“Porque qualquer que
guardar toda a lei, e tropeçar em um só ponto, tornou-se culpado de todos.” - Tiago
2:10
Imagine uma sala do
tribunal lotada. Todos querem um lugar. O cheiro de suor enche a sala com
painéis de madeira. O juiz entra. A multidão fica de pé sob o comando. O
acusado é chamado ao banco dos réus e o jurado está no seu lugar. Para o
desapontamento de muitos reunidos ali, e o que os faz ficar de boca aberta, o
acusado dificilmente parece um assassino. Ele parece o cara que mora na porta
ao lado da sua - você sabe, um bom vizinho, um homem comum.
O suposto assassino se
volta para o juiz, “Sua excelência”, ele diz, “confesso que matei aquele homem
e de uma forma horrível. Mas eu estava com raiva, não agindo como eu realmente
sou. Isso foi um erro. Eu não sou uma pessoa perfeita, eu cometo erros. Eu sou
um homem bom na maior parte do tempo, e tem mais bondade do que maldade em mim.
É só olhar a minha vida” Ele lista alguns de seus melhores momentos, suas boas
ações na comunidade, no lar, como pai, como marido...
O juiz contrai o rosto
em uma pose pensativa, esfrega a testa franzida, mastiga um pouco a caneta e
responde num tom surpreendentemente afável: - Tudo bem, então. Todos nós
cometemos erros. Eu suponho que nós podemos deixar este deslize de assassinato
frio e por motivo fútil passar. Você está livre para ir. A multidão concorda
com a cabeça. A família da vítima encolhe os ombros como se dissesse: "É
verdade, suponho, que seria um erro – no geral ele é uma boa pessoa".
Por mais pecaminosa que
seja a raça humana, ainda temos uma ideia do que é a justiça. Tal julgamento
seria um escândalo. Assassinos estão sendo julgados por homicídio, e não por
seus melhores momentos – seus melhores momentos não compensam seu ou seus
assassinatos – num tribunal não se está tentando fazer uma comparação entre as
melhores e piores coisas que alguém fez. Quando alguém infringe a lei, ele é
responsável por isso. O policial poderia se importar menos se você avançou o
sinal, porque você trata bem sua esposa e filhos? Ele não pode levar isso em
conta ao escrever a multa por excesso de velocidade.
No entanto, quantas
vezes não esperamos que o tribunal de Deus seja exatamente igual ao da história
que vimos? Esperamos que Deus nos julgue, não
pelos nossos crimes, mas pelos nossos melhores momentos. Nós entendemos mal
o que as balanças nas mãos da Senhora Justiça fazem. Eles fazem o castigo
cumprir de maneira justa o crime, em vez de pesar boas ações contra o mal que
fazemos para tentar achar uma média se merecemos por isso ser ou não ser
punidos. Por que tal confusão aparece quando se trata do tribunal de Deus? É
principalmente porque nenhum de nós quer lidar com a realidade de que, se
formos julgados por nossos crimes, e não por nossos “melhores momentos” ( “Bons
momentos” que também tem o DNA do nosso pecado - crime ), nenhum de nós
escapará da punição. Um crime nos torna um criminoso. Nossos pecados nos
definem, pelo menos no que diz respeito à lei, até atingir seu fim, a justa
punição – neste caso, a morte e a ira final e eterna de Deus.
Qualquer tentativa de
ser salvo pela lei não é apenas uma tarefa vã e impossível, mas frustrante e
aterrorizante, mas nossa carne nos coloca precisamente nessa estrada. Legalismo,
moralismo... é carnalidade, não espiritualidade.
Tentar escapar da
condenação de Deus por quebrar a lei por meio do cumprimento dessa mesma lei é
como escalar uma montanha. De longe, você pode ver toda a montanha, com toda a
sua altura que tem, mas não parece tão intimidante assim. Mas à medida que você
se aproxima, e quando vai começar escalar... com seu material de rapel... um
Kit completo... Corda, cadeirinha Slim, capacete, cordelete, fitas de anel,
freio oito de alumínio anodizado, Mosquetões...
então começa escalar... aí você vê que calculou erroneamente a vastidão
da montanha. Cada penhasco parece ser o pico final, mas quando você se aproxima
da parte de cima dele, e tem certeza que alcançou o topo, chega apenas para
chegar a uma revelação horrível quando seus olhos cansados olham para a borda:
ainda há outro penhasco acima de você. É um processo interminável, e quanto
mais alto você fica, mais inescapável sua situação se torna, mais perigosa é a
queda, mais difícil é voltar atrás. Para aqueles que tentam se redimir da Lei
pela Lei, não há topo para esta montanha. Você nunca chega no fim. Há apenas
desespero, desilusão e, pior de tudo, condenação – “Portanto, ninguém será
declarado justo diante dele baseando-se na obediência à lei, pois é mediante a
lei que nos tornamos plenamente conscientes do pecado.” - Romanos 3:20
“Atletas” atuais e “ex-atletas”
podem relembrar a sensação de uma perda dolorosa. Você deixou o seu coração no
campo e a equipe adversária o acertou. Lembre-se depois do jogo, quando a mãe
tentou consolá-lo dizendo. "Você jogou o seu melhor", disse ela, e
você queria gritar com ela. "Você jogou o seu melhor" faz a perda doer
ainda mais. Seu melhor não foi o suficiente. Você não foi bom o suficiente.
