Qual é o verso
preferido da Bíblia de nossa geração? Qual o texto preferido do mundo e de
muitos cristãos de nossos dias? Ele fala sobre a santidade de Deus? Sobre o
pecado? Sobre o verdadeiro arrependimento? Sobre a ira de Deus? Sobre a
condenação no inferno?...
O mundo e muitos
cristãos podem conhecer muito pouco ou praticamente nada da Bíblia, mas tão
certo como o sol nasceu hoje, eles podem citar sem dificuldades Mateus 7.1: “Não
julgueis para que não sejais julgados” – E ironicamente, como não podia deixar
de ser, o versículo que nossa cultura e grande parte dos cristãos, por estarem
completamente aliados a ela mais gostam, eles menos entendem.
Esta é a passagem
bíblica mais abusada e mal compreendida... é óbvio que por uma conveniência que
despreza Deus. Nada é tão mal aplicado como essa passagem. O mundo, a cultura,
cristãos... a usam para denunciar todo e qualquer um que se aventure a criticar
ou expor os pecados, falhas ou aberrações do coração caído que se deleita em
tudo que Deus despreza. Jamais se atreva a falar mal do mundanismos, homossexualismo,
adultério... a
condenação de qualquer um que não está em Cristo nos termos bíblicos... e assim
por diante... sem estar certo de você vai estar sobre a ira da multidão do mundo e da
“igreja” que se convenceram de que Jesus, a quem eles desprezam e rejeitam – (
pelo menos o Jesus real que diz: “Aquele que tem os meus mandamentos e os
guarda esse é o que me ama...” – João 14.21 ) - disse que não devemos julgar uns aos outros.
Isto acontece por que?
Porque este é o texto que está na boca de todos? Acontece pelo fato de que as
pessoas ODEIAM absolutos, especialmente absolutos morais. Dizer que existe
diferença absoluta entre o bem e o mal, a verdade e o erro... é o caminho para
ser chamado de Medieval, mente fechada, fundamentalista... e hoje nada mais é
temido, mesmo por pessoas que dizem serem pregadores da verdade absoluta de Deus.
Ser dogmático é o maior temor dos que querem ser vistos como “relevantes” por
uma sociedade que abandonou Deus e que foi abandonada por Ele:
“Dizendo-se sábios,
tornaram-se loucos. E mudaram a glória do
Deus incorruptível em semelhança da imagem de homem corruptível, e de aves, e
de quadrúpedes, e de répteis. Por isso também Deus os
entregou às concupiscências de seus corações, à imundícia, para desonrarem seus
corpos entre si; Pois mudaram a verdade
de Deus em mentira, e honraram e serviram mais a criatura do que o Criador, que
é bendito eternamente. Amém.” - Romanos 1:22-25
O diagnóstico que flui
dos problemas tratados por Paulo em Corinto, por exemplo, é exatamente o oposto
do diagnóstico que é feito hoje. “Estais
ensoberbecidos, e nem ao menos vos entristecestes por não ter sido dentre vós
tirado quem cometeu tal ação.” - 1 Coríntios 5:2
Hoje, quando a
disciplina não acontece o diagnóstico muitas vezes é que somos muito humildes para julgar e disciplinar uma pessoa: Quem
somos nós para apontar o dedo? Quem somos nós para julgar? Quem somos nós para
atirar a primeira pedra? E assim uma suposta humildade é construída na base da
tolerância a imoralidade impenitente.
Por outro lado, hoje,
se uma igreja seguir na aplicação da
disciplina é muitas vezes diagnosticada como agindo direto com orgulho
farisaico. Indignação com o pecado é
muitas vezes retratada como um disfarce para a insegurança e um véu sobre
suas tentações sexuais dos fariseus. Um tipo de atitude "mais santo do que
tu" é dito ser a base da indignação e a arrogância é dita ser a base da disciplina
e exclusão.
Mas quando você lê este
versículo 2, o diagnóstico de Paulo sobre o problema em Corinto era exatamente
o oposto. Não, a
arrogância foi a base da tolerância e a humildade de coração partido deveria
ter sido a base da excomunhão.
Ele disse: "Vocês se tornaram arrogantes." As
pessoas na igreja estavam se vangloriando desta imoralidade. Agora, como pode
ser isso? Que tipo de teologia daria origem a jactância na imoralidade? Temos
visto isso nas cartas de Paulo em outros lugares. Ele diz: "E por que não
dizemos (como somos blasfemados, e como alguns dizem que dizemos): Façamos
males, para que venham bens? A condenação desses é justa” - Romanos 3:8" –
“Que diremos pois? Permaneceremos no pecado, para que a graça abunde?” - Romanos
6:1
Então, é uma teologia
que não entende o poder da graça e a transforma em licença para a vida mundana. É uma teologia que
não entende a liberdade e usa-o como "uma oportunidade para a carne"
( Gal. 5:13 ), e diz (como diziam em Corinto)
"todas as coisas me são lícitas" ( 1 Co 6:12. , 10:23 ). E assim
eles estavam se gabando de sua liberdade e tolerância que anula a graça.
Orgulho disfarçado de humildade aqui foi a base da tolerância pecaminosa e não
o julgamento farisaico.
Neste mesmo lugar
ficamos tendo nos tornado espelho da nossa cultura. Ser chamado de mente fechada é a maior dor
imaginável para aqueles que querem se abraçados pela cultura! Em suma, para a vastíssima
maioria em nossos dias o único inimigo é o homem que não está aberto para tudo.
Que Jesus de forma
nenhuma nos proíbe de expressar claramente a opinião, declaração bíblica sobre
o certo e errado, o bem e o mal, a verdade e a falsidade... pode ser
demonstrado observando dois fatores simples – o contexto imediato do texto ( Mateus 7.1) e
todo o ensinamento do Novo Testamento sobre julgar.
