"Quem poderá falar e
fazer acontecer, se o Senhor não o tiver decretado? Não é da boca do Altíssimo
que vêm tanto as desgraças como as bênçãos?” - Lamentações 3:37,38
Numa enorme quantidade
de passagens bíblicas, a Escritura fala sobre o
“propósito de Deus ( At
4.28),
O “Plano” de Deus (
Salmos 33.1; At 2.23),
O “Conselho” de Deus
(Efésios 1.11 ),
A “Vontade” decretiva
de Deus ( Is 46.10; Ef 1.5).
Não importando a
designação, tudo isso se refere ao que é chamado de Decreto de Deus.
De uma forma ou de
outra, cada uma dessas designações se refere ao que os teólogos chamam de
decreto de Deus. A confissão de Westminster descreve o
decreto de Deus como segue: “Desde toda a eternidade,
Deus, pelo muito sábio e santo conselho da Sua própria vontade, ordenou livre e
inalteravelmente tudo quanto acontece".
Dessa forma, quando a
Bíblia fala do Plano, Conselho, Propósito, Beneplácito... estes textos se
referem ao Decreto de Deus pelo qual, Ele antes da fundação do mundo, do
tempo... determinou todas as coisas que iriam acontecer.
O Decreto divino é
Eterno, Imutável e Exaustivo.
O que queremos dizer
com isso? Em primeiro lugar a Bíblia mostra o Decreto de Deus como sendo
determinado antes que o tempo fosse criado – por isso ele é eterno.
Davi adora a Deus
porque todos os seus dias foram ordenados e ESCRITOS no livro de Deus antes que
qualquer um deles existisse ainda ( Salmos 139.16 ).
A Eleição pessoal é
descrita sendo feita “antes da fundação do mundo” ( Ef 1.4; Mt 25.34; 2Tm 1.9).
Paulo deixa claro que o Plano de Salvação dos gentios estava de acordo com o
propósito eterno de Deus ( Efésios 3.11) cujo mistério tem sido predestinado
“antes dos tempos eternos” (1Coríntios 2.7). Isaías afirma que Deus realizará
TUDO o que determinou: “Que anuncio o fim desde o princípio, e desde a
antiguidade as coisas que ainda não sucederam; que digo: O meu conselho será
firme, e farei toda a minha vontade.” – Nada do propósito de Deus deixará de
ser realizado.
Enfim, a Bíblia deixa
claro em toda ela, que TODAS as ações de Deus estão de acordo com um propósito
FIXO de Deus, ou seja – Seu Decreto Eterno e Soberano.
Uma clara implicação
bíblica do Decreto de Deus, é que ele é inteiramente incondicional. Ou seja,
NADA que seja externo a Deus moveu Ele e
decidir fazer algo ou pode ser oposição a algo que Ele decidiu fazer. Jonathan
Edwards diz: “A Vontade de Deus é suprema subjugada a si mesmo, e independente
de qualquer coisa fora de si mesmo, estando em TUDO determinada apenas pelo seu próprio Conselho,
seguindo nada mais que não seja somente a Sua sabedoria”.
Não poderia ser
diferente, porque sendo Deus eterno, Só Ele estava presente na eternidade
passada quando tudo decretou: “E ele é antes de todas as coisas, e todas as
coisas subsistem por ele.” - Colossenses 1:17 – Resumindo, o Decreto de Deus
não foi influenciado por NADA externo a Ele, porque sequer havia algo externo a
Ele ( Gênesis 1.1; João 1.1-3).
O resultado inevitável
desta verdade, é que cada decisão de Deus na eternidade compõe Seu Decreto
Soberano. Mesmo o menos dos eventos e ações determinadas... cada uma delas é
inteiramente e livre e segundo apenas Sua própria vontade. Por isso é que a
Bíblia repete constantemente o Decreto de Deus como seu “Bom Prazer” – ou tudo
que “lhe Agrada” – ( Salmos 115.3; 135.6; Is 46.10; 48.14; Filepenses 2.13) – A
Bíblia sempre tem o cuidado de afirmar que o Decreto de Deus nunca foi baseado
em alguma influência externa. Ela diz: “E todos os moradores da terra são
reputados em nada, e segundo a sua vontade ele opera com o exército do céu e os
moradores da terra; não há quem possa estorvar a sua mão, e lhe diga: Que
fazes?” - Daniel 4:35
A Bíblia afirma também
que esse Decreto é imutável – Alguém poderia dizer: “Tudo bem, o Decreto é
incondicional, feito na eternidade, mas ele pode ter sido mudado depois!” –
Muitas pessoas levantam objeções assim, mas isso mostra um grande
desconhecimento bíblico. O Decreto não é
só incondicional, mas igualmente Imutável. O que acontece é exatamente o oposto
– a criatura não altera o Decreto de Deus, Deus é que anula todo conselho da
criatura contra ele e frustra seus planos: “O Senhor desfaz os planos das
nações e frustra os propósitos dos povos.” - Salmos 33:10. Logo depois o Salmista
acaba com toda a discussão: “Mas os planos do Senhor permanecem para sempre, os
propósitos do seu coração, por todas as gerações.” - Salmos 33:11 – Ninguém na
Criação sequer pode questionar a Deus: “Ninguém é capaz de resistir à sua mão
nem de dizer-lhe: "O que fizeste? " - Daniel 4:35.
