Todos "desejamos" justiça.
O brutal Frank Castle de O Justiceiro (The Punisher) da Marvel é capaz de fornecer?
A confissão da
justificação divina atinge a vida do homem em seu âmago, no ponto central de
seu relacionamento com Deus; ela define a pregação da igreja, a existência e o
progresso da vida de fé, a raiz da segurança humana e a perspectiva humana
quanto ao futuro.
Assim é a justificação,
conforme Paulo a ensinou e conforme foi reapreendida por ocasião da Reforma:
uma verdade que todos os líderes reformadores na Alemanha, na Suíça, na França
e na Grã-Bretanha, bem como todas as confissões que eles patrocinaram, foram
unânimes em ressaltar e que todos viam como o articulus stantis vel cadentis ecclesiae — o artigo sobre o qual a
igreja permanece de pé ou cai.
Eles diziam que a
justificação é um mistério do evangelho —-uma questão de revelação divina, por
meio da graça. Como tal, é uma doutrina duplamente humilhante. Humilha o
orgulho intelectual, porquanto jamais poderia ter sido criada ou desenvolvida
pela razão humana, e humilha o orgulho moral por assumir que todos os homens
são impotentes e destituídos de esperança no tocante ao pecado.
Naturalmente, todos os
homens se resentem disso, e, como disse Robert Traill (1642-1716): "Essa
inimizade dos homens para com a sabedoria de Deus é... uma tentação para muitos
ministros formularem um evangelho que seja mais adaptado ao entendimento
humano, mais aceitável para os homens, do que o autêntico evangelho de
Cristo". (Vindication ofthe ProtestamDoctrine conceming Justification (A
Defesa da Doutrina Protestante Concernente à Justificação -1692) - O mistério
da justificação, pois, é constantemente ameaçado pelo orgulho humano.
Todos os seres humanos
falam e desejam justiça. Em um mundo quebrado, cheio de pecado e morte,
desejamos que a justiça seja promulgada e nós choramos e protestamos quando a
injustiça é feita. No Salmo 82, o salmista implora a Deus que "julgue a
terra". É nesse desejo de justiça que o Justiceiro (The Punisher) da Marvel fala.
The Punisher conta a
história de Frank Castle (Jon Bernthal), um veterano da Marinha que está
obcecado com a vingança do assassinato de sua família. Enquanto Frank persegue
implacavelmente sua própria sede de justiça, surge um herói complexo, brutal,
cuja tentativa de forçar a justiça acaba por ser limitada.
O Justiceiro não polpa
nenhum soco. Desde o início da série, estamos diante da atitude solitária de
Frank Castle. De muitas maneiras, a dor que Frank sente pela morte de sua
família o levou a um severo individualismo. Ele é um homem que recusa a
interação social e não ajuda em nada quem tenta se aproximar dele. Ele lida com
a perda de sua família trabalhando até tarde da noite como trabalhador de
demolição. Ele gasta incessantes horas destruindo paredes de cimento com uma
grande marreta até que suas mãos estejam ensanguentadas. Jon Bernthal dá uma
performance fascinante, tornando a raiva, na verdade fúria, de Frank tão
visceral que é como se ela se tornasse tua. Como Frank começa a buscar vingança
contra aqueles que assassinaram sua família, ele nunca é retratado como um
herói imortal e inquebrável. De fato, Frank está significativamente quebrado -
fisicamente e emocionalmente - ao longo da série. O Justiceiro torna seu
protagonista bem humano ao simultaneamente aumentar a sua determinação
inflexível a proporções ultrajantes.
A dissonância que
sentimos no final de O Justiceiro (The Punisher) vem do nosso reconhecimento de
uma verdade do evangelho.
Esta mesma humanidade “transparente”
é o que faz o final de O Justiceiro (The Punisher) tão doloroso. No final, uma
vez que Frank destruiu todos os que tiveram algo a ver com o assassinato de sua
família, ele confessa ter medo do "silêncio". Ele não tem mais
batalhas para lutar; tudo o que ele pode fazer é sentar-se após as ações dele.
