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    Contemple a Glória de Cristo - John Owen (1616 - 1683



    Depois que formos levantados da sepultura, veremos o nosso Redentor. Estevão, na verdade, viu "a glória de Deus, e Jesus que estava à direita de Deus" (Atos 7:55). Quem não desejaria ter compartilhado o privilégio dos discípulos que viram a Cristo fisicamente enquanto Ele estava na terra? Ele lhes disse que "muitos profetas e justos desejaram ver o que vós vedes, e não o viram, e ouvir o que vós ouvis, e não o ouviram" (Mateus 13:17). Se isso foi um privilégio tão grande, quão glorioso será quando nós, com os nossos olhos purificados e fortalecidos, virmos a Cristo na plenitude de Sua glória! Não podemos imaginar como será, mas sabemos que Ele suplicou ao Seu Pai pedindo que nós pudéssemos estar onde Ele está e ver a grandiosidade e a beleza de Sua glória (João 17:24).

    Enquanto estamos aqui neste mundo, "gememos em nós mesmos, es¬perando a adoção, a saber, a redenção do nosso corpo" (Romanos 8:23). À semelhança de Paulo, também clamamos: "Miserável homem que sou! quem me livrará do corpo desta morte? (Romanos 7:24). Quanto mais próximo alguém estiver do céu, mais ardentemente desejará estar lá, porque Cristo está lá. Os nossos pensamentos a respeito de Cristo são tão inadequados e imperfeitos que geralmente terminam no desejo de sermos capazes de conhecê-lô melhor. Mas esse é o melhor estado de alma em que podemos estar enquanto estivermos aqui. Oro a Deus que eu nunca deixe de pensar assim e que o Senhor aumente estes desejos mais e mais em todos aqueles que crêem.

    O coração de um crente, afetado pela glória de Cristo, é como uma agulha tocada por um imã. Ele não pode mais permanecer quieto ou sa¬tisfeito à distância, apesar de seus movimentos serem fracos e trêmulos. Ele está continuamente sendo inclinado em direção a Ele, mas não che¬gará ao seu descanso neste mundo. Contudo, lá no céu, com Cristo sempre diante de nós, poderemos firmemente olhar para Ele em toda a Sua glória. Esta visão constante trará um refrigério eterno e alegria às nossas almas. Não podemos entender, entretanto, como será a visão final de Deus. Mas sabemos que os puros de coração O verão (Mateus 5:8), e mesmo na eternidade Cristo será o único meio de comunicação entre Deus e a Igreja.

    Olhemos para os santos do Velho Testamento por alguns instantes. Eles viram algo da glória de Cristo apenas de uma forma velada, através de símbolos. Eles anelavam o tempo em que o véu pudesse ser removido e os símbolos dessem lugar à realidade. Eles olhavam para o cumprimento de todas as promessas divinas sobre a vinda do Filho de Deus ao mundo. Havia mais poder e fé verdadeira, geralmente, nos seus corações do que é encontrado entre a maioria dos crentes hoje. Quando Jesus veio, o velho Simeão, na verdade, O tomou em seus braços e disse: "Agora, Senhor, despedes em paz o teu servo, segundo a tua palavra; pois já os meus olhos viram a tua salvação" (Lucas 2:28-29).

    Temos uma revelação mais clara da natureza singular de Cristo e da Sua obra do que qualquer dos santos do Velho Testamento. E a visão que teremos da glória de Cristo no céu será muito mais clara e muito mais brilhante que a revelação que agora temos. Se aqueles velhos santos oravam desejando tanto a remoção do véu e dos símbolos e desejando ardentemente ver a glória de Cristo, quanto mais ardentemente deveríamos nós estar orando para ver a Sua glória?

    Até aqui temos pensado na glória de Cristo sendo mostrada em três planos. Os santos do Velho Testamento debaixo da lei possuíam os símbolos. No evangelho temos a perfeita semelhança. Mas devemos esperar até o céu, onde Cristo está, para virmos e desfrutarmos a realidade.

    Vamos examinar a nós mesmos para vermos se estamos avançando continuamente em direção da perfeita visão da glória de Cristo no céu. Se não estamos, é um sinal verdadeiro que a nossa fé não é real. Se Cristo está em nós, Ele é "a esperança da glória" (Colossenses 1:27). Muitos amam o mundo demais para desejarem deixá-lo apressadamente e chegar ao lugar onde possam ver a glória de Cristo. Os seus interesses estão em suas posses, seus negócios ou suas famílias. Tais pessoas vêem a beleza deste mundo no espelho do amor próprio e suas mentes estão transformadas na mesma imagem egoísta! Por outro lado, verdadeiros crentes, que se deleitam em ver a glória de Cristo no evangelho, são transformados à Sua imagem.
    Apenas o nosso Senhor Jesus Cristo entende, perfeitamentenas bem-aventuranças que serão desfrutadas por aqueles que crêem nEle. Ele ora para que possam "estar comigo onde eu estou, para que eles possam contemplar a minha glória" (João 17:24). Se podemos, no presente, entender apenas um pouco do que essa glória significa, pelo menos deveríamos confiar na sabedoria e amor de Cristo que ela será infinitamente melhor do que qualquer coisa que possamos desfrutar aqui. Porventura não deveríamos estar continuamente desejando ser incluídos nessa oração?