Por isso Deus pergunta
com sarcasmo: “Porque o Senhor dos Exércitos o determinou; quem o invalidará? E
a sua mão está estendida; quem pois a fará voltar atrás?” - Isaías 14:27.
Depois de receber
talvez a resposta e repreensão mais dura das Escrituras, Jó faz um resumo da
Decreto imutável de Deus dizendo: “Bem sei eu que tudo podes, e que nenhum dos
teus propósitos pode ser impedido.” – Jó 42.2
Mas é preciso perceber
que esse Decreto não é apenas incondicional e imutável, mas que também é
EXAUSTIVO. Ele opera TUDO segundo o conselho de sua bontade ( Efésios 1.11 ) –
Faz sempre só o que lhe Agrada: “Mas o nosso Deus está nos céus; fez tudo o que
lhe agradou.” - Salmos 115:3 – “O Senhor faz tudo o que lhe agrada, nos céus e
na terra, nos mares e em todas as suas profundezas.” - Salmos 135:6 – Deus
mesmo declara abertamente que Ele fará toda a sua vontade: “Desde o início faço
conhecido o fim, desde tempos remotos, o que ainda virá. Digo: Meu propósito
ficará de pé, e farei tudo o que me agrada.” - Isaías 46:10
Mas não confunda essa
exaustividade com mero controle geral, é sim, o controle de Deus sobre cada
coisa específica na Criação meticulosamente –
Cada raio que cai...
tudo no tempo... determinado: “relâmpagos e granizo, neve e neblina, vendavais que
cumprem o que ele determina” - Salmos 148:8; Jó 37.6-13.
Crescer o mato...
parece ser algo sem importância: “É ele que faz crescer o pasto para o gado, e
as plantas que o homem cultiva, para da terra tirar o alimento:” - Salmos
104:14 – Ele faz o sol brilhar... ( Mateus 5.45). Ele alimenta os animais (Sl
104.27), e mesmo a morte de um pequeno passarinho e determinado por seu decreto
( Mt 10.29). Daí às nações – Ele que as estabelece ( At 17.26) e governa sobre
elas ( Sl 22.28 ). Ele não somente estabelece e remove reis ( Dn 2.21 ), mas
também move seus coração para tudo o que Ele quiser: “O coração do rei é como
um rio controlado pelo Senhor; ele o dirige para onde quer.” - Provérbios 21:1.
Todos os eventos que você poderia chamar de aleatório, são determinados por
Deus: “A sorte é lançada no colo, mas a decisão vem do Senhor.” - Provérbios
16:33
Nenhum evento de nossas
vidas pessoais escapam da PREORDENAÇÃO SOBERANA de Deus:
Ele supre nossa
necessidades – Filipenses 4.19.
Determina a duração de
nossas vidas – Salmos 139.16; Jó 14.5...
E dirige nossos passos
individuais – Pv 16.9; Jr 10.23.
Seu controle perfeito
se estende por toda a nossa salvação: “Pois ele diz a Moisés: "Terei
misericórdia de quem eu quiser ter misericórdia e terei compaixão de quem eu
quiser ter compaixão". Portanto, isso não depende do desejo ou do esforço
humano, mas da misericórdia de Deus.” - Romanos 9:15,16 – “Pois vocês são
salvos pela graça, por meio da fé, e isto não vem de vocês, é dom de Deus; não
por obras, para que ninguém se glorie.” - Efésios 2:8,9
Controle perfeito sobre
nosso sofrimento ( Gn 45.5-8; 50.20; Jó
1.21; 2.10; 12.9... e sobre o mal ( Is 45.7; Lm 3.37-38; 1 Sm 2.25; 2Sm 24.1;
At 2.22,23 ). Ninguém pode resumir melhor isso do que Paulo em sua doxologia: “Pois
dele, por ele e para ele são todas as coisas. A ele seja a glória para sempre!
Amém.” - Romanos 11:36.
Definitivamente, Deus é
a causa final. Todo ensino bíblico diz que o Decreto de Deus é...
Eterno – portanto não
sendo influenciado por qualquer coisa
externa a Deus.
Imutável – não podendo
ser mudado em nada.
Inclui tudo –
absolutamente tudo o que ocorre no tempo e no espaço...
Não se pode chegar a
outra conclusão, lendo a Bíblia, de que Deus é a causa final de TODAS AS
COISAS. Através de todos os séculos da história humana e redentora, TUDO veio
de Deus. Ele, e somente Ele, planejou e fez tudo. Ele não meramente estabeleceu
os limites para a ação da criação, Ele FEZ ACONTECER!
Essa meticulosidade e
total exaustividade do Soberano Decreto de Deus levanta muitas questões
significativas. Como Ele pode ser a causa de ações e eventos que são
pecaminosos – tudo que Ele mesmo prescreve contra – e não ser acertadamente acusado de
injustiça?
