O que acontecia nos
dias de Judas está acontecendo hoje. A estratégia do inimigo na guerra pela
verdade não mudou. Por isso, a admoestação de Judas aplica-se a nós, assim como
se aplicava aos leitores originais da epístola. Os falsos mestres continuam a
agredir a igreja com idéias quase cristãs. Além disso, os hereges continuam a
surgir de dentro da própria igreja e a exigir reconhecimento e tolerância da
parte dos cristãos, enquanto se esforçam muito para subverter os próprios
alicerces da fé verdadeira. Estão até repetindo todas as mesmas mentiras.
É necessário que seus
ensinos sejam confrontados e claramente refutados com a clara verdade da
Palavra de Deus. O apóstolo Paulo disse algo semelhante, mas em linguagem mais
enfática: "É preciso fazê-los calar" (Tito 1.11).
Ora, conforme já
ressaltamos, nem Paulo nem qualquer outro escritor do Novo Testamento sanciona
a violência, a força física ou as armas carnais na guerra pela verdade. Pelo
contrário, essas são condenadas, energicamente e reiteradas vezes (Mateus
26.52; 2 Coríntios 10.3-4). Tito 1.11 não é, de modo algum, uma exceção a esse
princípio. Paulo não está sugerindo que os hereges devem ser calados mediante a
força física. Ele deixou bastante claro o modo como Tito devia silenciar os
"insubordinados, palradores frívolos e enganadores" (v. 10). Tito
precisava confrontar e refutar por completo as mentiras deles, mediante a
proclamação clara da verdade. Nisto também existe um aspecto negativo:
"Repreende-os severamente, para que sejam sadios na fé" (v. 13).
Existe, também, um dever positivo: "Tu, porém, fala o que convém à sã
doutrina" (2.1).
Embora o contexto deixe
claro que Paulo não estava propondo o uso de nenhum tipo de violência, sua declaração
a respeito de fazer calar os falsos mestres possui um tom de autoridade e uma
firme certeza que a fazem parecer menos do que politicamente correta aos pós-modernos.
Não é uma mensagem que se adapta bem à nossa época.
Mas, por outro lado, as
Escrituras sempre têm sido contrárias a cultura do mundo. Precisamos deixar que
as Escrituras repreendam e corrijam o espírito de nossa época, e nunca
vice-versa. Infelizmente, a igreja visível hoje está repleta de pessoas que
resolveram que o discernimento bíblico, os limites doutrinários e a autoridade
da verdade divinamente revelada são relíquias inúteis de uma era ultrapassada.
Estão cansados de batalhar pela verdade e, com efeito, já cessaram,
unilateralmente, a resistência. Conforme notamos desde o início, os cristãos de
nossos dias parecem mais preocupados a respeito dos que crêem que ainda vale a
pena lutar na guerra pela verdade do que a respeito dos perigos da falsa
doutrina. A queixa deles se tornou um refrão familiar: "Por que você não
pega mais leve? Por que não diminui a campanha para refutar as doutrinas com as
quais você não concorda? Por que você critica constantemente aquilo que os
outros cristãos estão ensinando? Afinal de contas, todos cremos no mesmo
Jesus".
Mas as Escrituras nos
advertem, com clareza e reiteradas vezes, que nem todos aqueles que declaram
crer em Jesus realmente crêem. O próprio Jesus disse que muitos alegariam
conhecê-Lo, sem realmente conhecê-Lo (Mateus 7.22-23). Satanás e seus ministros
sempre se disfarçaram de ministros de justiça (2 Coríntios 11.15). Não
ignoramos as artimanhas ardis de Satanás (2 Coríntios 2.11). Afinal, essa tem
sido estratégia dele, desde o inicio.
Portanto, é o cúmulo da
tolice (e da desobediência) quando os cristãos desta geração resolvem, de
repente, que, em nome do "amor", devemos deixar de lado toda idéia
aberrante a respeito do evangelho e abraçar, incondicionalmente, todo aquele
que alega ser cristão. Fazer isso é o mesmo que entregar ao inimigo toda a
batalha pela verdade.
Devemos continuar
lutando.