Ao se deleitar no exercício de sua capacidade, Deus se deleita em si mesmo e faz de si mesmo o seu fim – Tendo em vista ser apropriado para os preceitos da razão que, em todos os seus procedimentos, Deus se coloque acima de tudo, minha intenção é mostrar de que maneira o seu infinito amor por si mesmo e seu deleite em si mesmo o levam naturalmente a estimar essas coisas e se deleitar nelas (Seus atributos) , ou ainda, de que maneira a estima por elas fica implícita na estima pela plenitude infinita de bem que há nEle.
Não é difícil imaginar que a deferência de Deus para consigo mesmo e a estima de suas perfeições devem levá-lo a estimar os exercícios e expressões desses atributos, visto que a sua excelência consiste na relação de tais atributos com o uso, o exercício e a operação deles. O amor de Deus por si mesmo e por seus atributos o leva, portanto, a deletar-se naquilo que é o uso, o fim e a operação desses atributos.
Se uma pessoa tem muito estima e se deleita nas virtudes de uma amigo – como sua sabedoria, justiça, etc. – relacionadas à ação, isso a levará a se deleitar no exercício e nos resultados autênticos dessas virtudes. Assim, se Deus estima e se deleita nas próprias perfeições e virtudes, não pode evitar estimar e se deleitar nas expressões e nos resultados autênticos delas.
Assim, ao se deleitar nas expressões de suas perfeições, Ele manifesta um deleite por si mesmo, e, ao tornar as expressões das próprias expressões o sei fim, Ele faz de si mesmo o seu fim.