Devemos começar
reconhecendo que a doutrina bíblica do Decreto de Deus que vimos, de fato faz
tudo segundo a sua vontade: “Nele fomos também escolhidos, tendo sido
predestinados conforme o plano daquele que faz todas as coisas segundo o
propósito da sua vontade” - Efésios 1:11
Muitos tentam fugir da
dificuldade sobre os Decretos de Deus apelando simplesmente para a ideia de
“permissão” divina. Ele, ou seja, Deus controla mas não ordena o mal... Ele só
permite.
Por tudo que vimos
sobre seus Decretos, podemos concluir claramente que eles não falam de mera
“permissão”. Isso é totalmente
inconsistente com tudo o que vimos até agora. Pois o significado de “permissão”
é apenas “não impedir tem uma tendência de ocorrer” – Um conhecido teólogo
Arminiano diz: “Deus simplesmente permite que esses agentes produzam o que quiserem.
Esta é a verdadeira permissão, ou seja, não eficácia, mas não interferência”.
Mas toda essa ideia de
“não interferência” ou impedir o que tende a acontecer, não faz nenhum sentido
lógico à luz do Decreto eterno e Incondicional de Deus – porque como vimos, na
eternidade passada, no momento do decreto, não havia nada externo. Não havia
“tendências” antecedentes para absolutamente nada. Não havia nenhum agente em
qualquer trajetória pedindo “permissão” para que Deus resolvesse usá-la para
algum propósito. Na eternidade passada
NÃO HAVIA nenhum agente maligno que pudesse fazer algum apelo para ser incluído
no seu Decreto – para que Deus pensasse que embora aquilo fosse contrário a sua
vontade e natureza, Ele ainda assim, concederia permissão. Ou seja, “permissão”
– é não interferir. Mas não havia nada para Deus se abster de interferir – nada
fora de si mesmo – para Ele simplesmente aquiescer.
Você só pode falar em
“permissão” - só é possível
racionalmente – se existe uma força externa e independente. Mas esse não pode
ser o caso de Deus. Nada existia no estabelecimento dos Decretos Eternos de
Deus – E nada no universo, em tempo algum, pode ser independente do Criador em
qualquer situação. Nele VIVEMOS, nos MOVEMOS, e EXISTIMOS. A ideia de permissão
não faz nenhum sentido lógico quando aplicada ao Deus eterno.
Distinguir finalmente
uma vontade Decretada por Deus de uma vontade permissiva, é totalmente
artificial finalmente. Se você usar a linguagem da vontade permissiva, é se
assumir que a suposta “permissão” divina nada mais é que a ordenação soberana
de fatos. Então é melhor dizer diretamente, Deus “ordenou”, Deus “Decretou”.
Normalmente não
queremos afirmar assim, com medo de parecermos sugerir que Deus de alguma forma
é o autor do pecado. Então queremos evitar falar do envolvimento de Deus na
ordenação de eventos maus e pecaminosos ( mas o evento mais mau e pecaminoso da
história, é a Crucificação do Seu Filho ) porque temos medo que alguém infira
que estamos dizendo que Deus é culpado do pecado. O desejo das pessoas pode ser
nobre, mas usar a linguagem “permissiva” não resolveria o problema de forma
alguma. E a própria Escritura não se importa em falar claramente da agência de
Deus no mal em termos definitivamente ativos.
As Escrituras ensinam
claramente, que...
1.
Deus é inquestionavelmente justo!
2.
Deus realmente ordena eventos e ações
pecaminosas.
Não nos sentamos e
julgamos a consistência dessas declarações. Ambas são verdadeiras na autoridade
final da Palavra inerrante e infalível de Deus.
Pense e medite na
quantidade incrível de vezes que a Escritura fala do papel de Deus em trazer o
mal de forma muito mais positiva do que nós nos sentiríamos confortáveis em
fazer.
Quando o profeta Amós
fala sobre o castigo a Israel – Deus faz uma pergunta: “Quando a trombeta toca
na cidade, o povo não treme? Ocorre alguma desgraça na cidade, sem que o SENHOR
a tenha mandado?” - Amós 3:6 – Vê? O texto não fala de permissão... mas de algo
ativo (Assah ).
Quando olhamos para a
destruição de Jerusalém pelo império babilônico, em suas lamentações, Jeremias
compreende, porém, de quem vem essa destruição. A pergunta é feita: “Quem
poderá falar e fazer acontecer, se o Senhor não o tiver decretado? Não é da
boca do Altíssimo que vêm tanto as desgraças como as bênçãos?” - Lamentações
3:37,38
A linguagem ativa
continua sendo usada em todo o livro de Lamentações.
Deus causa o sofrimento
de Judá (1.5 ).
Infligiu dor (1.12 ).
Os entregou nas mãos
dos inimigos ( 1.14 ).