“Você jogou o seu melhor” não é conforto - embora minha a mãe diga assim: “Você
jogou o seu melhor” é um doloroso lembrete de sua deficiência, de que o seu
melhor só te levou a derrota.
“Pois quem obedece a
toda a Lei, mas tropeça em apenas um ponto, torna-se culpado de quebrá-la
inteiramente.” Tiago 2:10
Nenhum “se”, ou “mas”: Quebrar a Lei ou Cumprir a Lei. Então,
o que fazer? Afaste-se dessa montanha. É impossível escalar o Sinai. Ouça a
Cristo, que desceu do céu para você poder “ouvi-lo” melhor. Ele não precisava ter
descido para nos dizer para cumprir a Lei para ser salvo. Isso nós já tínhamos.
Já conhecíamos essa Montanha. Ele desceu exatamente porque a Lei já estabeleceu
que você está debaixo da Ira de Deus por causa dela. O ponto principal que os
apóstolos fazem, diz respeito à principal obra da Lei, que é nos levar ao fim
do fazer, para nos desviar de nós mesmos como uma resposta. No Calvário teremos
que ser salvos, e no Calvário teremos que ser santificados. Cuidado com aqueles
que sutilmente te leva supostamente para o Calvário para ser salvo e depois te
levam de volta para o Sinai para ser “santificado”. Quando nossa esperança nas
obras da Lei morrem debaixo do veredicto final da Lei – Ira eterna, morte,
condenação, Maldição... então a tempestade do Evangelho, justificação pela fé, santificação
pelo constrangimento do amor de Cristo... está pronta para começar a ser
derramada. A Misericórdia triunfa sobre o julgamento em Cristo. É sob a Lei da
Liberdade, onde estamos livres afinal... e no constrangimento de nosso novo
coração comprado com o sangue de Deus somos levados a querer em tudo
obedecê-lo... assim somos santificados e não voltando aos trovões e relâmpagos do
Sinai... “Porque o amor de Cristo nos constrange, julgando nós assim: que, se
um morreu por todos (Porque a Lei nos condenou e a morte e a ira final tinha
que ser derramada), logo todos morreram ( A Lei não pode ter mais exigência, a
punição final foi cumprida). E ele morreu por todos, para que os que vivem não
vivam mais para si, mas para aquele que por eles morreu e ressuscitou (Vivemos
para Ele porque não estamos mais debaixo da Lei, mas pra sempre livres da sua
maldição).” - 2 Coríntios 5:14,15. Esse é o impulso de santificação na vida de
todos aqueles que foram realmente eleitos pelo Pai na eternidade, redimidos
pelo Filho e estão sendo santificados pelo Espírito.
A salvação que o
Evangelho deu não foi nos ajudando a escalar
a montanha, o cristão por graça já começa no topo da montanha. Outra pessoa, a
única que podia, escalou pelos eleitos a “terrível” montanha com seus picos
impossíveis. Assim, a fé dá o fruto da santificação já no pico mais alto, plantada
segura ao pé da cruz, através do Evangelho.
Você é um criminoso.
Você é um transgressor. Você é um infrator da Lei. Você não pode cumprir a lei
real encontrada nas Escrituras. Não seja confundido por um momento; o mesmo é
verdade sobre mim. O mesmo aconteceu com Paulo, Davi, Moisés, Pedro, Abraão... Temos
um Rei que vivia no alto da Montanha, mas que desceu para poder escalá-la pelos
que o Pai deu a Ele. Ele desceu a montanha para conquistar a absolvição dos
eleitos – e cada um deles será chamado soberanamente por Sua misericórdia,
ouvindo em alto e bom som o Evangelho da
Graça soberana por meio de Seus fiéis pregadores. Você é um criminoso, mas um
criminoso perdoado, um transgressor, mas um transgressor perdoado, um violador
da lei, mas um violador perdoado. O veredicto está em evidência, a justificação
esculpida na carne de Cristo. A Misericórdia triunfou sobre o julgamento. Você
é um homem ou uma mulher livre. Viva como alguém livre: “Porque o pecado não
terá domínio sobre vós, pois não estais debaixo da lei, mas debaixo da graça. Pois
que? Pecaremos porque não estamos debaixo da lei, mas debaixo da graça? De modo
nenhum.” Romanos 6:14,15.
Então, como vivemos?
“Assim também vós considerai-vos
certamente mortos para o pecado, mas vivos para Deus em Cristo Jesus nosso
Senhor. Não reine, portanto, o pecado em vosso corpo mortal, para lhe
obedecerdes em suas concupiscências; Nem tampouco apresenteis os vossos membros
ao pecado por instrumentos de iniqüidade; mas apresentai-vos a Deus, como vivos
dentre mortos, e os vossos membros a Deus, como instrumentos de justiça. Porque
o pecado não terá domínio sobre vós, pois não estais debaixo da lei, mas
debaixo da graça. Pois que? Pecaremos porque não estamos debaixo da lei, mas
debaixo da graça? De modo nenhum.” - Romanos 6:11-15