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    A grandeza do propósito da santificação – Thomas Watson (1620-1686)




    É um grande propósito que Deus executa no mundo fazer uma pessoa à sua semelhança em santidade. O que são os respingos das ordenanças senão gotejos de justiça sobre nós para nos fazer santos? Para quê servem as promessas senão para encorajar à santidade? Para que o Espírito foi enviado ao mundo senão para nos ungir com a santa unção? (Uo 2.20). Para que servem todas as aflições senão para nos fazer participantes da santidade de Deus? (Hb 12.10). Para que servem as misericórdias senão para nos atrair à santidade? Qual é a finalidade da morte de Cristo senão que seu sangue pudesse nos purificar em nossa falta de santidade? "O qual a si mesmo se deu por nós, a fim de remir-nos de toda iniquidade, e purificar para si mesmo um povo exclusivamente seu" (Tt 2.14). Assim, se não somos santos, crucificamos o grande propósito de Deus no mundo.

    Nossa santidade atrai o coração de Deus. A santidade é a imagem de Deus e ele não pode fazer outra coisa senão amar sua imagem onde a vê. Um rei ama ver sua efígie sobre uma moeda. "Amas a justiça" (SI 45.7). E onde a justiça cresce, senão em um coração santo? "Chamar-te-ão Minha-Delícia ... porque o SENHOR se delicia em ti" (Is 62.4). Foi sua santidade que atraiu o amor de Deus a ela. "Chamar-vos-ão Povo Santo" (Is 62.12). Deus valoriza alguém não pelo nascimento rico, mas pela santidade pessoal.

    A santidade distingue os cristãos no mundo. A santidade é a única coisa que nos distingue dos ímpios. O povo de Deus tem seu selo sobre si. "Entretanto, o firme fundamento de Deus permanece, tendo este selo: O Senhor conhece os que lhe pertencem. E mais: Aparte-se da injustiça todo aquele que professa o nome do Senhor" (2Tm 2.19). O povo de Deus é selado com um selo duplo: a eleição: "O Senhor conhece aqueles que são seus" e a santificação: "Afaste-se da injustiça todo aquele que professa o nome do Senhor". Como um nobre é reconhecido por outra pessoa pela sua estrela prateada; como uma mulher virtuosa é diferenciada de uma prostituta por sua castidade; assim a santidade é reconhecida entre os homens. Todos os que são de Deus têm Cristo por seu capitão e a santidade é a cor branca que vestem (Hb 2.10).

    A santidade é a honra dos cristãos. A santidade e a honra são colocadas juntas (lTs 4.4). A dignidade caminha com a santificação. "Àquele que nos ama e, pelo seu sangue nos libertou dos nossos pecados, e nos constituiu reino, sacerdotes para o seu Deus e Pai" (Ap 1.5). Quando somos lavados e feitos santos, então somos reino e sacerdotes para Deus. Os santos são chamados vasos de honra; são chamados jóias pelo brilho de sua santidade, pelo enchimento com o vinho do Espírito. Isso faz deles anjos terrenos.

    A santidade nos dá ousadia diante de Deus. "Se afastares a injustiça da tua tenda... levantarás o teu rosto para Deus" (Jó 22.23 e 26). Levantar a face é um símbolo de ousadia. Nada pode nos envergonhar tanto ao nos aproximar de Deus quanto o pecado. Um homem ímpio pode levantar suas mãos na oração, mas não pode levantar sua face. Quando Adão perdeu sua santidade, perdeu sua confiança, escondeu-se. Porém, a pessoa santa vai até Deus como uma criança vai até seu pai; sua consciência não o censura com a possibilidade de qualquer pecado, portanto pode ir ousadamente ao trono da graça e ter a misericórdia para ajudá-lo em tempo de necessidade (Hb 4.16).

    A santidade traz paz aos cristãos. O pecado levanta uma tempestade na consciência: onde há pecado, há tumulto. "Para os perversos, diz o meu Deus, não há paz" (Is 57.21). Justiça e paz são colocadas juntas. A santidade é a raiz que sustenta esse doce fruto da paz. A retídão e a paz se beijam.


    A santidade conduz o cristão ao céu. Ela é a estrada do céu do Rei. "E ali haverá bom caminho, caminho que se chamará o Caminho Santo" (Is 35.8). Havia em Roma o templo da virtude e o da honra, e todos deveriam passar pelo templo da virtude para chegar ao templo da honra; assim, devemos ir do templo da santidade para o templo do céu. A glória começa na virtude. "Nos chamou para a sua própria glória e virtude" (2Pe 1.3). A felicidade não é nada mais que a essência da santidade; a santidade é a glória militante e a felicidade a santidade triunfante.