E a pisou como num
lagar ( 1.15 )
É Deus realizando
ativamente o que Ele se propôs fazer: “O Senhor fez o que planejou; cumpriu a
sua palavra, que há muito tinha decretado. Derrubou tudo sem piedade, permitiu
que o inimigo zombasse de você, exaltou o poder dos seus adversários.” - Lamentações
2:17 – “Tu te cobriste de ira e nos perseguiste, massacraste-nos sem piedade. Tu
te escondeste atrás de uma nuvem para que nenhuma oração chegasse a ti.” - Lamentações
3:43,44 – “O Senhor deu vazão total à sua ira; derramou a sua grande fúria. Ele
acendeu em Sião um fogo que consumiu os seus alicerces.” - Lamentações 4:11
Em Isaías, Deus declara
abertamente que Ele forma a luz e cria as trevas, faz a paz e cria a
calamidade: “de forma que do nascente ao poente saibam todos que não há ninguém
além de mim. Eu sou o Senhor, e não há nenhum outro. Eu formo a luz e crio as
trevas, promovo a paz e causo a desgraça; eu, o Senhor, faço todas essas
coisas. " - Isaías 45:6,7 ( Heb. Bara 'ra' , literalmente, "cria o
mal"). Aqui não são feitas
discriminações. Ele não se distingue do mal em relação ao bem. Ele não diz: “Eu
promovo a paz e permito o mal... formo a luz e permito as trevas...” – Ele diz:
“Eu, o Senhor, faço todas as coisas”. Não diz: “permito” todas as coisas.
E essa linguagem
nunca se limita aos males gerais. Fala
também no pecado e mal nas situações pessoais.
Poderíamos mostrar
muitas situações, mas uma bem conhecida é a de José e seus irmãos. Alguns
tentam usar esse texto para falar exatamente sobre vontade permissiva... ou
seja, “Deus permite que alguns pecados aconteçam, mas no entanto, os dirige de
tal forma que um bem sai deles” – Mas isso se afasta do que é central no texto.
Toda a história mostra claramente que Deus não apenas se saiu bem em uma
situação ruim – “Vós bem intentastes mal contra mim; porém Deus o intentou para
bem, para fazer como se vê neste dia, para conservar muita gente com vida.” - Gênesis
50:20 – O que o texto mostra, é que a intenção de Deus em José ser injustamente
vendido como escravo era tão ativa quanto as ações dos irmãos de José. Deus
estava tanto soberanamente envolvido nas provações e tristezas na vida de José,
como na sua prosperidade final. A Bíblia diz que Deus INVIOU ativamente José
para tal situação no Egito, como o PROPÓSITO de preservar a vida: “Agora, pois,
não vos entristeçais, nem vos pese aos vossos olhos por me haverdes vendido
para cá; porque para conservação da vida, DEUS ME ENVIOU adiante de vós.” - Gênesis
45:5 – “Pelo que Deus ME ENVIOU adiante de vós, para conservar vossa sucessão
na terra, e para guardar-vos em vida por um grande livramento.” - Gênesis 45:7.
José diz diretamente
que não foi seus irmãos que o mandaram para lá, mas Deus: “Assim NÃO FOSTES VÓS
que me enviastes para cá, senão Deus, que me tem posto por pai de Faraó, e por
senhor de toda a sua casa, e como regente em toda a terra do Egito.” - Gênesis
45:8
A linguagem ou a ideia
de PERMISSÃO não se encontra em qualquer parte da narrativa.
Por exemplo, a
obstinação incrível dos filhos de Ele, é atribuída ao desejo de Deus de
matá-los: “Pecando homem contra homem, os juízes o julgarão; pecando, porém, o
homem contra o Senhor, quem rogará por ele? Mas não ouviram a voz de seu pai, porque o Senhor os queria matar.”
- 1 Samuel 2:25
A Bíblia diz que Deus
envia um espírito maligno sobre Saul para aterrorizá-lo: “E o Espírito do
Senhor se retirou de Saul, e atormentava-o um espírito mau da parte do Senhor.”
- 1 Samuel 16:14 – Da parte do Senhor. É o texto.
É abominável o incesto
de absalão diante de Deus: (2 Sam 16: 21-23) – Mas Deus declarara a Davi que
Ele traria tais abominações sobre ele como castigo: “Assim diz o Senhor: Eis
que suscitarei da tua própria casa o mal sobre ti, e tomarei tuas mulheres
perante os teus olhos, e as darei a teu próximo, o qual se deitará com tuas
mulheres perante este sol. Porque tu o fizeste em oculto, mas eu farei este
negócio perante todo o Israel e perante o sol.” - 2 Samuel 12:11,12
Mais ainda, Paulo diz
algo claro sobre a grande apostasia: “E por isso Deus lhes enviará a operação
do erro, para que creiam a mentira;” - 2 Tessalonicenses 2:11
Mas o exemplo mais
claro e definitivo da agência de Deus no maior de todos os males, é a
Crucificação de Cristo. Ninguém pode dizer que aquilo ia acontecer e Deus
resolveu usar. Alguém pode questionar que o julgamento totalmente fake de
Cristo, a condenação injusto com testemunhas compradas e o assassinato do
inocente, santo e puro Filho de Deus, foi o maior mal cometido na história da
humanidade?
