Esta é a segunda e última parte do Comentário de Calvino sobre o Salmo 1.
A primeira parte é - Salmo Cap 1.1-2
Verso 3 - "Ele será como uma árvore plantada junto a ribeiros de águas, que produz seu fruto na estação própria, cujas folhas não murcharão, e tudo quanto faz prosperará".
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Aqui, o salmista ilustra, e ao mesmo tempo confirma pelo uso de metáfora, a afirmação feita no versículo precedente; pois ele mostra em que sentido os que temem a Deus são considerados bem-aventurados, ou seja, não porque desfrutem de avanescente e infantil alegria, mas porque se encontram numa condição saudável. Há nas palavras um contraste implícito entre o vigor de uma árvore plantada num sítio bem regado e a aparência decaída de uma que, embora viceje prazenteiramente por algum tempo, no entanto logo murcha em decorrência da aridez do solo em que se acha plantada. Com respeito aos ímpios, como veremos mais adiante [Sal 37.35], eles são às vezes como "os cedros do Líbano". Desfrutam de uma prosperidade tão exuberante, tanto de riquezas quanto de honras, que nada parece faltar-lhes para sua presente felicidade. Não obstante, quanto mais alto se ergam e quanto mais expendam por todos os lados seus galhos, uma vez não possuindo raízes bem fincadas no chão, nem ainda suficiente umidade da qual venha a derivar seus nutrientes, toda a sua beleza se esvai e desaparece. Portanto, é tão-somente pela benção divina que alguém pode permanecer numa condição de "prosperidade". Os que explicam a figura dos fiéis produzindo seu fruto na estação própria, significando que sabiamente descernem quando uma coisa deve ser feita, até onde pode ser bem feita, em minha opinião revela mais sutileza do que bom senso, impondo às palavras do profeta um sentido que ele jamais pretendeu. Obviamente, sua intenção nada mais nada menos era que os filhos de Deus vicejam constantemente, e são sempre regados com as secretas influências da graça divina, de modo que tudo quanto lhes suceda é proveitoso para sua salvação. Enquanto que, em contrapartida, os ímpios são arrebatados pelas repentinas tempestades ou consumidos pelo escaldante calor. E ao dizer: produz seu fruto na estaçao própria (e produziu todo o seu fruto para maturidade), ele expressa o pleno sazonamento do fruto produzido, ao passo que, embora os ímpios aparentem precoce fecundidade, contudo nada produzem que conduza a perfeição.
Verso 4 - "Os ímpios não são assim; são, porém, como a palha que o vento dispersa".
O salmista bem que poderia, com propriedade, ter comparado os ímpios a uma árvore que rapidamente murcha, à semelhança de Jeremias que os compara ao arbusto que cresce no deserto [Jr 17.6]. Considerando, porém, que tal... (Para continuar clique aqui)
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