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    A INQUIRIÇÃO SOCRÁTICA - A Revelação da Verdade pela Interrogação - Textos Filosóficos



    Os artigos anteriores dessa série são:
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    Para deleite dos políticos e aflição dos filósofos, consegue-se convencer muita gente de praticamente qualquer coisa, contanto que não se empregue uma argumentação racional. Os antigos sofistas gregos, como Protágoras e Górgias, no entanto, lidavam com um público mais receptivo. No século V a.C., poucos divertimentos atraíam mais os nobres que ouvir debates entre grandes oradores. Adquirir os fundamentos da arte da retórica junto a um sofista profissional era parte essencial da educação dos jovens aristocratas, como participantes do sistema democrático da época. Se as classes políticas de hoje rejeitaram as virtudes de uma educação clássica, fazem uma exceção bastante deplorável no caso da sofística. No momento em que escrevo, aspirantes a porta-vozes do Partido Trabalhista Britânico, atualmente no governo, estão recebendo treinamentos especiais em fins de semana para aprender como evitar responder a perguntas diretas. Um exercício avançado envolve um exame face a face em que se pergunta simplesmente ao candidato: “Que horas são?”. Se o sujeito for capaz de se estender por 15 minutos sem dar a resposta, é promovido ao estágio seguinte. Em que consiste o estágio seguinte, ninguém revelou até agora, e se alguém o fizer, talvez seja prudente não lhe dar crédito. Mistificadores desse tipo praticaram sua arte sem maiores problemas até a chegada de Sócrates (469-399 a.C), que descobriu, ou redescobriu, algo que era kriptonita para os sofistas: a verdade. Sócrates administrava o veneno através do estratagema hoje conhecido como o método socrático, uma implacável bateria de perguntas destinada a solapar uma posição mediante o uso das próprias palavras do sofista e das coisas por ele admitidas.

    Sócrates possuía a constituição perfeita para um cabo-de-guerra. Era um homem capaz de meditar de pés descalços na neve dias a fio, ou de, antes de entrar na casa de um amigo, ficar horas parado na soleira, ruminando em silêncio um problema filosófico. Homem vigoroso, distinguiu-se como soldado na juventude e era dotado de uma capacidade prodigiosa de ingerir álcool. Morreu aos setenta anos, deixando dois filhos pequenos – um, ao que parece, ainda de colo. Sócrates era também notório por sua feiúra. Um viajante tarimbado na leitura de fisionomias lhe disse certa vez que ele tinha as feições de um monstro capaz de qualquer crime, ao que o filósofo respondeu: “Acertou em cheio, senhor!” Outros foram mais caridosos. O jovem e impetuoso Alcibíades comparou Sócrates com uma estátua do medonho Sileno, que se abre para revelar belezas ocultas em seu interior. Ao que tudo indica, Alcibíades fez esse comentário à guisa de sedução, o que só mostra que os gregos eram bem menos suscetíveis que nós. (Para continuar lendo, clique AQUI)

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    Não deixe de ler o artigo A CAVERNA DE PLATÃO que será postado em breve.


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