No entanto, Pedro diz
que Cristo “entregue por propósito determinado... de Deus” – E depois Pedro diz
novamente: De fato, Herodes e Pôncio Pilatos reuniram-se com os gentios e com
os povos de Israel nesta cidade, para conspirar contra o teu santo servo Jesus,
a quem ungiste. Fizeram o que o teu poder e a TUA VONTADE HAVIAM DECIDIDO DE
ANTEMÃO QUE ACONTECESSE” - Atos 4:27,28
Calvino conclui olhando
para isso: “Alguns se esforçam na aparência de vindicar a justiça de Deus de
qualquer estigma, usando mentiras... recorrendo à evasão de que ( o mal ) é
feito apenas com a permissão, e não também pela vontade de Deus. Ele mesmo, no
entanto, declara abertamente que Ele faz isso, repudiando toda evasão” (
Institutas ).
“Deus provoca ações
pecaminosas humanas. Se levantar e negar isso, ou acusar Deus de maldade por
causa disso, não está aberto a um cristão que realmente acredita na Bíblia ( e
não existe cristão verdadeiro que não o faça ). Somos biblicamente levados a
confessar que Deus tem um papel em trazer o mal, e que, ao fazê-lo, Ele é santo
e irrepreensível ( A Doutrina de Deus – John M. Frame - Doctrine of God, The (A Theology of Lordship).
Nós não precisamos de
forma alguma usar a linguagem da vontade “permissiva” simplesmente para
tratarmos com isso.
Temos olhado
cuidadosamente para os Decretos de Deus... olhado para as declarações
inequívocas da Bíblia a esse respeito. Como esse Decreto é eterno,
incondicional, imutável e totalmente exaustivo. Ele é definitivamente a causa
de todas as coisas. Como vimos, a Confissão de Fé de Westminster diz: “Desde
toda a eternidade, Deus, pelo muito sábio e santo conselho da Sua própria
vontade, ordenou livre e inalteravelmente tudo quanto acontece, porém de modo
que nem Deus é o autor do pecado, nem violentada é a vontade da criatura, nem é
tirada a liberdade ou contingência das causas secundárias, antes
estabelecidas”.
Então como Deus pode
ser a causa final de tudo o que acontece, mesmo todas as ações e eventos que
são claramente maus e pecaminosos – coisas que são más e pecaminosas porque
assim Ele o diz – e não ser corretamente acusado de injustiça?
Vimos como muitos usam
como saída a ideia da mera “permissão” divina – ou seja, Ele embora finalmente
esteja no controle final de tudo, não
ordena o mal – só permite. Mas vimos como essa resposta é totalmente insatisfatória
a luz de todo ensino da Bíblia.
Vimos que a Bíblia
ensina que Deus é INQUESTIONAVELMENTE JUSTO, e que de fato Ele ORDENA eventos e
ações pecaminosas. Nos sentarmos e julgarmos a consistência dessas afirmações,
gera o pior mal teológico e bíblico. Argumentar que Deus é injusto em ordenar o
mal é se sentar na cadeira do juízo sobre a Palavra de Deus e contra o Juiz de todo o universo.
Mas existe alguma forma
de entender essa questão? Há um caminho – o único caminho que um verdadeiro
adorador de Deus possa fazer essa pergunta de forma submissa a Deus. Não porque
estamos exigindo que Deus nos dê uma resposta que satisfaça nossas
“sensibilidades”, mas simplesmente
porque desejamos conhecê-lo mais... e adorá-lo mais sabiamente por tudo
aquilo que Ele revelou de Si mesmo.
A resposta que a
Escritura traz pode ser resumido em duas partes.
A)
Embora Deus seja a causa final de todas as
coisas – até mesmo o mal (e o mal final e maior – a morte do Seu Filho) Ele
jamais é a causa eficiente ou a causa próxima do mal. ( e essa causa próxima e eficiente
do mal, jamais faz isso com o intuito de agradar a Deus ).
B)
A Bíblia sempre consideram apenas a
causa eficiente do mal como responsável ou censurável dele.
Olhe para a Palavra de
Deus. Deus diz que a Assíria é a vara da minha Ira. Se olharmos Isaías 10,
vemos Deus condenar seu povo por sua injustiça e idolatria. Deus então diz que
está prestes a trazer castigo e devastação: “Que farão vocês no dia do castigo,
quando a destruição vier de um lugar distante? Atrás de quem vocês correrão em
busca de ajuda? Onde deixarão todas as suas riquezas? Nada poderão fazer, a não
ser encolher-se entre os prisioneiros ou cair entre os mortos. Apesar disso
tudo, a ira divina não se desviou; sua mão continua erguida.” - Isaías 10:3,4.
No versículo 6 a Bíblia
nos diz que Deus e que executará esse castigo contra a impiedade de Israel, e
fará isso enviando a Assíria para destruí-los: “Eu os envio ( Assíria ) contra
uma nação ímpia, contra um povo que me enfurece, para saqueá-lo e arrancar-lhe
os bens, e para pisoteá-lo como a lama das ruas.” - Isaías 10:6
Deus ENVIARÁ a Assíria
que irá devastar Israel como Juízo por sua idolatria. Mas se olharmos o verso
5, veremos que Deus também pronuncia julgamento sobre a Assíria: "Ai dos
assírios, a vara do meu furor, em cujas mãos está o bastão da minha ira!” - Isaías
10:5 – Ele está fazendo isso – Deus chega a se referir a Assíria como um objeto
inanimado – A Vara da Ira de Deus em Sua Mão.
