o MONSTRO
dentro de nós?
Cada um de nós sente a
necessidade de aceitação. Cada um de nós tem o desejo de ser afirmado em nossa
existência. Todos nós precisamos de amor. Cada um de nós tem a Lei dentro de
nós, dizendo que não somos bons o suficiente, não somos bonitos o suficiente,
não somos inteligentes o suficiente e a parte mais assustadora é que sabemos
que é VERDADE. Então tentamos encontrar
esse amor e afirmação usando todos os meios necessários. Somos pessoas
orgulhosas que querem ser afirmadas
Alguns se voltaram para
o movimento da autoestima para encontrar essa afirmação. Eles desejam ouvir os
outros afirmá-los e, se não conseguem obter essa afirmação dos outros, tentam
se afirmar. Recentemente, li um livro sobre a morte e o morrer, e o autor
encapsula esse pensamento. O autor, que também é médico de cuidados de
pacientes terminais, ao falar com um paciente que está morrendo cheio de
relacionamentos rompidos, diz ao paciente para fazer isso...
“Antes de ir embora,
quero lhe dar uma tarefa que quero que pratique todos os dias. Pode parecer
bobagem, mas tente. Numa hora tranquila do dia, quando você está sozinho ou à
noite quando está relaxado, deitado na cama antes de dormir, feche os olhos e
diga para si mesmo: 'Eu não sou uma pessoa má'. Continue repetindo isso: 'Eu
não sou uma pessoa má', até que aos poucos você passe para: 'Eu sou uma pessoa
boa'”.
O autor resume tudo na página
seguinte quando diz ao paciente: "Você foi criado para se sentir bem
consigo mesmo por ser quem você é". O médico toca em algo perspicaz aqui, mas está totalmente errado e é patético ( Quando penso que esse médico é
especialista em doentes terminais – vejo quão desesperador e vazio é tudo que
flui do humanismo secular... que desespero não é morrer repetindo frases como essas ) - Na verdade,
não existimos para pensar que somos bons o suficiente, porque não somos. Nossas
obras, por "melhores" que sejam ou abundantes, não são suficientes para obter nada
do que realmente precisamos - não convencemos nem a nós mesmos.
Então vamos ao
Facebook, Twitter e Instagram para mostrar ao mundo que somos pessoas muito
legais e divertidas. Nós publicamos fotos de nossos passeios e viagens,
namorados e namoradas, cônjuges, nossos filhos... ou contamos aos outros sobre
o ótimo restaurante em que estamos comendo, a quantidade de livro que estamos
lendo... o tempo todo procurando afirmação de outras pessoas de que precisamos
desesperadamente.
A Lei soa: você não é
legal o suficiente, você não é bom o suficiente, ninguém te ama, e nós nos
esforçamos cada vez mais. Em seu livro Cristianismo puro e simples, C. S. Lewis
descreve apropriadamente a função do orgulho como uma constante busca por afirmação.
“O orgulho não se
agrada em ter algo, apenas em ter mais do que a pessoa próxima a nós. Dizemos
que as pessoas têm orgulho de serem ricas, inteligentes ou da boa aparência,
mas não é verdade. Eles se orgulham de serem mais ricos, mais inteligentes ou
mais bonitos do que outros. Se todo mundo se tornasse igualmente rico,
inteligente ou bonito, não haveria motivo para se orgulhar mais.”
A lei do Sinai e a lei
interna nos colocam no banco dos réus e ficamos com a confirmação do que já sabemos
que é verdade, Culpado!
O que estamos
procurando é um veredicto final de que somos importantes e valiosos. Procuramos
esse veredicto final todos os dias em todas as situações e pessoas ao nosso
redor. E isso significa que todos os dias, estamos em julgamento. Todos os dias
nos colocamos de volta ao tribunal.
Então, o que devemos
fazer? Como podemos matar o “Monstro Eu” dentro de nós, que constantemente
busca por afirmação? Onde vamos ouvir o "veredicto final" que nos diz
que somos amados e valorizados mais do que podemos imaginar?
