Satanás usa sempre e
basicamente duas armas, ele acusa e ele tenta. Suas acusações estão sempre
focadas no pecado que já cometemos... e seu propósito último e nos tentar a
cometer o pecado que ainda não cometemos. Olhemos a segunda.
Satanás tem uma
capacidade gigantesca de adaptar suas tentações ao nosso temperamento e
circunstâncias peculiares. Na juventude, por exemplo, ele tanta nos seduzir
pelo prazer, esperanças vivas de prosperidade mundana... Quando adultos ele nos
leva a enterrar todas as nossa perspectivas nos cuidados da vida. Na velhice
somos tentados a indulgência e obstinação teimosa... “é muito tarde para
mudar... velho demais para a batalha...” – e por aí vai. Adaptação é algo no
qual ele é mestre.
Na prosperidade ele trabalha para inchar nossos corações com orgulho
em “linkar” tudo isso a nossa capacidade, esforço... nos levando a
auto-confiança, desprezando claramente por esta atitude, tudo que Deus é.
Na pobreza e necessidade, nos leva a auto-comiseração, excita todo
descontentamento, desconfiança da bondade de Deus, falta de gratidão,
murmuração...
Se somos propensos a um
temperamento melancólico, ele então
busca azedar tudo amplificando a melancolia, promovendo mau humor como hábito e
o desânimo.
Se naturalmente somos alegres, somos sutilmente levados
a indulgência e leveza inconsequente que nos afasta da seriedade do nosso
chamado, disciplina...
Em nosso momento diário
de devoção privada, ele sempre está entre nós e Deus para nos impedir de
perceber sua presença Santa e conhecermos a profundidade da comunhão
disponibilizada a nós em Cristo, tentando nos cegar para tudo que Deus é em
Cristo para nós agora e para todo o tesouro e sorte de benções espirituais que
temos em Cristo.
No culto público ele
perturba as nossas mentes com imaginações tolas... hoje, por exemplo, basta
direcionar nossa atenção para as bugigangas tecnológicas “onipresentes” em
nossas vidas... ou viagens sutis em nossas mentes divagando...
Quando temos um tempo
confortável e um feliz estado de espírito, ele desperta o orgulho em nosso
corações, nos levando a confiar em nossa própria bondade, esquecendo a rocha e
fonte de nossa salvação tão somente por graça e nada mais.
Até os momentos da mais
profunda humilhação espiritual, ele toma como oportunidade de despertar orgulho
espiritual... Se atos de abnegação e compromisso cristão tomam nossas vidas,
ele desperta em nossos corações um espírito ufanista...
Se vencemos e superamos
qualquer corrupção de nossos corações, ou triunfamos sobre qualquer tentação,
ele logo excita em sentimento secreto de auto-satisfação e auto-prazer...
Ele até mesmo induz os
nossos corações com algum esquema para fazer “o bem”, tendo o devido cuidado
que nosso ego seja excitado pelo sentimento e consciência disso.
Quando o quadro que
estamos vivendo é ruim, ele então incitará os ânimos e sentimentos mais
profanos de nossos corações, nos levando a amargura, rabugice, mau humor,
aspereza, grosseria, raiva...
Não existe nenhuma
graça cristã que Satanás não possa falsificar. Ele pouco se importa quanto
sentimento “espiritual” temos, ou quantas ações consideradas boas praticamos,
contanto que ele possa nos manter com motivações impuras e motivos egoístas no
interior invisível.
Satanás por vezes, se
transfigura em anjo de luz. Ele é autor, muitas e muitas vezes, de confortos,
justificações, alegrias falsas... tudo isso muito semelhantes a algo realmente
gracioso. Satanás tem poder e capacidade enorme de trazer a Escritura para
nossa mente, e ele a aplica com destreza, como vimos ele fazer ao tentar o
Salvador. Junte isso ao fato de nossos corações serem enganosos e a corrupção
ainda residente em nós... e temos uma terrível parceria em direção a queda.
Como facilmente ele pode enganar nossas almas com falsa paz e alegrias egoístas
e infames diante dos olhos de Deus.