Você poderia dizer:
“Como Deus pode ser justo em enviar a Assíria como juízo sobre Israel – na
verdade chegar a descrevê-los como um objeto inanimado – a vara da minha ira –
e então puni-los pelo que fizerem?”
Deus não apenas
permitiu os Assírios fazerem isso – O texto é ativo: “EU OS ENVIO contra uma
nação ímpia, contra um povo que me enfurece, para saqueá-lo e arrancar-lhe os
bens, e para pisoteá-lo como a lama das ruas.” - Isaías 10:6
A questão está no
conceito de causalidade final versus causalidade eficiente. Deus claramente é a
causa final da destruição de Israel pela a Assíria, e os assírios são a vara da
Ira de Deus em Sua Mão... contudo, a causa eficiente do mal, são os Assírios.
Junto com isso, a
ordenação soberana de Deus do Juízo sobre Israel através da Assíria, não coagiu
a Assíria a fazer isso. Isso era o que a Assíria fazia o tempo todo. Isso não
era contrário ao que o coração da Assíria desejava e fazia em toda parte. A
Assíria não estava sentada pacificamente cuidando de suas vidas pacíficas,
quando Deus veio e os fez levantar o braço impiedosamente contra Israel. Eles
agiram com “livre agência” – ou seja, seguiram as inclinações de seus próprios
corações – eles sempre desejaram fazer isso.
A razão pela qual eles
queria destruir Israel, não era a mesma pela qual Deus decidiu fazê-lo. Deus
queria castigar justamente Israel por sua injustiça e idolatria. Mas a Assíria
tinha suas próprias intenções sem nenhuma relação com a intenção de Deus.
Isaías continua
dizendo: “Mas não é o que eles (Assírios) pretendem, não é o que têm planejado;
antes, o seu propósito é destruir e dar fim a muitas nações. ( Verso 7 ).
A Assíria não pretende
destruir Israel para punir a injustiça ( Razão pela qual Deus fará isso ) – De
forma nenhuma algo assim está no coração dos Assírios. Seus motivos são claros:
“Mas não é o que eles pretendem, não é o que têm planejado; antes, o seu
propósito é destruir e dar fim a muitas nações. ‘Os nossos comandantes não são
todos reis? ’, eles perguntam.” - Isaías 10:7,8 – A intenção da Assíria ao
destruir Israel era totalmente arrogante – Ela só queria mostrar o poder do seu
músculo militar e fazer um grande nome para si entre as nações.
Deus ORDENA o mal e a
destruição de Israel e vai usar a Assíria como sua Vara. Apesar disso, a
Assíria deseja isso por pura maldade – para satisfazer seu grande orgulho e
saciar sua sede de sangue. O propósito de Deus em sua ordenação é o bem: trazer
juízo sobre a injustiça e idolatria... e levar muitos ao arrependimento. A
Assíria se torna a causa eficiente disso, porque seus desejos eram totalmente
pecaminosos, e por isso, são responsáveis pelos seus pecados. Deus é a causa
suprema e final da destruição de Israel, mas porque os propósitos e desejos de
Deus em ordenar o mal não eram maus, mas justos – ou seja, porque Deus ordenou
o mal para o bem final – Ele não é a causa exigível do pecado.
Essa realidade se
repete por toda a Bíblia. 2 Sm 24 fala sobre o pecado de Davi em fazer o censo
em Israel. Nós sabemos que o que Davi
fez foi pecaminoso por várias razões. Em primeiro lugar o próprio Davi diz
isso: “Depois de contar o povo, Davi sentiu remorso e disse ao Senhor:
"Pequei gravemente com o que fiz! Agora, Senhor, eu imploro que perdoes o
pecado do teu servo, porque cometi uma grande loucura! " - 2 Samuel 24:10.
Fique evidente que esse
ato de Davi estava ligado ao orgulho em seu coração. Ele estava tomando para si
e desfrutando a glória da nação sobre a qual Deus o fizera rei. “Olhe que coisa
incrível eu edifiquei!” – Era o que ele estava dizendo. Muito parecido com o
que Nabucodonosor fez em relação a Babilônia e foi colocado para pastar com os animais
por Deus até perceber que Deus tinha feito aquilo, e não ele.
Sabemos que o que Davi
fez foi pecaminoso – não só porque o próprio Davi declara, mas porque Deus
responde enviando peste sobre a nação, resultando na morte de 70.000 homens: “Então
o Senhor enviou uma praga sobre Israel, desde aquela manhã até a hora que tinha
determinado. E morreram setenta mil homens do povo, de Dã a Berseba.” - 2
Samuel 24:15.
Mas o que faz todo esse
acontecimento nos surpreender, é o verso inicial dessa narrativa: “Mais uma
vez, irou-se o Senhor contra Israel. E INCITOU Davi contra o povo, levando-o a
fazer um censo de Israel e de Judá.” - 2 Samuel 24:1.
Davi confessou esse ato
como pecado – e Deus o castiga por esse pecado, mas no entanto, lá no início
somos informados que a Ira de Deus INCITOU Davi a fazer o recenseamento. O
relato paralelo em 1 Cr 1.21 diz: “Satanás levantou-se contra Israel e levou
Davi a fazer um recenseamento do povo.” - 1 Crônicas 21:1 – Tudo fica ainda
mais interessante. Deus e Satanás são colocados em paralelo nesses fatos. O
autor de Samuel disse que Deus incitou Davi a fazer o censo.