Praticamente todo o Sermão
do Monte, antes e depois do texto mencionado, baseia-se no pressuposto básico
de que devemos usar nosso poderes críticos instruídos pela Verdade de Deus para
fazer julgamentos morais, éticos, lógicos... Jesus disse para os cristãos serem
completamente diferentes do mundo que os cerca, para buscar a justiça que
excede a dos fariseus, fazer tudo com motivações completamente diferente do
mundo ao redor, ou seja, completamente centrados na glória de Deus e não no
homem, evitar ser como os hipócritas quando damos, oramos, jejuamos...
E logo depois da
exortação de Mateus 7.1, Jesus diz para não dar o que é santo aos cães ou
pérolas aos porcos, nos guardar dos falsos profetas... É óbvio que seria impossível obedecer a esses
mandamentos sem usar o julgamento crítico que flui das definições bíblicas
sobre a vida. Só podemos, é claro, obedecer a esses mandamentos e determinar
nosso comportamento em relação aos “cães”, “porcos”, “falsos profetas”, “mundo”...
se usarmos um julgamento crítico conduzido pela verdade sobre todas essas
coisas.
Quando esquecemos tudo
isso começamos a citar versos bíblicos como o diabo citou diante de Cristo na
tentação no deserto. Por isso a Bíblia está cheia de mandamentos para fazermos
julgamentos:
“Todo aquele que
prevarica, e não persevera na doutrina de Cristo, não tem a Deus. Quem
persevera na doutrina de Cristo, esse tem tanto ao Pai como ao Filho. Se alguém
vem ter convosco, e não traz esta doutrina, não o recebais em casa, nem
tampouco o saudeis. Porque quem o saúda tem parte nas suas más obras.” – 2 João
9-11
“Ora, se teu irmão
pecar contra ti, vai, e repreende-o entre ti e ele só; se te ouvir, ganhaste a
teu irmão; Mas, se não te ouvir, leva ainda contigo um ou dois, para que pela
boca de duas ou três testemunhas toda a palavra seja confirmada. E, se não as
escutar, dize-o à igreja; e, se também não escutar a igreja, considera-o como
um gentio e publicano.” - Mateus 18:15-17
“E rogo-vos, irmãos,
que noteis os que promovem dissensões e escândalos contra a doutrina que
aprendestes; desviai-vos deles. Porque os tais não servem a nosso Senhor Jesus
Cristo, mas ao seu ventre; e com suaves palavras e lisonjas enganam os corações
dos simples.” - Romanos 16:17-18
“Eu, na verdade, ainda
que ausente no corpo, mas presente no espírito, já determinei, como se
estivesse presente, que o que tal ato praticou...” - 1 Coríntios 5:3
“Mas, ainda que nós
mesmos ou um anjo do céu vos anuncie outro evangelho além do que já vos tenho
anunciado, seja anátema.” - Gálatas 1:8
“Guardai-vos dos cães,
guardai-vos dos maus obreiros, guardai-vos da circuncisão” - Filipenses 3:2
“Ao homem herege,
depois de uma e outra admoestação, evita-o, Sabendo que esse tal está
pervertido, e peca, estando já em si mesmo condenado.” - Tito 3:10-11
“Amados, não creiais a
todo o espírito, mas provai se os espíritos são de Deus, porque já muitos
falsos profetas se têm levantado no mundo.” - 1 João 4:1
“Tenho escrito à
igreja; mas Diótrefes, que procura ter entre eles o primado, não nos recebe. Por
isso, se eu for, trarei à memória as obras que ele faz, proferindo contra nós
palavras maliciosas; e, não contente com isto, não recebe os irmãos, e impede
os que querem recebê-los, e os lança fora da igreja.” - 3 João 1:9-10
Agora, devíamos olhar
especialmente para João 7.24 – onde o próprio Jesus diz: “Não julgueis segundo
a aparência, mas
julgai segundo a reta justiça.” - João 7:24
O que é, então, que
Jesus quis dizer em Mateus 7:1-6 ?
Parece que Jesus está
proibindo o tipo de crítica julgamento que é hipócrita, que nos torna apenas
farejadores de falhas, destrutivos, amargos... Ele está proibindo o tipo de
julgamento que fazemos aos outros não por preocupação com sua saúde e bem-estar
espiritual, mas unicamente para desfilar nossa suposta justiça diante dos
homens.
Não devemos julgar os
outros como um meio de auto-justificação. Algo comum – ao apontar o erro de
pastores ou da igreja, por exemplo, tento justificar minha falta de compromisso
com o corpo de Cristo. Tento usar o erro dos outros para justificar minha falta
de submissão... denuncio apenas pecados externos e visíveis como roubo, assassinato, injustiça social... para
minimizar os internos como amargura, ciúme, luxúria... Essa forma de julgamento
nada mais é do que auto-justificação.
Em Mateus 7.6 Jesus aponta
para o perigo oposto: “Não deis aos cães as coisas santas, nem deiteis aos
porcos as vossas pérolas, não aconteça que as pisem com os pés e, voltando-se,
vos despedacem.” – Ele aqui aponta para o perigo de sermos homens indulgentes e
sem discernimento num mundo que despreza completamente Deus. Pensando em amar
os nossos inimigos, andar a milha extra e não fazer julgamentos injustamente...
corremos o grande perigo de nos
tornarmos insossos, não mais sal e luz, não fazer mais distinções essenciais
entre o certo e o errado, a verdade e a falsidade, a luz e as trevas, o viver santo e a impiedade,
o ser igreja ou ser o mundo debaixo da ira de Deus.