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    O Desafio do Verossímil ao Verdadeiro


    Este é o 3º Artigo da série Retórica. Os dois primeiros são:

    01 - A Contenda Original
    02 - O Repúdio da Retórica e as Dificuldades da Filosofia


    Não há motivo par pôr em dúvida o testemunho do Fedro platônico, segundo o qual

    "Tísias e Górgias afirmaram que o verossímil merece mais apreço que o verdadeiro".

    Assim expressa, essa asserção parece um mero paradoxo: é como dizer que o que é semelhante ao belo é superior ao belo, ou o que é semelhante ao útil é superior ao útil. Mas na realidade, a responsabilidade por tal paradoxo cabe, sobretudo, à tradução latina da Rhetorica ad Herennium (II-I séc. a.C.), que traduz eikós por veri similis e que foi seguida por toda a tradição retórica latina (Cícero, Sêneca, Quintiliano), que até nós condiciona a traduzir por “verossímil”.

    Mas o significado prenhe de eikós não indica o que, em vez de verdadeiro, é apenas semelhante ao verdadeiro, mas significa aquilo que é “segundo a razão” ou, melhor, “segundo a racionalidade”. De fato, quando quer dar um exemplo de eikós nos Primeiros Analíticos, Aristóteles diz:

    "Por exemplo, é eikós que os inimigos odeiem e os enamorados amem".

    Nesse sentido têm razão Tísias e Górgias quando afirmam: dizer que é eikós que Alcibíades ame Sócrates é algo mais importante do que dizer que é verdadeiro que Alcibíades ame Sócrates. Significa, com efeito, que é essa a atitude que esperamos de Alcibíades segundo determinada forma de racionalidade, de coerência, de modelo de vida. (Para continuar, clique AQUI)

    Este texto está no tópico - Textos, Artigos e Crônicas

    Em breve, o próximo artigo desta série: ESTILO RETÓRICO E ESTILO FILOSÓFICO. Aguardem!

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