Nós olhamos para a
vida, a cruz e o túmulo vazio de certo Carpinteiro. Durante todo o tempo de
Cristo na terra, ele estava declarando a nós o amor de Deus por seu povo (Rom. 5:
8 ). Por causa de seu amor por nós, sua vida perfeita é dada a nós, para que
não tenhamos que nos preocupar se Deus nos aceita ou não. Porque Deus aceita a
Cristo, e estamos unidos a Cristo pela fé, Deus nos aceita. Não há mais nada
para provar a Deus ou a qualquer outra pessoa, porque é "Deus que nos justifica"
( Rm 8, 31ss). Isso, se é verdade, nunca produz orgulho ou arrogância, mas os
mata.
Através de sua morte,
Deus proferiu o veredicto e nos encheu com sua graça e amor. Na cruz, Deus, o
próprio Filho do Pai, foi crucificado pelos que o Pai deu a Ele. Aquele “por
quem e através de quem todas as coisas foram criadas” - aquele que compartilhou
perfeita comunhão com o Pai foi sacrificado pelos eleitos. Quando Cristo morreu
na cruz proferiu: "Está consumado", o veredicto veio: "Portanto,
agora não há condenação para aqueles que estão em Cristo Jesus". Portanto,
não precisamos mais temer o que acontecerá se não formos “bons o suficiente”,
Cristo suportou a ira de Deus e agora eu estou livre da escravidão do pecado,
para que eu possa viver uma vida em que segue a Deus por sua beleza infinita. Isso, se for verdade a meu respeito, começa a
tirar os meus olhos de mim mesmo.
Na tumba vazia, vejo
que Cristo já conquistou a morte por mim. Ele foi ao túmulo e “desceu ao
inferno” (experimentou a Ira infinita na Cruz), POR MIM! Sim, eu sou mais
pecador do que jamais ousei acreditar – muito, muito pior do que imaginava – e merecia
apenas Ira infinita. Mas em Cristo eu sou mais amado do que jamais poderia
imaginar ou sonhar. E agora que a morte foi conquistada, há um lugar para mim
reservado na casa do Pai, há uma herança eterna preservada no céu PARA MIM! (
João 14: 1–7 )
Essa verdade me liberta do ciclo incessante de tentar me provar
a mim mesmo, aos outros ou a Deus. Deus deu a mim todas as coisas, e se isso
for verdade, todo desejo que você ou eu temos para obter afirmação é encontrado
e satisfeito perfeitamente em Cristo.
Como Paulo, podemos
dizer: 'Não ligo para o que você pensa. Eu nem me importo nem com o que eu penso.
Só me preocupo com o que o Senhor pensa. E ele disse: 'Portanto, agora nenhuma
condenação há para aqueles que estão em Cristo Jesus' e 'Você é meu filho amado,
por quem me comprazo'.
Isso, e só isso nos dá
a capacidade e o PODER de viver novas vidas e de nos libertar do “Monstro Eu”
interior. Passamos a ter um coração mole e uma pele grossa. Antes, dominados
pelo “Monstro Eu”, tínhamos um coração duro e uma pele fina. Agora podemos
parar de olhar para nós mesmos... parar de nos afirmar, ou exigir que os outros
nos afirmem... podemos para de exigir ser o centro das atenções das pessoas, da
igreja... podemos finalmente olhar para algo bem distante do nosso EU... então
podemos falar como homens livres como Paulo... viver uma vida de obediência
prazerosa não por causa da Lei, mas por causa de um amor constrangedor. E se nem nós vivemos
para nós mesmos, por que exigiríamos que as pessoas vivessem para nós? Por que
exigiríamos que a igreja vivesse para nós? Não, o “Monstro” morreu com Cristo
naquela Cruz:
“Porquanto o amor de
Cristo nos constrange, porque estamos plenamente convencidos de que Um morreu
por todos; logo, todos morreram. E Ele morreu por todos para que aqueles que VIVEM
JÁ NÃO VIVAM MAIS PARA SI MESMOS, mas para Aquele que por eles morreu e
ressuscitou.” – 2 Coríntios 5.14,15.