Eu, miserável, que frutos colhi das ações que cometi então, e que agora recordo envergonhado, especialmente daquele furto que me satisfez pelo fruto em si e nada mais? De fato, ele em si nada valia, e por isso me tornei ainda mais miserável! (Agostinho fala sobre peras que roubou com amigos na Adolescência).
No entanto, eu não o teria praticado, se estivesse sozinho. Lembro-me bem do meu estado de alma: sozinho não o teria feito absolutamente. Portanto, amei também no furto a companhia daqueles com quem o cometi; daí não ser verdade ter amado apenas o furto em si. Não, não amei mais nada, pois a cumplicidade não é mais um nada. O que será ela na realidade?
Quem me pode responder senão aquele que me ilumina o coração e lhe dissipa as trevas? Por que me ocorreu indagar, discutir, analisar estes fatos? Se eu tivesse na ocasião desejado de fato aqueles furtos que roubei, e com eles me tivesse regalado, poderia tê-los roubado sozinho. Poderia ter cometido a iniqüidade, satisfazendo o meu desejo, sem necessidade de estimular, por outras companhias, o prurido de minha cobiça.
O fato é que não eram os frutos que me atraíam, mas a ação má que eu cometia em companhia de amigos, que comigo pecavam.