Ou seja...
1)
Deus é a causa final desse ato,
decretando que Ele deveria ocorrer.
2)
Satanás é a causa próxima, o instrumento
que é usado por Deus para agitar este mal ( orgulho ) no coração de Davi.
3)
Davi é a causa eficiente, tendo, por seu
orgulho, levado a cabo de acordo com a própria inclinação pecaminosa do seu
coração a ação final – sendo culpado por ela.
Embora seja claro que
Deus é a causa final do mal ( Ele não só “permite” que satanás faça - “Mais uma
vez, irou-se o Senhor contra Israel. E INCITOU Davi contra o povo, levando-o a
fazer um censo de Israel e de Judá.” - 2 Samuel 24:1. – O texto não permite
isso – No entanto, a Bíblia não implica de modo algum culpa em Deus ou que
Satanás e Davi sejam menos responsáveis por seus atos.
Os motivos de Deus são
inteiramente justos no que pretendia ao ordenar este mal. Sua Ira contra Israel
era por causa de seu pecado. O Juiz de toda a terra não fará justiça? “Não
agirá com justiça o Juiz de toda a terra? " - Gênesis 18:25 – “E, se a
nossa injustiça for causa da justiça de Deus, que diremos? Porventura será Deus
injusto, trazendo ira sobre nós? De maneira nenhuma; de outro modo, como
julgará Deus o mundo?” - Romanos 3:5,6
Satanás é culpado,
porque seu desejo motivador sempre é o de arruinar o povo de Deus, e o desejo
motivador de Davi era o de maneira orgulhosa exaltar a si mesmo – Desejos maus
nos dois agentes os impulsionaram – eles são a causa exigível e próxima deste mal.
Mas para não nos
estendermos mais do que já fizemos, a melhor ilustração disso é o maior mal
moral da história da humanidade. Ou seja, a conspiração e assassinato do
Inocente e Santo Filho de Deus.
Nos é dito em Atos: “Homens
israelitas, escutai estas palavras: A Jesus Nazareno, homem aprovado por Deus
entre vós com maravilhas, prodígios e sinais, que Deus por ele fez no meio de
vós, como vós mesmos bem sabeis; A este que vos foi entregue pelo determinado conselho e presciência de Deus,
prendestes, crucificastes e matastes pelas mãos de injustos;” - Atos 2:22,23
“Porque verdadeiramente
contra o teu santo Filho Jesus, que tu ungiste, se ajuntaram, não só Herodes,
mas Pôncio Pilatos, com os gentios e os povos de Israel; Para fazerem tudo o
que a tua mão e o teu conselho tinham anteriormente determinado que se havia de
fazer.” - Atos 4:27,28
Não há qualquer sombra
de dúvida que Pôncio Pilatos, Herodes, O Sinédrio, os gentios e o povo de
Israel eram culpados pela crucificação de Cristo. De maneira direta Pedro diz
isso a todos eles: “...prendestes, crucificastes e matastes pelas mãos de
injustos” - Atos 2.23 – ou: “Saiba pois com certeza toda a casa de Israel que a
esse Jesus, a quem vós crucificastes, Deus o fez Senhor e Cristo.” - Atos 2:36.
Inexoravelmente é fato
de que Pilatos, Herodes, os judeus e os gentios... foram aqueles que Deus
colocou... para fazer o que sua mão e propósito determinou ocorrer: “..se
ajuntaram, não só Herodes, mas Pôncio Pilatos, com os gentios e os povos de
Israel; Para fazerem tudo o que a tua mão e o teu conselho tinham anteriormente
determinado que se havia de fazer.” - Atos 4:27,28
Aqui vemos de novo...
1)
Deus é a causa última e final da
crucificação... predestinando todos os eventos que levaram ela ocorrer na
história... garantindo que ela infalivelmente ocorresse.
2)
Os judeus foram a causa próxima,
incitando com mentiras a Roma para crucificar Cristo por crimes que ele não
cometera.
3)
Pilatos, Herodes e tantos outros homens
ímpios foram a causa eficiente, porque a crucificação só poderia ser feita sob
a autoridade Romana.
Os judeus são
totalmente responsabilizados como causa próxima, como o Próprio Pedro diz: “Vocês
crucificaram ( Jesus ), pregaram Jesus na cruz, por mãos de homens ímpios”. Mas
os romanos não eram menos culpados do que eles.
E no entanto, Deus que
decretou todas essas coisas, é a causa final, não é a causa exigível de
qualquer mal. Como?
Porque a intenção de
todos os envolvidos era má e maligna. Mas o propósito e razão pela qual Deus a
quis é para o bem – e o bem final. Judas, Herodes, Pilatos, os Judeus...
conspiraram para matar Jesus por razões próprias de seus corações pecaminosos.
Deus decretou o mal da cruz pelo bem que ele traria disso. A Saber, a salvação
de todos os escolhidos. A salvação da igreja de seus pecados.