Nós finalmente vemos Frank sentado em um círculo de outros veteranos de guerra,
chorando por sua própria privação miserável. Na sequência do medo e do
desapontamento de Frank, somos solicitados a perguntar: Os seres humanos podem
alcançar uma justiça que satisfaça plenamente a nossa necessidade de que as
coisas estejam corretas? Corretas fora e principalmente dentro de nós? Pode o
problema do mal ser desfeito pelos nossos próprios esforços? Nós somos parte
fundamental do problema – mas sempre que pensamos em justiça, somos tentados a
pensar nos outros – se Deus visitasse a Terra com Justiça, nós sobreviveríamos?
Mesmo O Justiceiro ( The Punisher ) da Marvel mostra que não podemos. Frank não
deixa nenhuma pedra virada, nada escapa... mas ainda carrega o peso de sua
humanidade caída e miserável.
O evangelho oferece uma
resposta a essa insatisfação. A razão pela qual a verdadeira justiça não pode
ser alcançada pelos seres humanos é porque somos desqualificados pela própria
injustiça que reside e reina nos nossos próprios corações. A maldição do pecado
e da morte manchou o nosso mundo de forma abrangente e final, e é preciso um
sumo sacerdote perfeito para realizar o que nunca poderíamos.
Paulo pergunta
ousadamente: “Quem intentará acusação contra os eleitos de Deus? É Deus quem os
justifica”
Justificar é muito mais
que absolver. Na justificação há uma resposta adequada para cada acusação, um
indenização completa por cada demanda que pesa sobre os filhos (Eleitos) de
Deus, um recibo para cada dívida mostrando: Quitado! Quão gloriosa é a
justificação que temos em Cristo. Mas isto que falamos não compreende tudo o
que a justificação significa.
Justificar é muito mais
do que perdoar e absolver. Ela dá uma justiça que a absolvição simples não
poderia prover. Alguns são absolvidos por falta de provas, outros são
honrosamente absolvidos... mas ninguém sai de um tribunal com as honras que
Deus consede aos seus eleitos ao justificá-los: “Assim disse Hamã ao rei: Para
o homem, de cuja honra o rei se agrada, Tragam a veste real que o rei costuma
vestir, como também o cavalo em que o rei costuma andar montado, e ponha-se-lhe
a coroa real na sua cabeça” ( Ester 6.8).
Viu o que Assuero fez a
Mordecai? Quando Deus justifica um homem Ele não apenas o absolve, mas
coloca-lhe um manto de justiça, um manto real, no qual ele pode estar diante de
Deus como um santo, impecável em obediência – na obediência gloriosa do Seu
Filho Amado. Recebem uma coroa de justiça: “E ao redor do trono havia vinte e
quatro tronos; e vi assentados sobre os tronos vinte e quatro anciãos vestidos
de vestes brancas; e tinham sobre suas cabeças coroas de ouro.” – “E cantavam
um novo cântico, dizendo: Digno és de tomar o livro, e de abrir os seus selos;
porque foste morto, e com o teu sangue compraste para Deus homens de toda a
tribo, e língua, e povo, e nação; E para o nosso Deus os fizeste reis e
sacerdotes; e eles reinarão sobre a terra.” (Ap 4.4; 5.9,10).
Que glória há nesta
verdade, você e eu, se fomos eleitos, se estamos no Reino, se fomos chamados
eficazmente, se fomos regenerados, se cremos no Filho de Deus, se fomos
justificados, embora em nós mesmos sejamos criminosos vis e culpados – agora
aos olhos de Deus não somos mais apenas “não culpados” – somos vistos debaixo
da justiça de Cristo – com uma justiça gloriosa, imaculada, sem ruga...
Como nossas mentes
poderiam não se encher com este mistério infinito e gerar eterna e santa
admiração parecendo ser nossa justificação algo grande demais para ser verdade?
Como não viver cheio de um inesgotável regozijo? Como precisar de qualquer
outro estímulo que nos leve a completa adoração?
Um criminoso culpado
que mesmo assim recebe perdão, sai do tribunal com a cabeça baixa diante da
multidão – com desejo de não encontrar ninguém que esteve naquele tribunal
nunca mais – com grande senso de vergonha... Mas ser coberto por um manto de
justiça diante dos olhos de um Deus infinitamente Santo é algo inacreditável demais!
Se levantar como um filho amado, sem mancha, ruga... isso excede a todo
pensamento humano agora e na eternidade. Nem homens nem anjos podem compreender
isso completamente.