Satanás, sem qualquer
sombra de dúvida, pode trazer as promessas mais doces e preciosas de Deus para
as mentes daqueles que ele deseja enganar. Mas sempre ele aplica mal as promessas,
como tentou fazer com Jesus: “Jogue-se daqui, pois Deus disse que daria ordem
aos seus anjos a teu respeito...”. Ele nos diz: “Se aproxime do pecado, brinque
no lugar da tentação... Deus não deixará seu servo tropeçar...”
Sutileza e habilidade
são sua especialidade. Satanás pede tão pouco no início, que, a menos que
nossas consciências sejam muito sensíveis a Palavra, não suspeitaremos.
Somos susceptíveis à
tentação do mundo exterior e nas corrupções internas do coração. Elas se juntam
poderosamente: “Os que desejam ficar ricos caem em tentações e ciladas”, diz
Paulo. Dinheiro, prazer, honra, modas... inimigos “belos” da piedade séria: “Cada
um é tentado, quando atraído e seduzido pelos seus desejos...” – é como Tiago
expressa. O maior mal que nos aflige, por fim, é a corrupção restante em nós.
As tentações de Satanás por si só, seriam leves, sem o peso do conflito
interior na luta dos desejos do próprio coração. E Satanás usa contra nós ambos
os meios de tentação para realizar seu fim último. Tentações exteriores e os
traidores internos. Então você encontra uma aliança secreta entre as mentiras
externas e as corrupções de seu próprio coração. Não é pecado ser tentado, mas
é pecado dar lugar à tentação: “Não deis lugar ao diabo!”
Poucas coisas são mais
enfatizadas na Bíblia e tão desprezadas: Vigiai e orai, para que não entreis em
tentação." "Olhai, vigiai e orai". "E o que eu vos digo,
digo a todos: Vigiai." "Vigiai, permanecei firmes na fé, portai-vos
varonilmente”. "Orai sem cessar, com toda oração e súplica no Espírito, e
vigiando nisto com toda a perseverança. " "Vigiai e sejamos
sóbrios." "Vigiai, pois, em todas as coisas ." "Bem-aventurado
aquele que vigia e guarda as suas vestes, para que não ande nu, e não se veja a
sua vergonha..."
E a tentação é multifacetada
e de todo tipo imaginável. Não basta pensarmos em comportamentos imorais.
Pense, por exemplo, no câncer e sua capacidade de tentação em destruir a sua fé
na bondade infinita de Deus. Pense em como uma dor insuportável é fonte
poderosa de tentação... a perda de antes queridos, doença de filhos,
dificuldades, tensões no casamento, conflitos, desastres naturais, crises
financeiras, crime, violência... A palavra em grego – PEIRASMOS é a mesma para
prova e tentação.
A Palavra de Deus nos
dá força para vencer o mal, porque através dela, pelo poder infinito da graça
de Deus, através da atuação do Espírito Santo, ela liberta nossas mentes de
todo poder da mentira operando neste mundo tenebroso, como diz Paulo. “Conhecereis
a verdade , e a verdade vos libertará” – João 8.32. “Santifica-os na verdade; a
Tua Palavra é a verdade” – João 17.17. A Palavra de Deus nos faz fortes para
vencer o mal, não de uma forma “mística” – ela faz isso porque satura a nossa
mente com a verdade sobre Cristo e sua obra perfeita, a verdade sobre a cruz,
sobre o Espírito, sobre a Justificação, sobre a fé, sobre quem nós somos em
Cristo, sobre o sentido da calamidade, doença... sobre a Soberania absoluta de
Deus...
Só neste instante a
oração é eficaz. Na Bíblia, Deus nos fala, e na oração, nós falamos a Deus.
Essas duas coisas, ser cheio da Verdade, ter mentes saturadas da Verdade e dela
fluindo oração – são completamente interdependentes em sua eficácia. A Palavra
nos ensina a orar e nos mostra o que orar e como orar. A Palavra nos dá base
para a oração e nos enche de completo ânimo que nas bases descritas por Deus,
Ele ouve nossas orações. A verdadeira oração aplica as Escrituras a nós e aos outros.
A Palavra e somente ela transforma o que falamos a Deus em verdadeira oração...
e nessa oração pedimos mais compreensão da Palavra e capacidade para viver a
Palavra. Assim, oração e Palavra são interdependentes na operação da
transformação de cada um de nós na imagem de Cristo, o que é a única fonte de
vitória contra todas as sutis e “onipresentes” tentações da vida.