Portanto, o ponto
claro, é que Deus pode ser a causa final de TUDO o que acontece – até o mal – e
ainda não incorrer em qualquer culpa que justamente pertence ( e é punida ) a
causa eficiente ou próxima... porque:
1)
Deus nunca é a causa eficiente do mal,
2)
Ele sempre ordena ( Decreta ) o mal para
o bem.
Deus não decreta essas
ações como pecado, mas pelo bem que Ele deseja trazer a partir delas. Jonathan
Edwards coloca perfeitamente isso assim:
“É coerente falar que Deus
decretou todas as ações dos homens, sim, cada ação que é pecaminosa, e cada
circunstância envolvendo essas ações – que Deus predetermina que elas serão
como são – tão pecaminosas como elas são... Ainda assim, Deus não decreta as
ações que são pecaminosas como pecado, mas as decreta como boas... Ao decretar
uma ação pecaminosa, quero dizer decretando-a por causa da pecaminosidade da
ação. Deus as decreta por causa do bem que Ele faz surgir de sua
pecaminosidade... Enquanto o homem a faz ( decreta ) pelo bem que eles sentem
no mal que há nelas... pelo deleite deles no mal.”
Poderíamos perguntar
qual é o bem final pelo qual Deus ordena o mal? Nós sabemos, em última análise,
que a resposta só pode ser sua Glória.
Ao pecador arrogante
que se coloca no lugar de repreender a Deus por responsabilizar aqueles que
estão agindo sob seu decreto: “Dir-me-ás então: Por que se queixa ele ainda?
Porquanto, quem tem resistido à sua vontade?” - Romanos 9:19 - A esses Deus responde lembrando aos meros
cacos mortais de barro que merecem sua ira... que todos eles não estão acima do
que realmente merecem: “Mas, ó homem, quem és tu, que a Deus replicas?
Porventura a coisa formada dirá ao que a formou: Por que me fizeste assim? Ou
não tem o oleiro poder sobre o barro, para da mesma massa fazer um vaso para
honra e outro para desonra?” - Romanos 9:20-21.
Mas se somos adoradores
submissos a esse grande Deus, em cujas mentes nunca passa a ideia de tentar
achar culpa em Deus, mas se prostra em adoração reverente, Deus dá outra
resposta: “E que direis se Deus, querendo mostrar a sua ira, e dar a conhecer o
seu poder, suportou com muita paciência os vasos da ira, preparados para a
perdição; Para que também desse a conhecer as riquezas da sua glória nos vasos
de misericórdia, que para glória já dantes preparou, Os quais somos nós, a quem
também chamou...” - Romanos 9:22-24
Ninguém pode colocar
tudo isso melhor do que Jonathan Edwards:
“É algo apropriado e
excelente que a infinita glória de Deus resplandeça; e pela mesma razão, é
apropriado que o brilho da glória de Deus seja completo; isto é, que todas as
partes de sua glória devam resplandecer, que cada beleza deva ser
proporcionalmente fulgurante, a fim de que aquele que olha tenha uma noção
adequada de Deus. Não é apropriado que uma glória deva ser excessivamente
manifesta , e outra não...
Assim, é necessário que
a aterradora majestade de Deus, sua autoridade e terrível grandeza, justiça e
santidade devam ser manifestas. Mas não poderia ser assim, a menos que o pecado
e a condenação tivessem sido decretados; ou o fulgor da glória de Deus seria
por demais imperfeito, tanto porque essas partes da glória divina não
resplandeceriam tanto quanto as outras, e também porque a glória de sua
bondade, amor, e santidade seria apática sem elas; não, elas ilustrariam de
forma pobre seu fulgor.
Se não for certo que
Deus deveria decretar e permitir e punir o pecado, não poderia haver nenhuma
manifestação da santidade de Deus pelo ódio ao pecado; ou em, pela sua
providência, preferir a piedade [em lugar do pecado]. Não haveria nenhuma
manifestação da graça de Deus ou verdadeira bondade, se não houvesse pecado a
ser perdoado, ou miséria a ser revertida. Por mais felicidade que ele
concedesse, a sua bondade não seria mais estimada ou admirada...
Assim, o mal é
necessário, para felicidade maior da criatura, e a perfeição da manifestação de
Deus, para a qual ele fez o mundo; porque a felicidade da criatura consiste no
conhecimento de Deus, e no senso de seu amor. E se o conhecimento dele é
imperfeito, a alegria da criatura deve ser proporcionalmente imperfeita.”
(Jonathan Edwards - Concerning the Divine Decrees,
Works, 2:528)
O que poderíamos dizer
diante dessas coisas. É melhor deixar Paul dizer no encerramento que ele fez de
todas essas coisas:
“Ó profundidade das
riquezas, tanto da sabedoria, como da ciência de Deus! Quão insondáveis são os
seus juízos, e quão inescrutáveis os seus caminhos! Por que quem compreendeu a
mente do Senhor? ou quem foi seu conselheiro?
Ou quem lhe deu primeiro a ele, para que lhe seja recompensado? Porque
dele e por ele, e para ele, são todas as coisas; glória, pois, a ele
eternamente. Amém.” - Romanos 11:33-36
Amém, eu digo junto com
Ele.






