Se todas as coisas são
governadas por causas naturais, como é que os homens são convertidos do caminho
mau no qual andam tão afoitos?
Paulo estava a caminho
de Damasco para prender e matar cristãos quando subitamente foi atingido por
uma luz vinda do céu. Ele foi desviado do seu propósito e foi feito apóstolo de
Jesus Cristo (Atos 9:18). Mais tarde, quando os judeus planejavam matá-lo enquanto
estivesse sendo transferido como prisioneiro de Cesaréia para Jerusalém, o
governador Festo (embora ignorasse a trama), decidiu julgar Paulo em Cesaréia e
não em Jerusalém, assim fazendo com que a intriga deles desse em nada (Atos
25:14). Agostinho, um grande líder da Igreja Primtiiva, estava indo a certa
cidade a fim de ensinar o povo de lá e levou um guia para lhe mostrar o
caminho. O guia errou o caminho certo, mas mesmo tomando outra estrada eles
chegaram à cidade em segurança. Mais tarde eles souberam que tinham escapado da
morte às mãos de inimigos que estavam emboscados à espera de Agostinho para
matá-lo. Quem pode deixar de ver o dedo de Deus em tudo isso?
Se não há uma
providência suprema conduzindo todas as coisas para o bem dos servos de Deus,
como é que o bem ou o mal feito a eles neste mundo é retribuído àqueles que
assim procedem para com eles?
Quando Faraó ordenou a
matança de todos os filhos homens nascidos aos israelitas, as parteiras
recusaram-se a obedecer a ordem dele. Por causa disso o Senhor abençoou as
parteiras (Êxodo 1:21). Raabe escondeu os espiões enviados a Jericó e por isso
ela foi preservada quando todo o povo da cidade foi destruído (Josué 6:25). A
mulher sunamita foi gentil para com Elias, o profeta, e providenciou um quarto
para seu uso sempre que precisasse, e Deus concedeu a ela a alegria de ter um
filho (II Reis (4:9-17). Públio, o chefe da ilha de Malta, deu a Paulo
alojamento após seu naufrágio. O Senhor prontamente lhe retribuiu a gentileza
curando seu pai que estava enfermo (Atos 28:7-8).
Do mesmo modo, os males
cometidos contra o povo de Deus têm sido retribuídos aos seus inimigos. Como já
vimos, era propósito de Faraó destruir os inocentes filhinhos dos israelitas.
Deus o retribuiu matando todos os primogênitos egípcios numa só noite (Êxodo
12:29). Hamã construiu uma forca bem alta para o bondoso Mordecai, mas Deus
ordenou que o próprio Hamã e seus dez filhos fossem pendurados nela (Ester
7:10). Aitofel conspirou contra Davi e aconselhou como provocar a sua queda,
mas esse conselho se voltou contra ele e causou a sua própria ruína (II Samuel
17:23).
Após o cruel Imperador
Maximinus ordenar a extinção completa da religião cristã, ele foi atacado por
uma doença terrível, como aconteceu a Herodes nos dias dos apóstolos (Atos
12:23). Às vezes a recompensa do mal foi muito exata. Quando Nabote foi morto,
disseram a Acabe: ". . .no lugar em que os cães lamberam o sangue de
Nabote, os cães lamberão o teu sangue. E foi justamente o que aconteceu (I Reis
21:19 e 22:38).
Assim as Escrituras são
cumpridas pela providência. "O que faz uma cova nela cairá, e o que
revolve a pedra, esta sobre ele rolará" (Provérbios 26:27) e "Com a
medida com que tiverdes medido vos hão de medir a vós" (Mateus 7:2).
Se essas coisas forem
meras casualidades, como é então que elas concordam tão exatamente com as
Escrituras em todos os detalhes?
Será que Deus suspende
miraculosamente o poder dos processos naturais? Isso não é casual, mas está de
acordo com esta palavra: "Quando passares pelas águas estarei contigo, e
quando pelos rios, eles não te submergirão; quando passares pelo fogo, não te
queimarás, nem a chama arderá em ti" (Isaías 43:2). Será que as coisas
naturais operam para o bem do povo de Deus? Isso está de acordo com o texto:
"Tudo é vosso. . . e vós de Cristo" (I Coríntios 3:22).
Quando a providência
impede que os homens bons caiam no mal, ou que os perversos façam o mal, a
verdade e a certeza das seguintes Escrituras se tornam salientes de maneira
muito real: "Não é do homem o dirigir os seus passos" (Jeremias
10:23) e "O coração do homem considera o seu caminho, mas o Senhor lhe
dirige os passos" (Provérbios 16:9). Quando as coisas más que os homens
fazem se repercutem neles, o Salmo 9:16 se torna uma realidade para eles:
"Enlaçado ficou o ímpio nos seus próprios feitos". Ciro, cabeça do
Império Persa, deixou o povo de Deus sair livre conforme as Escrituras haviam
dito que ele faria, embora isso fosse contra seus próprios interesses (Isaías
45:13). Todo mundo está sempre cumprindo os propósitos de Deus, até mesmo
quando não querem fazê-lo.
Se essas coisas
acontecem por puro acaso, então como é que elas ocorrem exatamente no tempo
certo?
O Velho Testamento está
cheio de exemplos dessa natureza. Hagar foi informada sobre um poço de água
quando julgava que seu filho Ismael ia morrer de sede (Gênesis 21:16-19). O
anjo chamou Abraão e lhe mostrou um carneiro para o sacrifício quando ele
estava prestes a matar seu filho Isaque (Génesis 22:10-14). Foi dito ao rei
Saul: "Os filisteus com ímpeto entraram na terra", bem no momento em
que ele estava pronto para pegar Davi e matá-lo (I Samuel 23:27). Notícias
sobre um ataque vindo de outra direção fizeram com que o exército assírio
recuasse de Jerusalém, no justo momento em que se preparava para avançar sobre
a cidade (Isaías 37:7-8). Quando a conspiração de Hamã contra os judeus estava
para ser praticada, "naquela mesma noite fugiu o sono do rei" (Ester
6:1). Muitos acontecimentos similares a esses no transcorrer dos anos poderiam
ser relatados como provas da maneira exata pela qual a providência opera a
favor do povo de Deus.
Se estas coisas são
meras casualidades, como é que elas acontecem de acordo com as orações dos
santos, os quais sabem ter recebido respostas claras aos seus pedidos
particulares? (I João 5:15).
O servo de Abraão orou
pedindo sucesso quando ele foi procurar uma esposa para Isaque. Sua oração foi
respondida de acordo com as palavras que ele usou (Génesis 24:14, 46). Os
filhos de Israel clamaram ao Senhor quando Faraó e seu exército os perseguiam,
e o Mar Vermelho se dividiu à frente deles (Êxodo 14:10). O rei Asa se
defrontou com um exército que sobrepujava o seu em milhares de homens, e ele
clamou ao Senhor, seu Deus. Ele disse: "Senhor, nada para ti é ajudar,
quer o poderoso, quer o de nenhuma força. Ajuda-nos, pois, Senhor nosso Deus;
porque em ti confiamos, e no teu nome viemos contra esta multidão". A
resposta de Deus veio através de uma retumbante vitória (II Crônicas 14:11).
Pedro foi encarcerado, todavia a igreja orou incessantemente por ele. Veja como
as orações foram respondidas (Atos 12:1-2).
Quem pode dizer que as
providências de Deus não O revelam como um Deus que ouve e responde orações?
"Porque os olhos
do Senhor passam por toda a terra, para mostrar-se forte para com aqueles cujo
coração é perfeito para com ele” (II Crônicas 16:9).