Houvesse uma ruga, uma
mácula e não poderíamos estar naquele dia diante de Deus – Seus olhos santos
não podem descansar sobre qualquer imperfeição. Qualquer imperfeição ou mancha
faz acender sua Ira.
“Quem os condenará?”
A Lei nos condena
justamente e nossas próprias consciências nos condenam. Apesar disso o apóstolo
Paulo levanta sua voz de maneira inabalável e inamovível e declara: “Quem os
condenará?” – Olhe ao seu redor e não será difícil encontrar um mundo de condenação
sobre os eleitos de Deus – Podem ser condenados por se apegarem a uma doutrina que por não ser antropocêntrica,
será taxada como “sem amor” – doutrinas perigosas – intolerantes –
preconceituosos – apegados a uma falsa verdade absoluta (acusação feita por um
mundo de mentiras e ‘verdades’ pessoais’), por não serem maleáveis, por serem
orgulhoso por causa das doutrinas da graça ( Quando na verdade eles são
ofensivas por humilhar o homem)... Condenados! O Filho de Deus neste mundo foi
condenado a morte.
Onde está a mente dos
eleitos? A pergunta final é: Será que Deus os condenará? Será que Ele
condenaria as Doutrinas que Ele revelou? Condenaria as experiências
(regeneração, santificação...) que Ele mesmo operou por meio de Seu Espírito?
Condenaria a vida que agora vivem na fé no Seu Filho amado? Por entrarem pela
porta estreita que Ele providenciou e o caminho estreito que ele abriu?...
Mesmo a condenação de
uma Lei Santa e uma consciência sensível não prevalecerá. E por que não? Porque
Cristo morreu! Esta é a resposta toda suficiente sobre a vida dos eleitos de
Deus. Do começo ao fim o apóstolo fala sobre a cooperação das obras. Ele tem
apenas duas respostas – “É Deus quem os Justifica” – Para os que ousam
condená-los sua resposta é: “É Cristo que morreu” – Todos os acusadores na
corte de Deus, na corte do Universo criado, ficam mudos.
Os eleitos receberam um
novo coração para amar e obedecer alegremente a Deus aqui. Se sujeitar como
Cristo em tudo se sujeitou ao Pai em obediência até a morte. Serão inevitavelmente
santificados, vencerão o mundo, perseverarão até o fim no poder do Espírito, e
por fim, serão glorificados. Nenhum desses passos faltará na vida de todos os
eleitos de Deus. Todos os filhos de Deus se purificarão assim como ele é puro e
buscarão dia e noite a santificação sem a qual ninguém verá a Deus, pois é o
Espírito que opera isso neles; tanto o desejar como o efetuar.
Porque Deus justifica
seus eleitos só eles podem dizer: “Se Deus é por nós quem será contra nós?” – É
estranho como muitos gostam de ao mesmo tempo negar as doutrinas da graça –
predestinação, eleição... e ainda assim citar esse verso. Mas não podem – O
texto é claro sobre quem diz isto: “E aos que predestinou a estes também
chamou; e aos que chamou a estes também justificou; e aos que justificou a
estes também glorificou. Que diremos, pois, a estas coisas? Se Deus é por nós,
quem será contra nós?” – Por que podem dizer isto? Porque “quem os condenará se
é Deus quem os justifica?”
A dissonância que
sentimos no final de O Justiceiro (The Punisher) vem do reconhecimento desta
verdade do evangelho. Frank Castle conseguiu vingança, mas não conseguiu
alcançar seu desejo mais profundo: livrar o mundo do mal, restaurar sua família
e expiar a mal, a injustiça e amargura em si mesmo. Ele é parte do problema. Ao buscarmos a justiça, só a
alcançaremos se Soberanamente o Espírito Santo criou o verdadeiro querer...
quebrou o orgulho dominante em nós... abriu nossos olhos para vermos nossa própria injustiça final... mostrou nossa miséria... então tudo em
nós irá em direção não do Justiceiro ( The Punisher ), mas do Justificador,
Jesus Cristo: “Mas vós sois dele, em Jesus Cristo, o qual para nós foi feito
por Deus sabedoria, e justiça, e santificação, e redenção” - 1 Coríntios 1:30.